mmor 2016

Depois de termos andado a desbravar o universo multiplataformas de Albion Online, uns dias antes de 2015 encerrar ainda conseguimos fazer a antevisão a dois dos mais promissores MMORPGs do próximo ano: Black Desert Online e Blade & Soul.

Contra as minhas expectativas (e suponho que da grande maioria de pessoas atentas ao mercado dos videojogos), o género globalizado por World of Warcraft (que após tantos anos continua a trazer muito dinheiro aos cofres da Bilzzard) continua “a mexer”. E nem com os MOBAs, que sempre julguei serem os pregos finais no caixão dos MMORPGs o género pareceu desaparecer por completo. Muito pelo contrário. Receber o convite para três eventos Beta de três distintos MMOs no espaço de um mês mostrou acima de tudo que ainda há dinheiro a ganhar para as editoras. Mesmo que os jogos que jogámos sejam free ou buy to play.

Black Desert Online

Black Desert Online

Das duas propostas que jogámos, o primeiro mundo em que mergulhámos foi o surpreendente universo de fantasia medieval que existe em Black Desert Online. Produzido pelo estúdio coreano Pearl Abyss, este MMORPG deixou-nos logo conquistados pela aprimorada apresentação visual que demonstrou desde os primeiros teasers. E é ao mergulharmos directamente no jogo que percebemos a raiz do seu esplendor: a iluminação em tempo real que acompanha o ciclo de dia e noite do mundo e o seu sistema climático é perfeitamente cinematográfico.

À semelhança de uma certa tendência do mercado, em muito desbravada por Guild Wars 2 e pelas facilidades e potencialidades de conexão actuais, tanto BDO como B&S apostam numa abordagem mais Action RPG. Blocos, desvios, combinações e a primordial importância do timing são apenas algumas das condicionantes que rodeiam ambos os jogos e que tornam a batalha algo extremamente interessante, mais próximo dos blockbusters de consola do que dos clássicos MMOs, em que bastava um clique para que o personagem se deslocasse até lá.

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Black Desert Online

De tudo o que joguei, parece-me que o ponto mais fraco (e talvez o único) que tenha sentido de Black Desert Online é a sua debilidade ao nível de interface. Se há um género que necessita de uma aprimorada elaboração de GUI são os MMORPGs, e o que existe neste momento em BDO é algo deficitário, fazendo-nos perder no caos e na confusão que preenche o nosso ecrã.

Por ter recebido ambos os jogos ao mesmo tempo decidi que ia dedicar um limitado número de horas a cada um, especialmente porque ao contrário do que eu próprio tinha anunciado no artigo de Final Fantasy XIV, parece-me que o meu adeus aos MMORPGs pode não ter acontecido. É que do que joguei de ambos, parece-me que houve um grande crescimento conceptual e mesmo de modelo de cativação para os seus mundos.

Black Desert Online

Black Desert Online

Black Desert Online apresenta-nos um mundo deslumbrante, verosímil, sem fast travel, e onde caminhar entre cidades é uma tarefa que tem sido percorrida a pé ou a cavalo. Neste sentido os automatismos ajudam imenso, já que é possível definir trajectórias para os cavalos trilharem, e durante o qual podemos simplesmente o maravilhoso trabalho que o estúdio Pearl Abyss teve em todo o jogo. BDO apresenta o visual que esperaríamos de um AAA single player, mas não é. E parece-me que a decisão de apostarem num modelo buy-to-play (semelhante ao que o GW tinha) poderá ser uma resposta para manter uma comunidade mais adulta e mais livre de trolls. O que ajudará imenso à seriedade e maturidade que este jogo com imensa violência gráfica, sangue e desmembramentos possui.

Blade & Soul

Blade & Soul

Blade & Soul tem mantido quase todo o Ocidente com os olhos postos, desde o seu lançamento na Coreia em 2013. Criado pelos mais do que experientes e veteranos da NCSoft, B&S tem conquistado toda a gente por trazer algo que não sendo inovador, está perfeitamente bem-conseguido: um setting totalmente oriental.

Ainda que ambos os jogos de que estamos a falar tenham alguns toques orientais na sua linguagem (e foram ambos desenvolvidos por estúdios coreanos), BDO tende a levar o seu ambiente para a fantasia medieval com laivos orientais, enquanto Blade & Soul é totalmente um mundo de artes marciais, senhores feudais e mitologia oriental.

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Blade & Soul

À semelhança de BDO, o combate também é action-based, em que as combinações de golpes tem igual espectacularidade, relembrando o que de melhor tem saído em action RPGs single player. Blade & Soul tem um mundo menos realista do que BDO (se é que fantasia medieval pode algum dia ser apelidada de realista) mas é esse aspecto de tom artístico asiático contemporâneo que lhe dá todo o sabor.

Parece-me que ambos os jogos são um passo à frente no género, e cada um à sua maneira contribuirá (acredito) para uma revitalização dos MMORPGs no Ocidente. Mas como é expectável, os MMOs são jogos de entrega singular, e dificilmente conseguimos dedicar-nos a mais do que um em simultâneo. E ainda que tenha adorado Black Desert Online e tudo o que de exímio que irá certamente alcançar, há algo na forma como a NCSoft consegue manter um gancho aos seus jogadores. Comparando os prólogos de ambos os jogos, é mais do que óbvio que a veterania da NCSoft na concepção de Blade & Soul salta à vista, agarrando-nos desde o início da narrativa, aproveitando todos esses pequenos momentos para nos fazer um tutorial dissimulado, ao mesmo tempo que nos mergulha na perfeição neste mundo tão belo.

Blade & Soul

Blade & Soul

Black Desert Online tem essa falha, e percebemos que a imersão no jogo chega apenas algumas horas depois do seu início, quando já domesticámos toda a confusão que por ali ocorre. É claro que o enredo algo esquecível pouco ajuda a manter-nos conectados, mas quando o fazemos…percebemos o genial MMO que aí vem.

Este ano de 2016 será um excelente ano para os MMORPGs com dois exemplos de jogos soberbos que serão lançados e que trarão um novo fôlego ao género. Da minha parte, parece-me que já fiz a minha escolha. Ainda que BDO pareça tecnicamente mais surpreendente, o setting, a execução e o gancho constante que Blade & Soul me trouxe nas mais de dez horas em que lá “vivi” demonstraram que o meu regresso ao género está para breve. Dia 19 de Janeiro para ser mais específico.

Nota: um agradecimento e um abraço ao grande Rui Parreira da Bgamer que não só nos relembrou da beta de Blade & Soul como nos enviou códigos para a experimentarmos.