Amristar, 1841. A cidade do famoso templo dourado, mais visitado que o próprio Taj Mahal, é palco para o segundo título da trilogia que começou na China e terminará na Rússia. A série Assassin’s Creed conta histórias fictícias com base em factos reais e a trilogia Chronicles capta alguns dos acontecimentos que revelam um passado culturalmente muito rico. Nesta fase do império Sique, veste-se a farda de Arbaaz, um mestre assassino do séc. XIX que, a par com outros objetivos e situações que o movem a cometer assassínios e a atirar-se para fardos de palha sem partir as costelas, tenta reaver o diamante Koh-i-Noor que foi roubado pelos templários. Um diamante que existe, na realidade, dos mais pesados encontrados até hoje, “confiscado” do império Sique pelos britânicos e que é neste momento parte integrante da coroa de Queen Elizabeth.

Assassin’s Creed Chronicles: India dá continuidade ao anterior da série com um novo revestimento. Conseguiria descrever o segundo capítulo da trilogia de Assassin’s Creed Chronicles só com o mugir de uma vaca, porque é descaradamente um milking do primeiro desta trilogia que tinha a China como pano de fundo. Mudam os protagonistas, muda a ambiência, muda a história. Uma crónica que termina quando deveria começar, cliché, cópia parcial da cronologia chinesa, que não arrisca um único passo mas que irá seguramente petiscar com as vendas. E nada melhor do que incluir 3 países de grandes mercados num título para atrair as pessoas desses países a comprar. E porque não Assassin’s Creed Chronicles: Portucale? Hispania? Comprariam um jogo e falariam muito sobre o jogo se o pano de fundo fosse Lisboa?

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Visualmente bonito, com artistas que desenham com mestria, é a maior validação para o jogo existir. Senti-me um pouco enganado quando os créditos apareceram. Segundos antes exclamava “Ah, agora vai!”. Não. Não. Ao mesmo tempo não me posso sentir enganado porque é uma crónica assumida, um pequeno conto revestido com pequenas curiosidades que nos fazem relembrar a ganância britânica, o imperialismo praticado pela força das armas e pelo poder naval em busca de rotas comerciais igualmente usadas por soberanos e piratas.

O gameplay é uma reciclagem do primeiro jogo desta trilogia, e uma reciclagem de alguns outros jogos de plataformas. Numa pequena análise a Assassin’s Creed Chronicles: China, referi que “O escalar de estruturas ou edifícios, o combate, a aproximação stealth, a evasão e os esconderijos estão muito evidenciados, com níveis rigorosamente organizados para que sejam percorridos sem quebras de uma ponta à outra. O que permite terminar esta primeira parte da trilogia sem maior esforço, que posteriormente desbloqueia uma segunda e terceira playthroughs mais dificultadas. Podemos optar por terminar um nível como um fantasma e sem matar um só inimigo ou podemos escolher por decorar as paredes de vermelho carmesim e esconder os corpos que se acumulam ao longo do caminho.” Posso usar as mesmas palavras para Assassin’s Creed Chronicles: India.

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Pouco mais encontro nesta Índia do séc. XIX que, ao contrário da China, não cativou muito para conhecer um pouco mais sobre a sua cultura. Os elefantes estão presentes, mas as vacas sagradas não fazem parte do elenco animal. Um hint descreve que devo passar devagar pelos pássaros para não alertar da minha presença, parte da mecânica do primeiro jogo da trilogia. No entanto, tal como as vacas, esta Índia não tem pássaros. Onde estão os pássaros?! Uma pequena prova do uso do copy/paste e que se esqueceram de retirar ou assumir alguns pormenores.

Apetecia-me mugir, mugir bem alto para vos passar melhor a mensagem, mas os meus vizinhos podem pensar coisas erradas. Apetecia-me bramir por todas as vacas e chilrear pelos pássaros que ficaram esquecidos. Apetecia-me algo… bom.

Fui então jogar Outlast… e eu preocupado com os vizinhos.