Antevisão a Agatha Christie: The ABC Murders
Escrever sobre videojogos e falar de bigode é logo indicação de que estamos a falar dessa grande bigodaça qual-Chalana dos canalizadores que é o Super Mario. Mas desta vez falamos de outro bigode histórica e desenhado a aparo pela escritora britânica Agatha Christie. Falamos, é claro, de Hercule Poirot.
Na Gamesom o Miguel já falava com alegria do regresso da Mïcroids a um género que a celebrizou, e onde criou obras de histórica importância para o nosso mercado e do distanciamento à sua posição nos últimos anos, de mero publisher de jogos desinteressantes para o mercado mobile. Acho que todos os membros do Rubber Chicken que passavam por um dos pavilhões de business e viam os discretos mas alegremente presentes rollups a anunciar o Syberia 3 e o Agatha Christie: The ABC Murders, baseado no livro homónimo da escritora esboçavam um sorriso incontrolado.
Recebemos o NDA da Mïcroids para assinar no final de Dezembro de Agatha Christie: The ABC Murders, ao que se seguiu o código para download do jogo. Não posso ignorar o entusiasmo que tive com o contacto feito pela editora: do que tinha visto na Gamescom deste The ABC Murders, desde o delicioso visual em cel-shading, ao excelente voice acting, ao regresso puro e duro dos point-and-click murder mystery games, tudo factores que me obrigaram a iniciar o jogo com sofreguidão.
Trinta a quarenta minutos passaram na minha senda de perceber todos os pontos deste Agatha Christie: The ABC Murders, das linhas de diálogo, dos puzzles apresentados para, por exemplo, abrir um cofre, passando pelas reconstruções feitas através de diversas considerações e informações que Poirot desenterra dos seus “interrogatórios” e investigações. Aliando a isto algo que me surpreendeu: a possibilidade de escolher o tom com que falamos com os restantes personagens, tendo essas escolhas consequências óbvias. Esta que parece uma característica tão usual em muitos jogos actuais, é algo que poucas vezes vimos em outros jogos do género ou do subgénero. Um pouco ao estilo dos jogos da Telltale. Experiência que me valeu a obtenção de um achievement quando tratei como uma verdadeira besta a sobrinha da vítima, que chorava descontroladamente enquanto eu fazia a solo a rotina de Polícia Mau & Polícia Mau.
Como disse, trinta a quarenta minutos passaram, e assim que os suspeitos do assassinato de Alice, a pobre proprietária de uma tabacaria em Andover começavam a apresentar-se o jogo chegou abruptamente ao fim. E de repente lembrei-me de algo que a ânsia de jogar este jogo me fez ler superficialmente: esta era uma build de antevisão, que o jogo final será lançado apenas no final deste mês.
Resignei-me: fui subitamente impedido de saber quem é afinal o assassino de Alice. Olhei para a estante onde está esse clássico da Agatha Christie a olhar-me de soslaio mas estaquei a minha decisão. Se os videojogos são o meio que eu escolhi para conhecer este clássico murder mystery, então vou refrear-me de fazer-me um gigantesco auto-spoiler. Venha de lá a versão final, que do que vi até agora, tem tudo para nos manter presos até à revelação final.
Nota: todos os comentários a revelarem a identidade do assassino serão respondidas com uma valente praga bíblica que afecte devastadoramente o frágil trânsito intestinal dos respectivos autores.