Quer estejam fartos quer não, vou escrever sobre este assunto também. Até porque eu já tinha dito aqui que poderia um dia fazer um manifesto feminista. Que este artigo não é. Um manifesto é uma coisa, um artigo de opinião, quer penda para um lado ou outro, quer seja mais agressivo, defensivo, ofensivo ou opressivo, não deixa de ser isso mesmo, uma opinião. E é aqui que a maior parte das pessoas (pouco inteligentes) cai no engano. Uma pessoa verdadeiramente inteligente não discute, mas conversa, debate e pondera os argumentos (inteligentes e fundamentados) que lhe são apresentados. E depois aceita a opinião alheia, pode mudar ou não a sua opinião própria mas fá-lo de uma maneira ponderada, e quer o faça quer não, acima de tudo aceita a visão do outro como oposta, diferente, paralela ou o raio-cú-parta. Mas, aceita-a!
Eu nunca discuto com pessoas burras, o mais provável é arrastarem-me para o nível delas e depois ganham-me porque têm mais experiência nesse terreno. A única coisa que quero fazer aqui é expor a minha ideia sobre a parvoíce do “feminismo” nos videojogos.
Quando começou o chamado Gamergate (como qualquer whatevergate americano) veio envolto no habitual extremismo e falso puritanismo. Atenção que eu não estou a dizer que as ameaças que aquelas mulheres receberam são algo para ignorar ou que elas estavam a tentar chamar a atenção tipo aquele pessoal que mete fotos nas redes socias com hashtag estoutãofeia ou mais10mesespara6pack e estão totalmente produzidos e com uma barriga que dá para lavar roupa à mão. Ameaças de morte, violação e outras não são para ser ignoradas, devem ser levadas a sério. Mas por outro lado, devem ser tratadas como deve ser pelas autoridades competentes. Neste caso em particular eu estou titubeante, não sei se concordo ou não, se fizeram bem em divulgar o que pode ser um problema sério e não se falava, ou se deviam ter tratado das ameaças na polícia, que é quem deve lidar com essas coisas… Mas há outros casos, quer queiramos quer não, elas são o que se chama figuras públicas, e há muito maluco aí, não é só por serem mulheres que receberam estas ameaças. Afinal em 1997 um tipo tentou duas vezes invadir a casa de Steven Spielberg porque queria violá-lo à frente da família do realizador. (Antes de fazerem comentários homoestupidos investiguem o caso.)
Mas continuando, o problema do “feminismo” nos videojogos é que nem é um problema. Nisso, e em outros assuntos, eu concordo com a Alexa. A questão é anterior, posterior e qualquer coisa presente mas acabada em “rior”, e é mais abrangente que isso. A questão é que a nossa sociedade é misógina e tem sido há séculos… mais ou menos 20… Especialmente em culturas altamente religiosas e acima de tudo monoteístas. Se olharmos para o passado, para as culturas politeístas, não existia o feminismo porque não existia necessidade disso. Olhemos para o que sabemos da cultura Viking. Homens e mulheres faziam o que era preciso, lutavam, cultivavam campos, erguiam edifícios, matavam animais. Não havia cá merdas de coisas de homem e mulher. Até posso dizer mais, e aqui podem crucificar-me nas redes sociais, se quiserem. As mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem, se quiserem, são tão inteligentes ou fisicamente capazes para isso como qualquer um, podem ser tão fortes, rápidas, inteligentes, ou ágeis que a maior parte dos homens, não tem a ver com género, tem a ver com aptidão natural e muitas vezes, treino. Eu sou homem, e a Rhonda Rousey era capaz de me partir os dentes e um braço com uma mão amarrada atrás das costas (ou a qualquer homem que esteja a ler isto). Eu cozinho melhor que muitas mulheres, assim como o fazem muitos dos melhores chefes do mundo, que são homens. Não há lugares para homens e mulheres. Se acham que o lugar das mulheres é na cozinha, vão lá ter com elas, porque não só estão lá mulheres, como está comida, juntem-lhe um bom vinho e são 3 das minhas 5 coisas favoritas no mundo! Por outro lado a mulher é superior ao homem numa coisa. E é no perfeito oposto que um Cyberman é superior a um Dalek. A mulher é capaz de criar vida! Um homem pode fazer o que quiser, e nunca, mas mesmo nunca vai fazer o mesmo, e isso meus senhores é a cruel verdade, e a verdadeira razão pela qual as religiões monoteístas se focam numa divindade masculina, é porque têm, que de uma maneira ou outra retirar esse poder das mulheres.
