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Dos cinco jogos que levámos à LGW, um deles é um jogo cooperativo de espionagem assimétrico chamado Clandestine, que tenta trazer para os videojogos a imagem que temos trazida pelo cinema de um hacker a trabalhar em conjunto com um espião.

Clandestine, como jogo cooperativo assimétrico que é, é composto por duas abordagens completamente distintas. Por um lado o papel mais tradicional dos jogos furtivos: o de controlarmos uma figura de acção que tem de se esconder dos diversos inimigos, espreitar por esquinas, para além de possuirmos uma pistola com silenciador que nos relembra o porquê da eficácia de um headshot bem certeiro. Já que este personagem está no local, é o espião invasor, temos também a possibilidade de destruir fontes de iluminação que dificultam a nossa furtividade e contribuem para a visibilidade dos guardas.

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Do outro lado do ecrã, figurativa e literalmente está o outro papel e que, como dissemos no início, contribuiu para dar o ponto de vista sempre tão exagerado e overplayed na 7ª Arte: a do hacker. Estamos habituados a que dezenas de filmes nos tivessem trazido esta imagem, de vermos um tipo de óculos a suar intensamente porque precisa de desbloquear uma fechadura, ou conseguir desabilitar uma série de câmaras para que o espião no terreno possa passar incólume e indetectado. Em Clandestine é exactamente essa a nossa função enquanto hacker: verificar os movimentos dos guardas via câmaras de segurança, alertar o espião no terreno quando pode ou não passar, ou quando deve agachar-se esconder-se, descrevendo-lhe as trajectórias de movimentação dos mesmos. Para além disso temos de ir “hackando” contas de e-mail para cumprir o objectivo, desbloquear fechaduras electrónicas, abrir portas, “cegar” as câmaras em algumas salas, enquanto tentamos ultrapassar os conta-ataques que as diversas firewalls e redes nos enviam.

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Este parece o papel mais chato, mas dentro do que o mercado dos videojogos já nos trouxe, parece-me o mais inovador e desafiante. Se conseguimos contar acima das dezenas o número de jogos que controlamos espiões ao estilo de Splinter Cell, quase raros são os exemplos inversos, os que controlamos a figura anónima do hacker.

Clandestine é um jogo interessantíssimo e que necessita obrigatoriamente de um parceiro para ser jogado. Percebe-se o porquê de ter tantos interessados em jogá-lo durante a LGW, e é claro que num jogo em que a comunicação é tudo, estar lado-a-lado com o jogador que está a desempenhar o papel oposto ao nosso é uma benesse que poucos terão oportunidade de ter. Mas é acima de tudo uma lufada de ar fresco para um género que parece estar constantemente a copiar-se a si mesmo.