A vida dá voltas, e eu acredito no equilíbrio das coisas, e enquanto o meu primeiro dia de Gamescom 2015 foi uma espécie de best of de jogos que não me interessam providenciados por empresas AAA, o terceiro dia foi um espectáculo, com dois jogos de produtoras grandes a deixarem-me respectivamente contente e impressionadíssimo, mas acima de tudo, as duas horas que passei no booth da Daedalic Entertainment pareceram pouco para o que me foi mostrado. Eu nunca pensei dizer que gostei de um catálogo inteiro que me foi apresentado, mas: “Eu gostei de um catálogo inteiro que me foi apresentado!”. E se tivesse passado mais uma hora a ver mais jogos, tenho a certeza que teria gostado deles também. A Daedalic conseguiu deixar-me a pensar que vou precisar de tirar umas férias para apreciar os seus próximos lançamentos.

Como eu passei duas horas com 6 apresentações, vou dividir o meu artigo em duas partes também, cada um dedicado a 3 jogos.

Valhalla Hills:

As crianças se calhar não, mas aqueles da minha geração e lá perto já ouviram falar de joguinho desconhecido chamado Settlers 2? (Para aqueles que não perceberam o itálico é para indicar sarcasmo, acredito que pelo menos já todos ouvimos falar nesse clássico, mesmo que nunca o tenham jogado, e se não jogaram, vão jogar.) Pois é, Valhalla Hills, está sob a batuta do mesmo maestro, no fogão do mesmo Chef, navio do mesmo capitão, etc., etc., etc… Thomas Häuser e a Funatics Software estão encarregues deste título, e pelo que vi na GC2015, acho que vamos ter mais um clássico nas mãos e acho que basta olhar para uma imagem só para entender porque digo isso.

Valhalla Hills

Daqui… é sempre a subir.

Para aqueles de nós que gostamos de mitologia e/ou história, particularmente nórdica, o conceito base deste jogo é hilariante. Na cultura viking, todos acreditam que sendo valorosos e bravos guerreiros quando morrerem serão aceites em Valhalla. Mas o que aconteceria se quando chegassem as portas estivessem fechadas? As portagens da ponte de arco-íris Bifröst estão com as cancelas em baixo. O porteiro Heimdallr diz que com esses sapatos não importa se tens uma garrafa lá dentro, não vais entrar. E agora? O que fazer?

É nesta premissa que Valhalla Hills coloca o jogador num misto de simulação de estratégia em tempo real e construção. Quando os deuses enviam os heróis de volta para a Midgard, como verdadeiros vikings eles não desistem, não entram a bem entram a… outro bem. Vão construir um povoamento montanha acima, até chegar ao topo onde está a porta para Asgard, e por Odin eles vão entrar.

A chave de Valhalla Hills é a sobrevivência, como líder deste grupo improvável temos que garantir que eles recolhem os materiais necessários para alimentação, abrigo, ferramentas e armas para que possam subir a montanha e conseguir o seu objectivo.

Este é daqueles jogos que estou ansioso para atacar, com um corno cheio de hidromel a numa mão e um machado na outra. Estará disponível em Steam Early Access a 24 de Agosto.

Só tenho que pensar como vou jogar isto com as duas mãos ocupadas…

 

Bounty Train:

E agora para algo completamente diferente e que eu gosto ainda mais que Vikings… Choo Choos! Quer dizer, comboios…

Em Bounty Train da Corbi Games, controlamos Walter, filho de uma família magnata de caminhos de ferro no final de 1800s nos Estados Unidos da América. Estados Unidos? Não, pois um grupo de estados sulistas resiste agora e sempre… não… esperem… isto é a introdução do Astérix

Agora a sério, aqui vamos controlar Walter, a família dele perdeu a empresa de comboios que dirigia e Walter está de ideias fixas em recuperar a empresa da família. Quando este jogo me foi mostrado a primeira coisa que pensei foi que era um clone do Sid Meier’s Pirates! mas com comboios.

