Olá. O señor David Andrade teve a amabilidade de fornecer uma demo do tão esperado jogo português Guardians of Arcadia. Devido à polémica que houve com este projecto (que poderão ler na entrevista do Otaku Isaku \irony) na altura em que esteve no Greenlight do Steam, gostaria de referir que joguei este jogo cerca de duas horas num computador que formatei depois de jogar. Isto porque tenho medo que ponham spyware no meu computador pessoal. Muito medo.
Fora do tom de brincadeira (garanto que ter formatado o PC depois foi simplesmente uma coincidência), Guardians of Arcadia tenta fazer-se sentir tradicional e não corre grandes riscos. É um RPG tradicional na forma como encontros aleatórios surgem, na posição fixa da câmara e nos combates. E lançar um jogo como este numa altura como esta, além de ser uma proposta de homenagem ao que tanto de bom e inesquecível se fez dentro deste género de videojogo, é uma enorme responsabilidade. Talvez por isso seja complicado olhar hoje para Guardians of Arcadia com seriedade, mas nada nos garante que não será dessa forma que o olharemos no futuro.
Nesta demo contamos com um elenco de três personagens, uma delas certamente mais direccionada para magia que as restantes duas. O combate desenrola de forma semelhante a Final Fantasy X, por turnos, com uma grelha de ordem pública para uma melhor gestão estratégica do combate. Este desenrola de forma esperada e competente, apesar da interface ainda precisar de claros melhoramentos.
A história desenrola-se sob a forma de diálogos, com ilustrações de quase corpo inteiro das personagens munidas de caixas de texto. As ilustrações estão engraçadas apesar de se encontrarem longe de stunning e é esse o sentimento transportado para toda a direcção artística do jogo. O seu estilo é seguro e bem executado, apesar do claro estado incompleto do jogo. Uma abordagem diferente à câmara de jogo durante a exploração do mundo seria importante, já que a colocação de uma câmara fixa sobre um eixo num jogo em 3D é um risco grande quando não se tem a capacidade de desenvolver em volta disso.
Por enquanto não há muito mais para dizer de Guardians of Arcadia. Por enquanto, além de uma promessa para a esperança lusitana de erguer um dia um conjunto pessoas capazes de gerar jogos competitivos para um mercado competitivo, consegue ser uma aspiração a uma promessa de um bom RPG à moda antiga (e isto é dizer muito pouco, consequentemente exigindo ainda muito muito trabalho para se tornar uma coisa séria). E enquanto esperamos que esta pequena amostra de cultura japonesa feita por portugueses (e não só) chegue às mãos de todos nós comuns mortais (e julgando pelos três anos que já está a ser desenvolvido, irá demorar mais um pouco) temos muitos outros RPGs por jogar. E posso garantir que existem mais RPGs de qualidade que tempo que disponho para os jogar.