Não vou repetir a frase que mais vezes tenho escrito aqui pelo Rubber Chicken. As aventuras-gráficas estão a viver uma segunda vida, com uma série de indie developers a interessarem-se em novas estéticas e novas narrativas em torno de um género com tanta História por trás. Temos descoberto algumas boas abordagens aos jogos de aventura, e também outras menos interessantes. Muitas vezes procuramos especificamente um jogo e outras vezes quase que esbarramos por acaso. E outras vezes tropeçamos por completo e deixamo-nos mergulhar noutros mundos, qual Alice do Carroll que caiu por um buraco que parecia não ter fim.

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The Rivers of Alice é uma curiosa aventura presente no mercado mobile, Wii U, e em Extended Edition no Steam. De entre tantos fortes concorrentes a este nicho de mercado, este The Rivers of Alice destaca-se por todo o ambiente criado, etéreo, surreal, como uma narração subtil do sonho da protagonista, Alice. O mundo em que coabitamos é estranhamente familiar, porque a estética suave trazida pelas aguarelas leva-nos para o ambiente recatado da nossa casa, enquanto folheamos livros de histórias infantis.

Alice é um desenho a preto e branco no seu próprio sonho, pintado a velaturas e aguarelas, onde um elenco de personagens estranhas e oníricas preenchem este mundo imaginado, mas coeso. Aqui não existem diálogos, e toda a comunicação é pictórica através do caderno de desenho que Alice carrega no seu bolso, e que nós mesmos podemos aproveitar para tirar notas, desenhar e rabiscar informações.

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A música é imersiva e ajuda a compor todo o ambiente do jogo. Há uma grande aura de relaxamento que paira sobre todo o jogo e que muitas vezes embate na dificuldade/encriptação dos puzzles. Embora muitos deles não possuam uma dificuldade elevada, parece-me que o sistema simples e quase pixel hunter de procurar as zonas de interacção são um notório contraste negativo com a aura calma do jogo. Aliando a esse factor a grande frustração da velocidade de deslocação de Alice, que parece estar em passo de marcha pelos diferentes mapas, e que acaba por criar-nos uma ansiedade tal que quase destrói a experiência e o tom geral do jogo.

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É curioso chegar ao final do ano e ainda ser totalmente apanhado de surpresa com uma boa proposta indie, que nos chegou às mãos através da Merge Games. Um jogo curto que poderá ser uma óptima prenda de Natal a um preço reduzido, e que decerto conquistará qualquer um logo ao primeiro impacto.