Quando eu e o Sérgio começámos esta sub-rubrica, sabíamos que íamos falar de jogos que são tão descaradamente copiados de outros que mencioná-los é quase desconfortável. Na passada semana, durante a Gaming Zone dedicada aos 30 anos do Super Mario, o Rui Parreira da Bgamer referiu Giana Sisters, este clone de SMB que quase toda a gente contactou no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Ri-me. Ele tinha acabado de desvendar o meu tema semanal para o Ataque dos Clones. E é por isso que vamos mergulhar num dos mais desavergonhados clones da terceira geração de videjogos. The Great Giana Sisters, lançado para muitas plataformas entre as quais Amiga e Commodore 64.

Depois de mostrar este longplay podia arrumar as botas e ir para casa. Aliás, já estou em casa, portanto bastava-me desligar o computador. The Great Giana Sisters nem precisa de avisos sobre a gigantesca cópia que é de SMB, porque o próprio jogo tem embutidos uns gigantescos letreiros em néon a alertar para esse facto. Nesta série Mario é travestido em Giana, a protagonista de cabelo louro que relembra o Louco da Turma da Mónica, e a sua irmã Maria, ruiva, que substitui Luigi na sua inefável reclusão à sombra do protagonista.

Rumores surgiram desde então sobre um processo cível da Nintendo contra a Rainbow Arts, editora do jogo em 1987, mas foi amplamente negada por ambas as partes. Ainda assim, dadas as semelhanças, a Nintendo acabou por pressionar a editora a retirar as unidades que tinham à venda dos escaparates, e essa é uma das razões para o quase total desaparecimento de The Great Giana Sisters.

Giana era uma verdadeira mulher-de-armas. Substitui as botas cardadas do Mario pelos seus pés-nus. “Descalça, vai para a fonte”, já dizia Camões, e uma onda de admiração por Giana cresce em nós. De saia justa de ganga, descalça, e com um top vermelho, com todo o conforto de quem vai entrar no escritório às 9h da manhã. É uma verdadeira heroína. Eu não conheço o backstory do jogo mas diria que Giana, a caminho do escritório na Fontes Pereira de Mello, começou a sentir o efeito dos cogumelos psicotrópicos que tomou ao pequeno-almoço com Estrelitas e leite. Começou a delirar, parou o carro num semáforo na Av. da República, descalçou-se e correu porta-fora, com ciclopes esvoaçantes a perseguirem-na. No fundo, apresento a teoria de que The Great Giana Sisters é uma má-trip de cogumelos de uma pobre contabilista.

A série evoluiu muito para além da sua génese enquanto cópia de-trazer-por-casa de Super Mario Bros. Para além do speedrunner platformer de que falámos hoje, há também o aclamado jogo de 2012 que deu uma identidade (e qualidade) próprias a Giana Sisters, longe do espectro de plágio mal-amanhado que deu origem à série. Antes de fecharmos a porta a este Ataque dos Clones deixo-vos a capa do jogo, maravilhosa em todo o seu esplendor, e toda a amabilidade pueril de potenciar pesadelos e terapia ao mais pequeno dos petizes.

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Créditos da imagem destaque a BlueBlackDiamond.