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Eu gosto imenso de Firefly, não sou um Browncoat, mas gosto. Especialmente porque quando a série foi feita as poucas outras opções que existiam eram Farscape e Star Trek: Enterprise.

Eu sempre fui fascinado pelo espaço, a imensidão do universo e todas as suas possibilidades, e também sempre fui um fã de Westerns, muito influenciado pelo meu pai, que gostava desses filmes. Acho que o The Magnificent Seven com o grande Steve McQueen continua a ser o favorito dele. Portanto a combinação bem equilibrada dos dois universos temáticos era algo que quase por obrigação me deveria agradar, mas mesmo assim e ao contrário dos outros fãs, eu não acho a série brilhante, muito antes de espancar os engravatados da Fox por terem cancelado a série daria um soco na boca do Joss Whedon pelo que fez ao Wash. E mais cedo ainda, rebento com a Cartoon Network pelo cancelamento do Young Justice.

Starpoint Gemini 2 é um simulador RPG espacial. Numa perspectiva simples é isso, o universo é sandbox, e tem várias missões para fazer. Existe um modo história que eu estou prestes a desistir porque é básico, não tem grande interesse mas também tem um modo de jogo de free roam, que é igual ao da história mas sem a história. Bem vistas as coisas, porque não temos a pressão do tempo na missão principal, podemos esquecer essa parte e fazer só missões secundárias durante o tempo que quisermos, o modo campanha não é assim tão essencial, é apenas o modo free roam com uma missão maior lá enfiada. Tendo eliminado isso, podemos ver Starpoint Gemini 2 pelo que ele é. Um jogo um pouco acima de razoável. Está ali entre o suficiente mais e bom menos

As semelhanças com Firefly são várias, não foi por acaso que eu mencionei a série no início. Em free roam podemos fazer literalmente o que queremos, aliar a quem apetecer, minar, ser pirata, transportador, contrabandista ou ajudar a manter a lei, é seguir a vontade do momento. Mas num espaço gigantesco com vários sectores e facções…

A vasta possibilidade de escolha neste jogo é algo que me agrada bastante, é um dos seus pontos fortes, mas não é nada demais, nada que não tenha sido feito mais e melhor noutros jogos, mas é bom. E gosto do desenho das naves. Ainda comando a minha A.R.I.E.S original (todas as minhas naves principais em jogos são a A.R.I.E.S) e a minha faz-me lembrar a Serenity, pequena mas robusta, algo que fica connosco até morrermos. Outros aspectos de valor são a vastidão do espaço e o grafismo do mesmo, não posso dizer que não se tenham esforçado em criar um universo bem grande, com um aspecto atraente. As nébulas, os planetas, campos de asteróides, as naves, o vazio quase interminável…

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Contudo nem tudo é bom aqui, há coisas que não são nem carne nem peixe, e eu gosto e não gosto dependendo da minha disposição. Por exemplo a navegação. A extensão “física” do jogo é imensa, e apesar de existir uma espécie de warp tunnels em algumas áreas grande parte da navegação é feita em “tempo real”, ou seja a nossa nave viaja tão rápido quanto pode. Se o nosso objectivo está a 40.000km ou seja lá qual for a medida que usam no jogo nós temos que fazer essa distância, muitas vezes sem acontecer nada, só navegar de A a B. Portanto pode ter dois resultados: Ser extremamente relaxante, que é, confesso que gosto bastante de deixar a nave ir e só olhar para o cenário. Ou pode ser extremamente frustrante e aborrecido, isso vai depender do que cada um quer.

O jogo também tem a sua parte de combate que igualmente nem é bom nem mau, enquanto por um lado é sempre giro ver naves a tentarem rebentar-se umas às outras, por outro não são caças, são naves gigantescas de combate, transporte e afins, o que tira um pouco a emoção que estaria associado a um X-Wing ou Tie Fighter por exemplo. Não é uma característica má, mas também não é boa. A A.R.I.E.S. não é grande portanto ainda se consegue manobrar bem, mas acredito que mais para a frente quando comandar a A.R.I.E.S VIII que seja um couraçado gigante cheia de baterias de ataque, não acho que vá ter a mesma piada porque ela não vai ser tão ágil apesar de imparável.

E depois há o mau.

E há algumas coisas muito más aqui. Como já mencionei, a história do modo de campanha é linear e dispensável. Mas há mais coisas, como os comandos. Se quisermos comandar com o rato é quase impossível, não responde como deve ser e acabamos com a nave a baloiçar no ecrã com a mesma precisão de um isco numa linha de pesca. E usando as teclas para comandar a nave e o rato as armas é simplesmente pesaroso, a nave move-se lentamente. Outra irritação que tenho com os comandos é o facto de no lado inferior esquerdo controlarmos entre outras coisas a energia da nossa nave com o rato. Portanto se a meio de uma batalha queremos tirar energia dos motores e direccionar para os escudos ou armas temos que tirar o rato que controla as armas para essa secção e alterar a distribuição de energia gastando precisão e tempo. O que numa batalha com várias naves pode ser a morte do artista.

Mesmo assim não é o pior para mim. É recusarem-se a deixar-me ter uma frota.

A sério?

Se não tivesse opção nenhuma até aceitava mas veja só a parvoíce. Conforme subimos de nível e chegando a “Chief Petty Officer” posso contratar mercenários para me acompanhar em missões. Não posso comprar uma nave secundária, promover um dos meus tripulantes (ou contratar outro) e ter uma segunda embarcação minha, mas posso contratar um gajo qualquer para me acompanhar e não ter controlo absolutamente nenhum sobre a nave dele. Para mim, não faz sentido!

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Portanto, Starpoint Gemini 2 não é um jogo para todos. Se querem um jogo de exploração espacial calmo e onde podem fazer as coisas ao vosso ritmo aproveitem se o apanharem em saldos. Eu gosto dele para relaxar, quando me apetece jogar algo simples e limpar a cabeça. Mas se calhar é mesmo como Firefly gosto da ideia, gosto do conceito, mas gosto mais porque não há grande escolha. Aceitam-se recomendações. De jogos, não séries…