Depois da Parte I, vamos à continuação dos jogos com que a Daedalic Entertainment me deixou admirado. Não foi por acaso, ou pelo menos eu acredito que não foi, que a Daedalic juntou os jogos em três apresentações por hora, enquanto os anteriores me impressionaram pelo conceito, jogabilidade e estilo de jogo mais focado em estratégia e gestão, os da segunda sessão… bem… foi por outros atributos.

Project Daedalus: The Long Journey Home:

O último jogo da sessão e artigo anterior era sobre sobrevivência, sobre sair de “casa” e tentar sobreviver ao máximo. The Long Journey Home também trata de sobrevivência mas não de sair de casa, é sobre voltar para ela. Enquanto num não havia razão para lutar a não ser o instinto básico de lutar para viver, no outro, neste, há… voltar a ver o nosso lar.

O que dizer acerca desta pequena pérola ainda em produção? A ideia base do jogo é algo já utilizada algumas vezes em Sci-fi, uma equipa de humanos está pronta a dar um salto gigantesco, literal e simbolicamente, um primeiro salto no hiperespaço, pequeno, apenas uns poucos anos luz. Como é óbvio, algo corre mal. Corre sempre, não é? A nossa equipa e a nossa nave são lançadas para uma galáxia diferente, para outro ponto na nossa galáxia, para um local no espaço quase infinito do nosso universo. O que fazer? Voltar para casa, ou pelo menos tentar.

Project Daedulus

Duas luas… aquilo não é uma lua!

Este jogo, fez-me lembrar uma preciosidade mobile que é o Out There, que já teve uma antevisão aqui. E é um jogo fantástico. Eu não quero que entendam a minha referência a outros jogos ou a temas já utilizados no passado como uma crítica negativa, são homenagens, são elogios, a algo que os precede e foi bem feito. E quando uma homenagem é bem feita, é a melhor forma de elogio, mesmo que não seja original.

The Long Journey Home é idêntico ao Out There, mas pelo que pude ver na GC2015 é melhor, muito melhor, graficamente, estilisticamente e até nos modos de jogo. Enquanto no primeiro o voo espacial e as aterragens em planetas são automáticas, neste somos obrigados a controlar tudo manualmente, com todas as consequências possíveis e imaginarias desde o consumo de combustível a danos no veículo. A nossa viagem levar-nos-á planeta a planeta, lua a lua em busca de recursos para chegar a casa, e pelo caminho vamos encontrar civilizações “locais” e aqui é onde o jogo se torna ainda mais interessante. A nave possui um tradutor, mas é um tradutor literal, sentido e conteúdo da mesma palavra não é igual em todas as civilizações, e o que escrevemos pode ser interpretado de várias maneiras. Juntando isso ao facto de cada vez que jogamos somos lançados numa galáxia com combinações diferentes, The Long Journey Home parece-me um título com potencial tão vasto como a Via Láctea, ou mais além…

Project Daedulus 2

Chegar muito perto do sol pode queimar as nossas asas…

Ainda sem data específica de lançamento sem ser primeira metade de 2016, mantenham debaixo do vosso radar, porque é o que eu vou fazer.

 

Silence – The Whispered World II:

Quando estávamos de saída de Colónia, escolhemos os melhores 5 jogos da GC2015, e no meu top estavam dois da Daedalic, este é o primeiro. Eu não sei explicar porquê. Sei que é das obras visuais mais lindas que alguma vez tive o prazer de ver. A sério. Eu nunca tinha ouvido falar neste jogo, nem sequer sabia que era uma sequela de outro que depois fui investigar, o TheWhispered World no qual Noah está numa realidade paralela, Silence, à procura da irmã, Renie, que perdeu numa guerra. Agora de volta numa aventura gráfica totalmente em 3D, juntamo-nos aos dois no reino dos sonhos onde ele viveu as suas aventuras como o palhaço Sadwick.

