Nota prévia: do título ao final do artigo as palavras “Racista” e  “Racismo” deverão ser lidas com o A fechado, como em “da”, (o primeiro A de) “matar” e “Coimbra”, utilizando o fonema [ɐ] ao invés da vogal aberta [a], atingindo assim aquele toque vocabular de um jovem conservador de Direita de Cascais.

Esta semana vamos subverter ligeiramente o Ataque dos Clones. Até hoje só falámos de clones ou hacks que tivemos acesso em formato físico, e que de alguma forma enganaram as nossas mentes pueris. Mas neste 12º Ataque dos Clones (na semana em que estreia o novo filme de Star Wars ) é sobre…um dos hacks mais infames de Super Marios Bros., que tão simplesmente responde pelo nome de Super KKK Bros. E que felizmente, e por razões óbvias, nunca teve a oportunidade de ser publicado em cartucho.

mario kkk

Ao contrário do que possam imaginar SKKKB não é um hack sobre a forma como os nossos irmãos das terras de Vera Cruz riem digitalmente, mas sim uma alteração ao jogo original que transforma o conhecido canalizador num racista (relembrem a nota prévia). O jogo é praticamente idêntico ao original com excepções das sprites que compõem o jogo. Honestamente não sei se o autor do hack estava de alguma forma a apregoar o racismo como ideologia ou se estava a fazer uma paródia da coisa. Independentemente da intenção original, este hack ridiculariza o próprio racismo. Um pouco como aconteceu com o Black Skin do Vai Tudo Abaixo.

Este patético hack surge na época áurea da utilização do emulador NESticle, que permitia alterações gráficas a ROMs, e que começou uma tendência gigantesca de alterar jogos clássicos da NES. Embora hajam bons casos de alterações criativas destes jogos, Super KKK Bros. cavalga a onda que existiu no final da década de 1990 de fazer hacks sucessivamente mais ofensivos, como se existisse um prémio não-declarado de estupidez e infantilidade.

No início do jogo ao invés de controlarmos o simpático Mario, controlamos um pequeno careca a correr pelo ecrã. Os blocos com [?] são substituídos por suásticas e os cogumelos substituídos pela roupa do KKK, que mais parece um fantasma a flutuar pelo ecrã. A versão “crescida” do Mario é uma figura mais alta com o fato do KKK. Os goombas e as koopas são substituídos por figuras castanhas e pretas, sendo que os koopas são umas figuras meio estranhas que no lugar da carapaça têm um balde de KFC.

Super KKK Bros. é apenas um dos mais conhecidos e mais idiotas hacks de ROMs da NES. E é de alguma forma a aplicação do adágio de Godwin aplicado aos videojogos, e se uma tendência decorrer tempo suficiente existirá sempre alguém que transformará algo que é querido por muitos numa alusão ridícula ao nazismo e da promoção (estupidificada, ou não) do racismo.