Imagem obrigatória de Vanilla Ice para promover o seu Ninja Rap em cada artigo. Desculpem mas está no contrato, pessoal.

Este artigo é patrocinado pela VHS do hit sensacional “Ninja Rap” do Eminem. Nós sabemos que é uma música asquerosa, mas por favor alguém me compre isto. Está na prateleira há anos e já está a começar a descolorar por causa do sol. E por favor não nos tentem corrigir dizendo que o senhor acima é o Spock ou o Jim Carrey. O Google é que sabe.

Go Ninja

 

Kuni… Kunai… Kunaichi? Kuno… Kunoichi! Palavra japonesa que, para quem não sabe quer dizer, significa “Mulher ninja”.

Elas andam por todo o lado. Algumas mais ninja. Outras menos ninja. Todas elas com problemas em manter os seus bikinis ninja agarrados aos seus corpos. Acho que isso se deve ao treino especial ninja que têm – são escorregadias e desaparecem assim de repente deixando um tarolo de madeira para trás onde elas estavam. Onde é que elas vão buscar o tronco de madeira? Onde é que o têm escondido? Não sei. São coisas ninja. Eu cá não percebo nada disso.

Hajimemashite. Watashi wa rogu-chan desu.

Hajimemashite. Watashi wa rogu-chan desu. Dozo yoroshiku.

Eu acho que gosto de coisas ninja. Não sei. Nunca vi a sério, mas ouvi dizer que é bem giro. Ouvi também dizer que se não consegues ver coisas ninja é bom sinal. Sinal que a “ninjice” é boa e eficaz. O meu contacto com ninjas é inexistente no mundo real, existindo apenas no mundo virtual do cinema, banda desenhada e videojogos. Nos videojogos aparentemente agora existe uma controvérsia no mundo ninja. As kunoichis andam a pedir reforma antecipada ou férias prolongadas e a retirar-se para estâncias tropicais em ilhas paradisíacas aos 20 anos. “Ninjar” deve ser um trabalho bem desgastante e, em tempo de paz, é preciso é relaxar até à próxima guerra ninja.

Para os pais preocupados e para os politicamente correctos, é essa a mensagem que Dead or Alive Xtreme 3 nos quer deixar passar. Não é preciso andar sempre a haver guerras e violência, com toda a gente à porrada. É desagradável e ninguém gosta de ver uma pessoa cheia de nódoas negras. Também é preciso dar a perceber à juventude de hoje que depois da guerra, vem a paz. Já dizia Leo Tolstoi no seu romance sobre o mesmo tema “ Não há nada melhor para os rapazes do que o convívio com mulheres inteligentes”, e aqui a inteligência da Team Ninja salta à vista em farta abundância.

Hajimemashite. Watashi wa rogu-chan desu. Dozo yoroshiku.

Hajimemashite. Watashi wa rogu-chan desu. Dozo yoroshiku.

Para contextualizar as pessoas que não estão a perceber o texto acima, Dead or Alive Xtreme 3 é um jogo sobre raparigas TODAS MAIORES DE 18 ANOS a passar férias numa estância tropical. E é isso. Elas nos seus tempos livres, quero dizer, no seu dia-a-dia são kunoichis, wrestlers e luchadoras, modelos, agentes secretos e estudantes DO ENSINO SUPERIOR.

Aparentemente há pessoas que não gostam de jogar um jogo que consiste em ver raparigas a passar férias. Provavelmente acham que elas deviam estar é metidas na cozinha a fazer sanduíches e que não é suposto andarem a chapinhar na piscina. Ou então são modernistas e acham que deviam era de ir trabalhar. Eu cá não percebo essas pessoas. Deixem lá as miúdas divertirem-se e metam o vosso sexismo de lado. Elas também merecem uma pausa de vez em quando. Aliás, os jogos anteriores até tinham Beach Volleyball no nome, mas este não se põe com mariquices e deixa isso fora do nome também, ficando só com o Xtreme. Já não é Xtreme Beach Volleyball, mas agora é algo do género Xtreme Férias P’o Bronze. E eu acho bem. Se uma pessoa está de férias não é para ser obrigada a jogar vólei só porque sim. Elas até podem preferir jogar às damas ou à malha.

Não sei que jogo é este, mas gosto de imaginar que as duas meninas estão numa bóia a soltar puns (vulgo, flatos) até uma não conseguir agurentar mais o cheiro.

Não sei que jogo é este, mas gosto de imaginar que as duas meninas estão numa bóia a soltar puns (vulgo, flatos) consecutivamente até uma não conseguir aguentar mais o cheiro.