Eu quando vi o vídeo introdutório de Silence, só não fiquei de boca aberta a babar-me porque sou adulto e consigo controlar as minhas funções corporais, mas estive perto, o jogo é lindíssimo, o ambiente do mundo, as expressões das personagens, cada pormenor, traço e detalhe é impressionante, eu não consigo encontrar palavras suficientes para descrever a beleza deste jogo, vejam só o vídeo e já falamos:

Agora, alguns de vocês pode dizer que é vídeo bonito, mas é uma apresentação, que o jogo não é assim. Eu pensei o mesmo, até que minutos depois vi o jogo em acção, e lamento informar os mais cépticos mas é igual, aquilo são as imagens do jogo. As cenas que vi do mesmo, jogado por um dos developers mostraram-me que o jogo é uma espécie de point and click, no qual temos que resolver situações com acções e decisões, para avançar no jogo. Na sessão os membros da imprensa que estavam na sala votaram numa situação, Noah ou Renie, racional ou emocional, qual deles decidia o rumo do jogo. Não vou fazer spoilers, e descrever demais a situação, apenas digo que após a escolha pudemos ver ambos os resultados, e em ambos perdemos alguém…

Silence

Isto é lindo, não posso dizer mais nada, é lindo!

Eu sou o primeiro a criticar o que eu chamo o “não-jogo”, aquelas coisas tipo parte dos jogos mobile, ou até o The Order 1886, e o Silence funciona um pouco como esse, o “filme” flui até estar parado e nós percebermos que temos que fazer algo porque não se passa nada há algum tempo. Sou habitualmente o primeiro a criticar, mas neste caso… não quero saber! Em 2016 quando o jogo for lançado, vou ter todo o prazer de passar horas com ele, e ver todas as combinações possíveis que serão colocadas perante os dois heróis.

AER:

Mais um título pelo qual anseio que chegue 2016 para jogar. E o outro (não o segundo, porque não lhes dei posições) que figura no meu top.

Este jogo, em produção pela Forgotten Key, é outra beldade visual. Não é só por isso que gostei do jogo. AER não é uma bimba cabeça de vento com cabelo esvoaçante e corpo escultural. Tem inteligência, conteúdo, e é uma espécie de homenagem a alguns títulos da minha série de jogos favorita.

Quem achou, como eu, que o visual do jogo é muito semelhante ao The Legend of Zelda: Twilight Princess, especialmente nas cenas de voo, as ilhas aéreas e cores vivas, está errado!

AER é parcialmente inspirado em The Legend of Zelda: The Windwaker, de acordo com Robin Hjelte, produtor do jogo. E como eu disse acima, e o Ricardo tinha feito, quando a inspiração é retirada para homenagear e não copiar, é algo louvável.

E este jogo tem tudo para ser um sucesso e um prazer incrível de jogar. Nele controlamos Auk, uma jovem que tem a habilidade de se transformar em pássaro e voar de ilha em ilha, ela tem que partir em peregrinação e numa missão para salvar o mundo de AER. Além do facto de ser altamente inspirado num dos meus jogos favoritos, há duas particularidades que adorei ver no jogo. Uma é o facto de graficamente ser poligonal e muito bem feito, apesar de Auk e outros personagens não terem expressão facial, é quase possível ver isso, ou pelo menos imaginar essa parte. A outra, foi explicada por Robin na sua demonstração do jogo. O jogo é uma aventura, mas é uma aventura de exploração, não tem violência, não tem lutas, é simplesmente para ser viajado, visitado e apreciado…

Aer

O prazer de voar, com asas próprias, está ao alcance em AER

E assim acabam os artigos dedicados à Daedalic Entertainment. A quem eu agradeço por publicarem jogos, inteligentes, em que as decisões importam, têm consequências, mas continuam a entreter e dar prazer a quem os joga. Jogos feitos por adultos, para adultos que reconhecem a arte e dedicação de um videojogo.