Com Samurai Warriors: Chronicles 3 às cavalitas

Afirmação inicial, descomprometida e sem juízos de valor associados: todos os jogos da série Warriors são iguais. Todos, sem excepção. Ou se gosta, ou não se gosta. Não há meio termo.

Já disse tantas vezes que é conheço melhor BD do que Videojogos que acho que nem o vou repetir. O que na prática, para quem me acompanha nestes 3 anos no Rubber Chicken também não quer dizer muito: nota-se perfeitamente que pouco ou nada sei, e aproveito esta abertura de peito para tirar a máscara e revelar-me o Miguel Relvas da crítica dos videojogos. Estou a brincar, eu até percebo de jogos. Joguei muito ao The Sims 1.

A minha paixão pela Nona Arte sempre rondou essencialmente a produção norte-americana e europeia. Havia algo numa série de convenções estilísticas da banda-desenhada nipónica (manga) que me afastavam dessa abordagem. Recursos estéticos, ritmo narrativo, e uma série de idiossincrasias culturais que me eram estranhas e que me dificultaram o mergulho no mais profícuo mercado de BD do Mundo. Tinha lido Dragon Ball nos 1990s, assim como li algumas coisas de Ranma ½ (que ando a reler nos dias de hoje), mas o manga nunca passou de leitura secundária para mim. Até que há uns bons anos conheci One Piece de Eiichiro Oda, um manga sobre piratas num mundo fantástico, com um estilo artístico que saía por completo das constrições (que eu achava que o meio tinham) e com o condão de ser para mim, até hoje, a epítome da criação de personagens. Oda, com One Piece, quebrou todas as barreiras intelectuais e artísticas que eu tinha em relação ao manga. Sigo a série religiosamente e tenho tentado conhecer outros media onde a franquia se mova. É claro que este One Piece: Pirate Warriors 3 teria automaticamente de ser experimentado.

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Voltando à afirmação inicial: todos os jogos de Warriors são iguais, as mecânicas são iguais, derrotamos milhares de soldados que nada valem por combate, conquistamos porções estratégicas do mapa, defrontamos bosses. Hack n’ slashing tão puro que ninguém consegue ser indiferente: qualquer jogo ligado à fórmula Warriors ou é adorado ou é detestado. Mas essencialmente o segredo reside na pele que vestem ao jogo. Há exactamente um ano e cinco dias publicava a análise a Hyrule Warriors, a união entre a série Warriors e The Legend of Zelda. Mas outros crossovers existem, que vestem a série Warriors com outras franquias de sucesso (especialmente no Japão), tais como Fist of the North Star e Gundam. O que significa que se neste momento alguém perguntar “One Piece: Pirate Warriors 3 é um jogo para mim?” eu terei de responder com duas perguntas: “Gostas da série Warriors?” e “Gostas de One Piece?”. A resposta negativa à primeira pergunta exclui por completo a segunda, sendo que uma resposta negativa à segunda pode não determinar a exclusão da primeira. A resposta afirmativa a ambas é a única certeza de agrado.

One Piece: Pirate Warriors 3 é extremamente semelhante aos seus dois predecessores, recriando mais uma iteração com a abordagem formulaica que a Tecmo Koei nos habituou para as largas dezenas de jogos criados para as distintas franquias. Mas uma das grandes surpresas que temos ao jogar o modo de “história” deste OP:PW3 é o facto de que o jogo já conseguiu atingir o último grande arco narrativo de manga, a história da Ilha de Dressrosa onde temos de combater o famigerado e mui-poderoso Donquixote Doflamingo. O que não só dá uma longevidade e diversidade imensa ao nível de cenários jogáveis como demonstra que esta não é apenas a iteração deste ano da série, mas sim um acompanhamento paralelo com o que vai acontecendo do media principal de One Piece: o manga.

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A segunda é o elenco jogável (e de suporte) do próprio jogo que é bastante considerável, com todos os seus movimentos e linhas de diálogo específicos. Ainda que aqui eu tenha sentido que faltava algo, no caso, mais personagens para combater das tripulações inimigas. Eu sei que isto é uma exigência minha, mas como anteriormente referi, Oda é um dos melhores, senão o melhor character creator que eu conheço nos muitos media que consumo. E muitas das tripulações inimigas parecem coxas quando têm apenas o Capitão e um ou outro elementos para combaterem connosco, quando há tantos, tantos personagens de qualidade deixados de fora.

A extensa necessidade de grindarmos níveis nas dezenas de personagens que desbloqueamos foi algo que me desagradou e que está intimamente ligada a mais uma vez, num spinoff de Warriors, de não colocarem um elemento simples que está presente (por exemplo) em Samurai Warriors: Chronicles 3. A impossibilidade de alternarmos entre personagens torna cada missão excessivamente circunscrita, menos estratégica e menos dinâmica. A impossibilidade de ir controlando os diversos membros dos Straw Hats era algo que me enfurecia. Para contrabalançar este ponto negativo (para mim), foi implementada a possibilidade de invocar para perto de nós outros membros da tripulação para atacarmos em conjunto (após enchermos uma barra, ao bom estilo Tag Team Attack dos jogos da Capcom).

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A transição entre a estética de Oda do manga (e dos animadores no anime), e o estilo de modulação cel shading encontrado parece-me respeitar na perfeição o traço único e indistinto do autor. Ainda que as texturas nos lembrem figuras de plasticina, há algo reminiscente em mim de paixão por clay animation que considera a escolha visual perfeitamente ajustada a um dos mundos ficcionais mais interessantes dos media actuais.

Mas espera, ali no subtítulo eu falava em Samurai Warriors: Chronicles 3 às cavalitas deste OP:PW3…E a resposta é simples: há algumas semanas recebemos essa iteração da série Samurai Warriors para 3DS, e como afirmei, e repito, todos os jogos de Warriors são iguais. Portanto, e exceptuando os pontos únicos de One Piece tais como os arcos de história e as inovações de transformações, e se substituirmos o mundo de Eiichiro Oda por personagens fantasiosos inspirados na História do Japão do período Sengoku e temos o artigo de opinião “tuaíneuane”.

O Lauro Dérmio ficaria orgulhoso.

One Piece: Pirate Warriors 3 existe para PS3, PS4, PS Vita e PC. Analisada a versão de PC.

Samurai Warriors: Chronicles 3 existe para 3DS e PS Vita. Analisada a versão de 3DS.