Heróis são aqueles que se levantam cedo (à custa do nobre despertador) para enfrentar o povo, principalmente no valente sábado em que a confusão se fez sentir imortal. Levantai tudo aquilo que, hoje de novo, se mostrou noutras feiras em todo o seu esplendor, mas agora em Portugal. Entre os stands de marcas presentes na memória, ó pátria, sente-se a voz. Uma voz egrége que ecoa pelo pavilhão erguido, não pelos nossos avós, pelas pessoas que fazem este género de edifícios. E quando a sua construção foi concluída, certamente experimentaram vitória.

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Stand do Rubber Chicken antes de ser conquistado por petizes. Chamemos-lhe galinheiro.

Essa voz é o Rubber Chicken, que marcou presença nos quatro dias da Lisboa Games Week na FIL, entre 5 e 8 de Novembro. E por trás do seu magnífico stand, berram os developers Portugueses que anseiam em marcar presença numa indústria internacional, enquanto se convencem cegamente com a existência de uma indústria de videojogos Portuguesa.

A primeira coisa que fiz quando cheguei ao pavilhão depois de fazer reconhecimento do espaço foi sentar-me em frente a um computador que corre um jogo Português, depois de lamentarem o ambiente onde o vou experiênciar (que é barulhento, descontrolado e histérico). O cheiro das bancas de comida coladas aos indies portugueses não deixaram de marcar a sua presença na minha apreciação do Sebastian Frank, mas não contribuiu negativamente já que era uma da tarde e já tinha almoçado.

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Trinta minutos depois, tiro os headphones e cumprimento quem me recebeu, congratulando fervorosamente pelo magnífico trabalho. Uma pessoa de outro stand observa o que sucedeu e comenta “Eh! Depois ainda dizem que não se fazem bons jogos Portugueses!” com um ar reprovador.

Às armas! Às armas! Sobre a terra e sobre o mar. Às armas! Às armas! Pela pátria lutar. Nem que isso implique viver uma mentira. Passei algum tempo de volta dos indies Portugueses e enquanto alguns developers estão perfeitamente conscientes desta falácia, outros sentem-se iluminados pelo orgulho de participar numa suposta indústria de videojogos Portuguesa. Mas orgulho em quê? Em pessoas miragem, em factos carentes de factualidade e em números inventados? É este o orgulho de uma parte gamer Portuguesa minoritária, em oposição ao público que habitou o Parque das Nações para conseguir autógrafos de youtubers Portugueses.

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“Muita gente, muita confusão. É como a segunda guerra mundial, a diferença é que na segunda guerra mundial não haviam pessoas a tocar guitarra” – Isaque Sanches

É tão importante orgulharmo-nos do nosso país como de nós (secretamente sou das pessoas mais patriotas que conheço). Mas, neste momento, queria um país em que o orgulho que tem em si fosse menor ou igual que todo o seu esforço em criar mais e melhores jogos de vídeo.

Contra os canhões marchar, marchar.