Bom… agora que já tirei os jogos de renome internacional e outros que tais da minha extensa agenda de antevisões na Gamescom vamos começar a viajar pela parte que mais me agradou, as médias e pequenas produtoras e distribuidoras. Assim como as pequenas e médias empresas são o pão e água da economia, a verdadeira força empregadora de um país, as pequenas e médias produtoras e distribuidoras de vídeojogos é que são a nata da indústria, são eles que criam e lançam o que vale a pena mesmo jogar. Eu já fiz várias antevisões da GC2015 e se leram alguma sabem que vi muito título de AAA, dos quais até gostei bastante de alguns, mas foram os indies, os AA, e… não vou dizer abaixo porque não os acho inferiores aos outros, mas os que não têm fama internacional ainda, que me deram mais gosto tanto nas recepções como nos jogos que me mostraram.
Enquanto “passeava” pelos corredores numa das poucas ocasiões com algum tempo livre, dei comigo em frente a uma pequena booth, e depois de apresentações feitas, meti-me à conversa com Michal Stepien e Igor Zielinski da Jujubee. Eles foram das pessoas mais simpáticas que conheci na feira, falaram comigo sem marcação e explicaram-me os dois jogos que estavam a apresentar ali. Estes dois jogos impressionaram-me de tal modo que ambos entraram no meu top 5 da Gamescom.
Antes de falar dos jogos em singular, quero explicar o porquê de eu ter gostado tanto dos mesmos. Enquanto um se enquadra perfeitamente num dos meus estilos favoritos, o de gestão, o outro tem um dos temas mais interessantes que vi num videojogo nos últimos anos. Mas acima de tudo, o que mais me agradou na conversa que tive com os dois foi o brilho nos olhos deles e a emoção nas suas vozes enquanto explicavam e mostravam as suas produções. E é isto que falta no mundo dos jogos em geral. Sim, há centenas senão milhares de designers e programadores nos grandes estúdios, ou subcontratados por eles que gostam de jogos e de trabalhar neles, mas que demonstrem este nível de empenho e paixão pelo que estão a fazer? Muito raro, e um prazer ver quando encontramos.
Mas chega de sentimentalismos e vamos falar de jogos, para começar o meu favorito. Realpolitiks.
Um dos meus jogos de tabuleiro favoritos de sempre é o Risk, aquela coisa de conquistar e dominar o mundo é algo que sempre me agradou desde miúdo, e este jogo de macrogestão de um país parece ser mesmo o meu estilo.
Em Realpolitiks, como o nome indica, temos que ser políticos, e gerir numa perspectiva simplificada qualquer país. A escolha é nossa, da Áustria ao Zimbábue, passando pela Polónia, Portugal ou Brasil, podemos tomar conta do país que quisermos, e através da gestão económica, bélica, diplomática a nível interno e nas Nações Unidas, espionagem e outros factores trazer glória e prosperidade ao nosso país. Claro que nenhuma decisão é livre de consequência, bases militares perto de fronteiras podem causar sanções ou até provocar guerras, investimento a mais em agricultura e indústria torna a nação vulnerável… o verdadeiro jogo é encontrar o equilíbrio e ser um bom líder, ou um tirano, para onde pender mais o nosso coração.
A 12 de Agosto de 2000, o submarino K-141 Kursk sofreu uma misteriosa explosão durante um exercício e afundou matando toda a sua tripulação. E é nessa altura e nesse local que se passa o segundo jogo da Jujubee.
KURSK, será um jogo de aventura e sobrevivência em primeira pessoa. Em conversa com Michal Stepien, foi-me explicado que o jogo será dividido em duas partes. A primeira pré-explosão será de investigação, “sabemos que há algo errado, sabotagem, acidente, qualquer coisa e estamos a investigar isso”. A segunda, pós-explosão, é a parte da sobrevivência. Ar, salas com uma possível fuga, qualquer coisa, para tentar sair.
Este tema pode ser um pouco sensível, muitas pessoas podem achar que não se devia fazer um jogo acerca dele, mas como o próprio Michal disse quando o jogo foi anunciado: “ KURSK é sem dúvida um jogo para uma audiência madura que procura algo único e uma experiência cinematográfica”. “Ainda há um pouco de controvérsia à volta do que aconteceu com este submarino Russo, e no nosso jogo esperamos levantar e responder algumas dúvidas”. Eu acho que esta atitude é de louvar, é algo que eu admiro. Pode ser violento e até triste, mas é-o com razão. Não é de forma nenhuma gratuito ou apenas pela polémica como alguns títulos que saíram nos últimos anos.
A Jujubee já tem alguns títulos no seu catálogo, maioritariamente títulos mobile, mas é nestes dois que eu estou de olho, estão no meu sonar para virem para a minha aprovação governamental, apesar de querer testar os outros assim que o tempo me permitir, Realpolitiks e KURSK é que vão ter prioridade.