Não é, é tão mais que isso…

Na pequena demostração do jogo e posterior explicação do mesmo eu fiquei encantando, quis naquele momento jogar, é raro, até porque houve jogos na GC2015 que tive oportunidade de jogar e não o fiz por opção dando-a a outra pessoa, mas este eu quis. Se calhar pela minha paixão por comboios, se calhar pela complexidade simples ou por ser simplisticamente complexo?

Deixem-me explicar: Como disse, filho de um magnata que quer recuperar a empresa perdida pela família. Para isso tem que comprar uma locomotiva, carruagens de passageiros e carga, andar pelo país até conseguir o seu objectivo. Simples, não? Não! Era bom que a vida fosse assim tão linear mas não é. Nem a vida nem Bounty Train.

Porque é que é complexo? Além da parte de Walter ter que contratar uma equipa para todos os campos de serviço do seu comboio incluindo segurança, há outros factores. O jogo é cronometrado. Nós não temos a vida toda para comprar as acções da companhia da família de volta, estamos em contra-relógio e isso vai influenciar muitas decisões. O país está em guerra, todas as nossas decisões irão afectar o jogo. Existem quatro facções dominantes, Nativos americanos, Colonos (mais para a costa oeste), Unionistas a Norte, e Confederados a Sul, portanto não podemos andar ao desbarato a fazer serviços a toda a gente. Ajudamos os colonos e provavelmente seremos atacados por nativos, ou o contrário. Entregamos armas aos Confederados e o norte estará praticamente barrado, e por aí em diante.

A outra parte que me agrada foi a investigação histórica que a equipa fez, desde os próprios comboios e locomotivas, às cidades, personagens e acontecimentos históricos como generais, políticos, batalhas, tudo minuciosamente colocado para que o ambiente seja o mais correcto possível.

Bounty Train

Choo choo… muthafu….! Out of my way!

Bounty Train estará disponivel em Steam Early Access também a 24 de Agosto.

 

Skyhill:

Nós, seres humanos, lutamos instintivamente pela sobrevivência, está na nossa natureza, é dos nossos instintos mais básicos, mas e quando não temos razão para sobreviver?

Ver Skyhill foi uma interessante experiência, foi uma espécie de montanha russa de impressões que me deixou curioso por mais. Acredito que todos já jogamos, ou vimos, um point’n’click, mas um point’n’survive? Eu não me lembro de ter jogado um desses antes…

Skyhill é um jogo que combina três elementos que me agradam bastante, Point and click, survival horror e puzzle. E não só, a introdução do jogo é feita em estilo de graphic novel noir… tudo em bom.

O que se passa aqui é o seguinte, controlamos Perry, um personagem que tem tudo na vida, tudo… o que alguns querem, fama, dinheiro, e o que esses bens arrastam consigo, incluindo a Penthouse Suite do Skyhill Hotel, com o seu sistema biologicamente isolado. Durante a estadia acontece um holocausto nuclear, e a certa altura acabam-se os recursos na habitação, Perry tem que sair se quer sobreviver…

O jogo tem um sistema que joga com a simplicidade, três salas por andar, uma central onde está o elevador/escadas e um quarto de cada lado, Perry tem que descer os 100 andares para encontrar mantimentos, ferramentas e tudo o necessário para continuar a sobreviver. Dormir em segurança, comer, ferramentas, armas, nada é dispensável neste ambiente e tudo tem um custo, o arame utilizado para consertar o fusível de luz podia ser útil mais adiante para conseguir as moedas que dariam acesso à máquina de venda de comida…

Contudo o pormenor que mais me agradou aqui é o modelo de luta. Sempre que lutamos com um mutante temos três opções de ataque, e aí temos que escolher se vamos para os ataques com menos dano mas mais prováveis de acertar, ou arriscamos um ataque quase fatal mas com fraca taxa de sucesso? Tudo em Skyhill é um puzzle de escolhas e consequências que temos que aceitar.

Skyhill

Decisões… decisões… …da-se que és feio!

Skyhill é produzido pela Mandragora e estará disponível a 6 de Outubro de 2015.