Mas enganem-se aqueles que julgam que estou aqui com o único propósito de falar do jogo acima, que tem recebido alguma atenção por causa destas controvérsias de raparigas a apanhar banhos de sol em bikini ou roupa interior ou o que quer que seja que elas tenham (ou não) vestido. Eu queria perceber é onde está o outro jogo sobre raparigas ninja e porque é que ninguém fala dele. Vocês sabem do que é que estou a falar. Está na parte subliminal do vosso subconsciente.

Senran Kagura.

Senran Kagura 2: Deep Crimson saiu há meses para a Nintendo 3DS e ainda não vi controvérsia similar à volta do mesmo. Onde está a indignação? Os ataques no Twitter? Os threads no Reddit? Onde? Olha, um tarolo de madeira.

Resumidamente, Senran Kagura 2: Deep Crimson é um jogo sobre raparigas MAIORES DE 18 ANOS que frequentam diferentes escolas rivais ninja e se enfrentam umas às outras para tentar determinar qual é a melhor escola, mas depois do combate elas acabam ficando todas amigas ou, pelo menos, a partilhar rivalidades saudáveis, porque descobrem no seio da batalha (perceberam a chalaça?) que o que elas gostam mesmo é de se dar todas bem, mas que de vez em quando lá tem de ser e têm de andar à bulha. Elas têm transformações do género da Navegante da Lua, mas nestas elas passam um pergaminho por entre os seios que as faz mudar de roupa. Depois de se transformarem ficam mais fortes e conseguem fazer ataques especiais. O combate consiste em fazer tag team com outra rapariga e enfrentar hordas de ninjas até chegar a um ou mais bosses, que normalmente são kunoichis de uma escola rival. Conforme jogamos missões, o relacionamento entre as parceiras da nossa tag team vai melhorando, o que permite fazer ataques especiais combinados entre as duas. É muito giro, mas cansa um bocado depressa, porque as combos são repetitivas e button-mashy. Muito bem-vinda é a possibilidade de perseguir o nosso oponente no meio da multidão de inimigos à nossa volta com o pressionar de um botão, o que ajuda a não perdermos de vista o nosso alvo no meio dos cenários 2.5D em que não é possível ajustar a câmara e cria alguns pontos cegos no meio da confusão.

Mesmo com toda a confusão que podemos ter ao seguir a nossa personagem pela multidão de adversários, o jogo faz questão de fazer zoom in a cada vez que um pedaço de roupa se rasga no meio da batalha, o que nos deixa ver se a roupa interior é da Oysho ou da Victoria’s Secret – certamente para agradar às jogadoras jovens que podem querer seguir a moda e saber onde podem comprar roupa igual. Quando derrotamos uma adversária, temos também um zoom in à mesma numa pose embaraçada – o que é sempre bom para relembrar às jovens de hoje que devem ter algum pudor e usar luzinhas brancas nas partes púdicas como precaução em caso de nudez acidental.

Isto traz à luz um novo significado para a expressão "where the sun don't shine".

Isto traz à luz um novo significado para a expressão “where the sun don’t shine”.

A questão que se põe aqui é: como é que Senran Kagura tem escapado ao mesmo tipo de polémica da qual o próximo Dead or Alive está a ser alvo? Tal como Dead or Alive Xtreme 3 no Japão, Senran Kagura Estival Versus está previsto sair na Europa no início de 2016 e não se vê por cá este mesmo tipo de controvérsia. O próprio Senran Kagura Shinovi Versus – que incluía um modo de jogo que consistia em apanhar e coleccionar cuecas – saiu há mais de um ano para a PS Vita, bem como o Senran Kagura Bon Appétit! – um rhythm game sobre culinária, em que as raparigas combatem na cozinha enquanto vão perdendo peças de roupa e muitas vezes acabam sendo servidas juntamente com a comida. Súbtil, certo? Se pensarmos bem, esta é uma série consegue passar despercebida por grande parte do público e recebe apenas uma modesta e quase imperceptível atenção da parte dos media, mesmo sendo toda ela um tarolo encharcado em gasolina, potencialmente capaz de inflamar uma polémica que arderia durante dias. Esta não é uma série nada discreta e que mostra saber bem qual é o seu público-alvo – afinal, no Japão, para promover o lançamento de Senran Kagura Burst em 2012 foram distribuidas caixas de Kleenex. A própria editora Marvelous Inc. não tem vergonha de fazer pouco de si mesma quando promove um jogo desta série.

Olhando para o seu passado, chego à conclusão de que Senran Kagura é um jogo mais ninja do que Dead or Alive. São a postura e o marketing frontalmente honesto, e até auto-jocoso, da Marvelous que fazem dele o verdadeiro jogo ninja. Ele é a sombra que se esgueira por detrás de Dead or Alive Xtreme 3 e o usa como camuflagem enquanto outros lhe estão a apontar o dedo. Simples e genial. Eles sim, percebem de madeira.

Já vos disse que as raparigas têm todas mais de 18 anos?

 

De certeza?

De certeza?

 

OK.

Ok.