Só que agora vem a parte de concordar com o Isaque, o problema é a estupidez, não é o “feminismo”. As jovens gerações, que estão a chegar aos trinta anos (salvo algumas excepções, como em tudo) são possivelmente as mais estúpidas, ignóbeis, ignorantes, mimadas, mal preparadas, egoístas e egocêntricas de sempre. E não só estão sempre a tentar chamar a atenção para eles mesmos, também estão sempre a exagerar. Tudo é exagerado hoje em dia.
Eu sou um linguista académico, e uma coisa que sempre me interessou foi entender culturas através das suas palavras, como o facto de em inglês existir a palavra “Mistress” que é exclusiva para a amante, ou a outra. Reparem que por exemplo em português, diz-se amante ou outra, que têm outros significados, mas “Mistress”? É mesmo só para a amante, de um homem casado, o que diz muito sobre a cultura britânica e a sua visão do casamento. Hoje em dia é tudo “épico” ou “lendário”… “Fui comer um hambúrger, estava épico!” Não, não estava épico, estava grelhado! A estupidez, combinada com exagero leva ao extremismo, que por si só já são perigosos, mas juntos e propagados por redes sociais? É tudo exagerado, e é tudo vazio, sem conteúdo.
A isto alia-se o facto de toda a gente ser uma virgem ofendida cujos direitos e gostos, orientações e ideias são atacadas ao mínimo suspiro. Vivemos numa altura em que tudo tem que ser supostamente igualitário e politicamente correcto. Vivemos numa época em que Ren & Stimpy nunca chegaria à televisão (muito menos para miúdos) ou a genial piada do “How do you like your coffee?” no filme Aeroplano passava a censura, porque iria ofender muita gente. Contudo nos horários nobres da TV existe violência, sexo, drogas e o proverbial rock&roll, desde novelas, aos reality shows, e às publicidades. Tudo ofende, e tudo é um direito!
Não existem mulheres como personagens principais nos jogos?
Existem, procurem que existem. Podem não ser muitas mas existem.
Alguém disse que não devia haver skins de mulheres no Call of Duty por causa do peso do peso da arma e do realismo?
Seja quem for que disse isso devia ser informado que existem mulheres nas forças armadas do mundo real. E as armas delas não são nem mais leves, nem mais cor-de-rosa que as outras. E quanto ao “realismo” num jogo… vá-se alistar se quer ver o que é realismo.
Não se identificam com as personagens dos jogos e não acham que têm aí um modelo?
Desculpem, mas se calhar vocês estão à procura de modelos no lado errado. Já ouviram falar de Audrey Hepburn? Malala Yousifazi? Margaret Cavendish? Marie Curie? Sylvia Plath? Aung San Suu Kyi?
Não são youtubers que se cospem em tupperwares e mal sabem falar, ou dão tiros nos nalgueiros uns dos outros, não têm conta de Instagram ou Facebook portanto nunca devem ter ouvido falar, mas isso sim são bons modelos e exemplos. É um bocado ridículo ver alguém criticar a porque alguém vende o corpo feminino como um objecto, e ao mesmo tempo admira quem o faz. Kardashians, Beyoncés, e afins não são modelos para ninguém, contudo é isso que é visto como um hoje em dia.
Eu não tenho problema nenhum com venderem o corpo, seja de que maneira for, eu tenho problemas com hipocrisias, não me venham com conversas que quem nunca usou atributos físicos para alcançar algo, que lance o primeiro tweet ou comentário. Se não estão a utilizar os vossos “atributos” para conseguir mais, filmem-se em over-the-shoulder a jogar, se querem filmar-se de frente, foquem dos ombros para cima, usem uma camisola larga de gola alta, não me venham com falsos puritanismos.
Feministas, machistas, gamers, benfiquistas, católicos, judeus, social justice warriors, portugueses, espanhóis, atletas, italianos, islâmicos, nerds, whovians, trolls, casual gamers, hipsters… Há extremistas, falsos puritanos e defensores do politicamente correcto em todos os lados, e também uma necessidade de rotular, etiquetar tudo, porque o ser humano agarra-se e não larga, como um cão esfomeado não larga um osso. Agarra-se ao que acha seu e defende, morde, rosna, sem se aperceber que se largar o osso, e acalmar pode ter um bocado de carne fresca ao seu alcance. Em vez de criticar a falta de igualitarismo, sim porque é isso que o feminismo devia representar, façam algo.
Mas falar, isso é fácil…
Comments (1)
Esqueceste-te dos gajos de certas terras…