Void and Meddler parece saído de um livro de Philip K. Dick ou William Gibson. O ambiente negro e chuvoso, a personagem sem memórias, presa num mundo onde não encontra o seu caminho, com um presente esbatido e nebuloso, sem passado, sem futuro, sem opções ou emoções a não ser as encontradas no fundo de uma garrafa antes da última gota que proporciona um sono sem sonhos e apaga a maldição de estar acordado no dia seguinte com a consciência que vai ser igual a todos os outros.

Void and Meddler 2

Este ambiente, este peso na mente, é algo característico no romance Cyberpunk que nos trouxe também vários filmes de culto (e outros, não tanto) como Blade Runner, Johnny Mnemonic ou The Lawnmower Man. É um ambiente tão universal que decora vertentes imensas de manga e filmes anime como Ghost in a Shell ou Ergo Proxy, faz parte do nosso imaginário, porque todos nós temos um pouco de medo de poder ser o nosso futuro. Sem luz, sem natureza, numa cidade escura e chuvosa e nublada onde o próprio cheiro é de corrupção e sujidade, não só física mas das nossas almas.

Void and Meddler 3

 

A no CVT e a BlackMuffin fizeram este point and click episódico precisamente com essa imagem e sensação em mente, os sons musicais dos sintetizadores, o visual pixelizado característico do retro futurismo gráfico dos anos 80 e início dos 90. Apesar de ser apenas o primeiro episódio de uma história contada em três (para sair durante 2016 numa moda que não me agrada pois prefiro os meus jogos acabados) Void and Meddler promete.

Promete várias coisas mas entre elas a possibilidade de resolver enigmas e a sua história de várias maneiras é provavelmente a mais importante, de acordo com os seus criadores tanto um como o outro factor não são lineares, são algo que pode influenciar o futuro de várias maneiras, e tal e qual como atacar androids pode ter um resultado não muito agradável.

Se a ideia será cumprida só saberemos no final da terceira instalação, mas até lá a promessa está feita.