Correndo o risco de sofrer a fúria do meu boss do Rubber Chicken, que está à espera que eu termine a minha review de Tearaway Unfolded (e para dizer a verdade…mereço a fúria, já que estou atrasada duas semanas no prazo com que me comprometi….em minha defesa – estive de férias duas semanas ao final de mais de um ano e meio sem descanso….por isso, alego mais uma semana de extensão de prazo), hoje tenho que escrever sobre algo que me incomoda.
É que com o lançamento da Warmastered: Fury’s Collection de Darksiders tive mesmo de falar sobre uma das séries mais subvalorizadas de sempre.
OK – vamos ao contexto.
Cá por casa, estou a tentar transformar um convicto Retro Gamer num fã do maravilhoso mundo da modernidade, mostrando que por vezes, os chamados AAA são títulos de fantástica qualidade. Depois de demonstrar esta minha teoria, mostrando o místico mundo criado por Santa Monica Studios e aquele que é a personagem mais “Cool” de todos os tempos (pelo menos para mim), Kratos, e de viciar o dito Retro Gamer em todos os God of War, quis mostrar-lhe outros diamantes que fui coleccionando ao longo dos anos e da minha mais ou menos recente carreira como gamer.
Ao pegar nos jogos da minha Xbox 360, um jogo de imediato sobressaiu sobre todos os outros: Darksiders. Com a ansiedade de uma criança que vê um brinquedo que adora, tentei passar o meu entusiasmo e adoração para que ele de imediato o quisesse jogar. Convencê-lo a experimentar God of War não foi nada difícil: afinal, ele já tinha lido bastante sobre o jogo, sobre a saga, sobre Kratos, sabia do seu sucesso e por isso quis experimentar.
Mas ao mostrar-lhe o disco de Darksiders, com a sua gloriosa capa de War montado em Fury, vi o seu ar de curiosidade transformar-se na frase crua de realidade: “Nunca ouvi Falar!”
E apercebi-me. Pouca gente ouviu falar. Pouca gente jogou. O jogo teve uma genial sequela, com Darksiders II e Death a assumir o papel principal… e morreu. Não vendeu o necessário…os números não apareceram…
Fiquei a pensar: “O que querem os gamers? Querem jogos com histórias desinspiradas, personagens iguais a todos os outros, o mesmo jogo refeito um milhão de vezes mas com melhores gráficos, sequelas eternas que não vão a lado nenhum? DLC atrás de DLC? É isto que querem? Tal como na democracia e em eleições – se é isso que querem, é isso que têm!”
Poderão dizer: “Estás errada Alexa – Darksiders vendeu. Darksiders teve importância, as pessoas é que não gostaram”. Desculpem. Não. Darksiders foi um jogo lançado para ser um AAA, com um determinado orçamento que deveria produzir determinados resultados. Isso não aconteceu.
Muitos críticos “relevantes” criticaram-no pela sua mecânica ser muito semelhante à de God of War. A sério? Esta é uma característica negativa? Aprendermos com a concorrência, imitarmos o que ela tem de melhor e mesmo assim criarmos um produto com qualidade e original, é mau?
Outros críticos apontaram como negativo, a falta de opções de história, de mais elementos RPG, de maior liberdade de exploração. A sério? Avaliamos um jogo, não pela sua qualidade enquanto produto de entretenimento, pelo prazer simples de jogar, mas sim pela sua suposta complexidade? È que, já agora, ter liberdade de exploração e muitas escolhas não significa nem que a exploração tem qualidade nem que as escolhas acrescentem algo ao jogo. Vejam o Beyond Two Souls – tanta escolha e tudo espremido não sai nada. E já para não falar de FF XII, XIII, um mundo aberto de exploração de coisa nenhuma.
Darksiders não era suposto ser nada daquilo que o criticaram por não ser.
Darksiders era suposto ser uma narrativa sólida, bem construída e linear transformada num jogo de acção com proporções épicas. Com aquelas que foram das melhores lutas de Bosses que alguma vez experimentei, num tempo de longevidade que parecia não terminar. Com puzzles que nos faziam parar e seriamente pensar como os resolver. Com uma das personagens mais desconhecidas e mais complexas que já vi. Numa história de Bem e Mal absolutamente intemporal.
Não – Darksiders não era suposto ser um RPG com múltiplos destinos num mundo de exploração aberta que, de tanto explorada, parece absolutamente repetida.
Darksiders foi criado com o intuito de ser o mais simples conceito de todos que os gamers nos dias de hoje parecem esquecer – somente um bom jogo!