Sim, eu sei que este título foi um péssimo trocadilho com a editora sobre o qual vamos falar hoje. Ao longo destes anos de Rubber Chicken temos observado alguns dos jogos que a editora britânica KISS tem lançado, que conta no seu portefólio digital do Steam jogos tão distintos quanto Lifeless Planet, Rising World, Fist of Jesus e o nosso bem-português e proveniente do labor de uma ex-Galinha, o Between Me and the Night, para além de All Guns on Deck, do qual falámos ontem. É verdade que dos muitos jogos que a ediotra lança mensalmente, alguns lá vão parar à punitiva rubrica criada pelo Isaque. Mas não é o caso destes três jogos que trazemos hoje. Estes são beijinhos com carinho.

 

O beijinho com sabor a whiskey

Não é apenas de vermos o Mel Gibson de kilt, nem de toda a mística da grandiosa série Highlanders ou mesmo dos longos cachos de cabelo desgrenhado ruivo da Merida do Brave que as chamadas Terras Altas nos apaixonam.

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Quando Defend the Highlands chegou eu coloquei as mãos à cabeça. O jogo é horrível, e parece mais uma demo ou visualmente o que esperamos de um protótipo do que um jogo lançado no Steam (mesmo em Early Access). Lá pensei eu: “olha mais um daqueles indies que só me apetece atirar logo para o lixo!”. Mas não. Pelo menos não totalmente.

Defend the Highlands é um cruzamento entre tower defense/RTS onde controlamos escoceses contra as invasões britânicas. Mas há aqui uma diferença de base: é que a dose de humor de todo o jogo é gigantesco, com todas as unidades a serem caricaturas de diversos estereótipos dos próprios escoceses, irlandeses, ingleses e galeses. Vamos aqui ver figuras tão non-sense, quanto leprechauns que atiram batatas, galeses a cavalgar ovelhas e ingleses com bastões de cricket.

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Este jogo é feio, mas diverte com o seu humor e o seu original take ao género dos tower defenses. É um guilty pleasure notório e que nos impele a regressar ao estranho mundo criado pelo estúdio Kilted Camel.

 

O beijinho do Isaac

Eu sei muita gente leu o beijinho do Isaque, mas infelizmente isso é algo que eu não posso garantir. Mas uma espécie de The Binding of Isaac com muito, muito pior aspecto é do que vamos falar agora.

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The Story Goes On, do estúdio Scarecrow Arts é um hack ‘n slash que retira em muito a inspiração na famosa e genial obra de Edmund McMillen. Mapas e dungeons geradas processualmente, o controlo em 360º do personagem (e em que todo o jogo é jogado em vista aérea), e um sistema de itens semelhante aos habituais roguelikes. É um jogo muito barato, e que nos Saldos de Natal do Steam estava a rondar os 2,49€ e que traz muitas e muitas horas de diversão, e que está já num avançado patamar de desenvolvimento, ainda que esteja sob o título sempre duvidoso de Early Access.

É interessante, bem-executado e para mim só não é melhor pelo mesmo factor que me desaponta com Defend the Highlands: o jogo tem uma estética, à falta de adjectivo melhor, tosca. O que é um mau cartão de visita para o estúdio que o está a desenvolver, que com uma pequena investigação percebi que é um estúdio de design e multimédia norte-americano. Tanto tempo investido no desenvolvimento e programação do jogo e o visual é quanto muito, o de um protótipo mediano.

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Mas será que há assim tantos estúdios indie, game designers e programadores que supõem que podem fazer tudo? Ter uma boa direcção e execução artística é grande parte do segredo do sucesso de um videojogo, num mercado tão pejado diariamente por novos lançamentos.

E isto não é só a minha muito suspeita carreira profissional a falar mais alto sobre este assunto.

 

O beijinho inglês no bastão

São títulos como este que separam as mentes mais sexualizadas das outras. Porque o segundo jogo do qual falamos é referente a algo bem britânico: o cricket.

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Eu pensava que o facto de eu ter dado “o peito às balas” pela equipa e de ter analisado quase todos os jogos de futebol tornar-me-ia imune a outros desportos, mas acabei por ser eu a experimentar este simulador de um desporto que conheço quase tanto quanto conheço peças de tuning automóvel.

Cricket Captain 2015 é o que esperamos de um jogo de gestão desportiva como FM (acho), mas…bem…aplicado ao cricket. Como não percebo o funcionamento do desporto não consigo sequer avaliar a sua proximidade com a realidade, e por isso sinto que há algo que lhe falta e que poderia ser uma forma de conquistar seguidores deste desporto tão britânico fora do espaço da Commonwealth: um pequeno modo que explica as regras e objectivos do cricket. Só isso. É que depois de ter passado uma hora ali às voltas com o simulador, tudo o que me parece é que é um desporto semelhante ao baseball.

cricket

E depois desta preparo-me para receber hordas de hooligans de claques de cricket para me fazerem a folha.