O termo “True Gamer” é das coisas mais estúpidas e azeiteiras de quem me lembro a propósito de um hobby. Não é que seja algo novo mas, mantém-se o facto que é preciso ser-se especialmente abrunho para se dar valor a algo assim. Ainda assim, o cobiçado título parece ser um dos objectivos mais relevantes para a pequenada, portanto decidi, numa virada só, exercer um pouco de pretensiosidade e dar o meu ver, sobre: Os 10 Mandamentos do True Gamer.

Ponto 1: YouTube e Azeite

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Amigos, o YouTube não é o sítio indicado onde aprender a ser-se “True Gamer”. Particular e curiosamente porque a maioria da falência intelectual que para lá anda o faz em prol de uma bela (às vezes) remuneração. Ao contrário do que muitos Paulovskis e PeeDerPoos queiram transparecer, se ninguém visse os vídeos, eles não os faziam. Parem de perder tempo com publicidade.

Ponto 2: Desculpe, ‘consumidor’ é o senhor!

A partir do momento em que dinheiro está envolvido, há uma troca idealmente amigável entre um consumidor e um produtor — supply e demand. As companhias cujos logos espetam nos vossos perfis do Facebook não são vossas amigas, são distribuidores de um serviço pelo qual só têm acesso se houver uma troca monetária. Um bocado como a prostituição mas em vez de ser um membro do sexo oposto ao vosso, é geralmente a Lara Croft ou a Tina do Dead or Alive. Antes de usarem a carteira, lembrem-se que o ónus da lealdade não está em vocês: Está em quem providencia o serviço.

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Ponto 3: Oh Miguel, pára lá de trazer porcaria para a garagem, fa’cha’bor.

Percam lá a vossa incessante e irritante mania de amontoar tralha. Isso não faz de vocês “jogadores”, faz de vocês coleccionistas. Não é que haja algo de mal em coleccionar coisas; eu também o faço. Apenas não andem às voltinhas feitos galos porque agarraram aquela edição de 600€ da PS4, munida de caixa com gráficos do Inchardes 4. Lamento mas, se *TER* uma caixa dessas faz do portador um verdadeiro fã, então as alfândegas dos vários países já devem estar na fase de andar a tatuar “Nathan Drake” no ombro.

Ponto 4: Mais devagar, senão magoa.

Joguem um joguinho de cada vez. Concentrem-se na experiência para que pagaram e absorvam-na na íntegra. Isto não é bem uma regra mas mais uma recomendação. Muitos jogos oferecem temáticas contraditórias que podem – em muitos casos o fazem – ter um impacto negativo ou redutor no jogador quando jogados simultaneamente. Um bom exemplo é jogar Silent Hill 2, com toda a sua temática relativa aos mais profundos elementos do subconsciente, equipado de pelo menos duas personagens femininas que sofrem traumas relacionados com a sua sexualidade, jogado simultaneamente com algo como Onechanbara, cujo máximo e indubitável propósito é a celebração da sexualidade feminina da forma mais javardosa possível. Realmente, é um espectáculo mas, julgo que procurem aproveitar cada jogo pelo que oferece, isoladamente do resto.

Ponto 5: Pois, mas a minha tem 32 bits. E agora?

Tenham vergonha de jogar em consolas. Só não tenham vergonha de ter mais que uma Dreamcast. Há bastantes exclusivos divertidos por onde se pegar e muito para aproveitar. Vá estava a exagerar, basta uma Dreamcast. Pronto é a brincar, ninguém está acima de favoritismo: é natural haver uma preferência. Apenas não se limitem a clubismos. A única pessoa que perde pelo vosso clubismo são vocês mesmos. Não vale a pena estar a fingir pureza, a mim não me enganas, que já te vi a olhar para o comando da GameCube no CashConverters. Deves pensar.

Ponto 6: Voltas a dizer isso, levas uma “bardajada no focinho que te quilho”.

“Competitivo”; “Completionist“; “Platinar”; “Sou Gamer“; parem com essa treta que já cheira mal. Ninguém quer saber. A única coisa que conseguem com isso é irritar a quem lhes interessa realmente os videojogos. Se ser um estrume irritante é o vosso objectivo então… bem, quem sou eu para vos impedir? Porém, o facto mantém-se que, se já cheira a estrume, não deve ser um Ovo Kinder.

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Ponto 7: Ser precoce é um problema que afecta cerca de 87% dos jogadores de videojogos.

E se deixassem de atirar dinheiro às distribuidoras sem receber nada em troca? Sim, eu disse, ‘distribuidoras’. Quando vocês vão à GAME, ao Steam ou até mesmo ao Ricardo da Rua da Fonte, que fica ali como quem vai para Peniche, munidos de dinheiro na mão, prontinhos a fazer a vossa preciosa pre-order, já de iPhone na mão para espetar com o I no Facebook, lembrem-se que a única coisa que estão a fazer é encher os bolsos de quem nada teve que ver com o desenvolvimento dos videojogos que pretendem comprar. Entendam isto: o dinheiro está a ser dado em troca de nada. Se vão comprar o jogo no primeiro dia, e vão, então façam-no NO PRIMEIRO DIA. Pessoalmente, acho uma completa falta de chá fazer uma parvoíce dessas mas, cada maluco com a sua pancada. No entanto, só peço que não me sodomizem a mim também, no processo. Já que sou eu que tenho que levar com a porcaria de práticas que vocês alimentam, como Day 1 DLC.

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Ponto 8: Dizem que nos primeiros cinco minutos, conseguimos conhecer completamente o hábito de higiene oral de uma pessoa.

Ponto 9: Parem de idolatrar gente que não merece, o Kojima está a passar ferias à vossa custa e o Keiji Inafune já não sabe fazer jogos.

Ponto 10: Ora, vamos lá ver uma coisa: Trailers, reviews prévias, material promocional e afins… Tudo isto é material cuidadosamente preparado por equipas especializadas – por vezes atrás de campanhas milionárias – para que faça o produto a ser vendido o mais apetecível possível. Por lei, mentir acerca do produto não é permitido mas a especialidade de qualquer equipa de marketing é saber dançar à volta dessa linha ténue entre “mentir acerca do produto”, e “é mais ou menos isto que vai sair no brinde”. Puxar essa corda; pisar o mais próximo possível dessa linha; é ISSO que material promocional faz. Portanto, parem de comprar coisas porque tem um trailer giro. Porque senão, novamente, quem se lixa é quem tem um gosto refinado, como eu (só por exemplo).

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