Com excertos (muito) pequenos adaptados do excelente clip do “Perfeito Anormal”: A minha vida dava um filme indiano

“Senhor Aniceto, que episódio da sua vida é que dava um filme indiano?”

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Eu sei, tenho péssimo jeito para a fotografia. de todas as fotos que eu poderia ter tirado para argumentar a qualidade das animações das cutscenes tirei a que pior o consegue fazer! Valha-me deus…

Escondam as vossas vidas! Se a malta se anda a queixar de Fallout 4, os fãs de Tactics RPGs tem um novo motivos para se esconderem nas suas caves, enquanto grindam Killia e amigos até níveis maiores que cinco mil.

Killia é o personagem principal do novo título numerado da série. Ele e outros overlords juntam-se com o desenrolar da história por um motivo comum, derrotar Void Dark, antagonista deste jogo. Apesar de ser talvez o jogo mais longo da série, é candidato ao jogo com a narrativa mais desinteressante. Há pouco a acontecer e o sentimento torna-se óbvio quando nos tentam, mais que nunca, manter-nos agarrados com o humor omnipresente pela série. Esse humor é como um Chipicao® com massa de boa disposição e recheio de trocadilhos com pepitas de absurdo, dood!

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Disgaea 5 é provavelmente o jogo mais encharcado em conteúdo que alguma vez tive o privilégio de jogar. Comparativamente aos outros jogos da série acrescenta uma loja de caril, que fornecem buffs e debuffs temporários às personagens quando o consomem, e uma “research squad” que realiza investigação espacial por outros netherworlds, desbloqueando-os, evoluindo os membros da missão em nível e recolhendo itens raros. Como se tem vindo a tornar habitual, contamos com loja de itens, equipamentos e habilidades, quests (que, como habitual, são difíceis de visualizar e geri-las), sala de interrogação para monstros capturados, recrutamento, assembleia, squads, innocents e menu de batotas. Ah! E a enfermaria. E o Item World. O vasto Item World… Poderia gastar mil palavras a descrever tudo isto, mas pelo vosso e pelo meu bem, não o vou fazer pois estão presentes em jogos anteriores. Porém, são cada um destes e o que representam num todo que definem o jogo final. Garanto que as assembleias para aprovar medidas favoráveis ao jogador são talvez das coisas mais divertidas que o jogo tem para oferecer.

Incrivelmente, esta multivariedade de opções e características não se reflecte como uma exigência sobrenatural no campo de batalha. Podem esperar batalhas desafiantes e castigadoras se não forem apologistas de uma construção de equipas versáteis, mas em nada essa dificuldade se relaciona com uma exploração exaustiva das mecânicas e features do jogo. É dada liberdade suficiente para o jogador jogar como bem lhe apetecer, motivando os novatos da forma que, a meu ver, é a mais adequada. Além disso, os novos jogadores da série terão as mecânicas do jogo gradualmente apresentadas ao longo dos primeiros capítulos, sem que o jogador se sinta inundado e perdido.

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A narrativa evolui em texto com desenhos dos personagens de lado, ao estilo de tudo aquilo que temos visto do Japão (nos últimos tempos) e pontualmente cutscenes animadas com mestria. As batalhas desenrolam em tabuleiros das mais variadas formas em vista isométrica ou frontal (permutável pelos seus 4 ângulos ao gosto do jogador), tipos de terrenos diferentes dão uma profundidade maior à jogabilidade e os geo-panels continuam a existir. A mecânica de Throw continua por estas bandas para dar azo a mais cenários favoráveis enquanto a fusão de monstros de Disgaea 4 não.

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Tudo o que foi aqui relatado é acompanhado de uma banda sonora espetacular (de ficar a cantar quando desligamos a consola) um aspecto e direcção artística imaculados e, bolas, será que já referi o sentido de humor?

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Falamos aqui de um Tactics RPG. É desenvolvido pela Nippon Ichi Software e teve a sua primeira iteração com o subtítulo Hour of Darkness no ano de 2003. Desde então o seu objectivo foi aprofundar um género no qual (por exemplo) Final Fantasy Tactics (para a Playstation), Shining Force (para a Sega Genesis) e muitos outros foram pioneiros e, sendo honesto, poucos conseguiram fazê-lo como Disgaea o fez, principalmente tomando em consideração toda a recepção a que esteve sujeito. Disgaea: Hour of Darkness é considerado dos melhores RPGs numa consola que ofereceu conteúdo de qualidade como mais nenhuma ofereceu, mas doze anos depois sinto-me na obrigação de evocar twists relevantes ao gameplay além de mais conteúdo de qualidade (pedir twists de gameplay começa a tornar-se tendência nos meus artigos, sheesh!) ou estará condenado a cair no esquecimento de uma cultura de pastilha elástica como é a dos Estados Unidos e da Europa.

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Como comentário final, Disgaea 5 reitera em tudo aquilo que fazia de bem e entrega-o num pacote com talvez a história mais longa da série mas, infelizmente, também a menos interessante. As personagens estão lá, o humor também, tal como a complexidade e profundidade do combate, disponíveis tanto para aqueles que querem ser os melhores, como para os que procuram divertimento e uma jogabilidade que se adapte ao seu estilo, sem deixar para trás o desafio. Um excelente jogo, porém, não muito melhor que os anteriores (se for sequer melhor) e por isso deverá ser castigado com as minhas palavras. Se acompanhasse com muita atenção a série desde o início, certamente teria motivos para me fartar, principalmente num jogo que permite ser jogado até a exaustão (o nível máximo atingível é 9999).

“Mas senhor Aniceto, de que forma é que isto dava um filme indiano?!”

Então repare. Um dos pratos relevantes para o desenrolar da história é, nomeadamente, o caril. Lá está, que é indiano.

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Diversas vezes durante o jogo, o melhor posicionamento estratégico das personagens pelo tabuleiro é em fila in-di-a-na.

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Quando fui criar o meu primeiro clérigo no recrutamento de monstros o nome automático que apareceu foi “Rose”. Quem é que comercializa rosas no nosso país? Os indianos!

E por fim, a personagem encarregue do recrutamento de monstros é um cowboy. Quem é que anda sempre à bulha com os cowboys? Os índios!