A cegueira já foi inspiração para muitas obras humanas, da literatura, ao cinema e passando pelos videojogos, e Pulse, um dos projectos finalistas de 2013 do consagrado Independent Games Festival, vindo das mãos dos (então) estudantes da Team Pixel Pi é mais uma abordagem ao tema. Em Pulse controlamos uma menina cega que tem de explorar um ambiente desconhecido, e atravessá-lo ultrapassando a sua incapacidade visual. Eva, a protagonista, desafia os seus pais e decide conhecer o mundo através da eco-localização. Todo o mundo é negro à nossa/sua volta, e as formas e cores estroboscópicas que vão definindo o cenário são fruto da sua  habilidade, que à semelhança com os morcegos e com Matt Murdock consegue orientar-se através do eco.

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Nota: há uns anos pesquisei sobre eco-localização aplicada a humanos, e descobri que existe uma série de crianças que estão a tentar aplicá-la no mundo real, com pequenos estalidos da boca como fonte de ondas sonoras. The more you know.

Pulse vem na linha de jogos mais exploratórios, experimentais e predominantemente (ou putativamente) artísticos. A possibilidade de explorarmos um mundo que não conhecemos através dos olhos de uma invisual traz uma série de potenciais abordagens narrativas, e Pulse é um primeiro pequeno passo. Aliás, toda a vibrância cromática do mundo que nos/a rodeia é apenas fruto da imaginação e interpretação que Eva faz do mundo, e das informações que consegue captar do eco.

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Sendo uma boa experiência e uma excelente abordagem visual de um videojogo independente (visto que a eco-localização de Eva permitiu aos developers conceberem um entendimento do mundo semelhante ao que nós conhecemos através da nossa visão, mas simultaneamente tão estranho), só tenho alguma pena que a experiência seja excessivamente curta para o seu preço. Quase 14,99€ por um jogo que inclui um achievement no Steam se o conseguirmos ultrapassar abaixo dos 30 minutos, parece-te algo exagerado. E prova também que um bom conceito e uma boa direcção artística precisam de um pouco mais para suceder por completo. E que possivelmente este tipo de experiências serão perfeitamente exponenciadas pela Realidade Virtual.

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Mas fica aqui uma belíssima aposta e uma óptima experiência, onde este jogo sobre a cegueira é uma razão para mantermos os jovens indie devs da Team Pixel Pi debaixo de olho no futuro.