O bichinho que This War of Mine me implantou

Já mais do que uma vez falei o quanto This War of Mine significou para mim como ponto de viragem, em especial à forma como vejo e recebo os jogos de sobrevivência. Antes disso o How to Survive tinha-me agradado mais por um ponto de vista de acção do que de sobrevivência por si só, o que convenhamos, ajusta-se ao tema do jogo. Mas o jogo da 11 bit Games, com toda a carga emocional que tinha fez-me querer mergulhar no desafio destes jogos de sobrevivência de equipa. E talvez seja por isso que Forsaken Fortress Strategy, ainda em Early Access no Steam me suscitou algum interesse.

Por muito estranho que isto soe, e penso que é das primeiras vezes que refiro algo semelhante, este jogo que está a ser desenvolvido pelo estúdio Photon Arena tem um péssimo nome. Sempre que me cruzava com ele no Steam, o título mnemonicamente apelava para um jogo de estratégia em tempo real medieval. Não sei se isto é só de mim, mas acredito que parte do segredo de um jogo indie conseguir dar-se a conhecer no meio de tantos que são diariamente lançados é evidenciar-se, nem que não seja pelo nome. Forsaken Fortress Strategy parece-me algo tão genérico como ter um jogo chamado First Person Kill.

Lá começamos o jogo, não sem antes escolher 2 de entre vários possíveis sobreviventes, cada um com características especiais. Alguns mais dedicados ao combate, outros dedicados à vasculha de materiais e alimentos que possam garantir a sobrevivência do grupo pelos trinta dias necessários para que uma equipa de resgate chegue.

O nosso primeiro impacto é com a nossa base, onde, se tivermos os componentes necessários, podemos começar a construir os elementos básicos para a nossa sobrevivência. Construímos uma cama para que os nossos sobreviventes descansem, e damos uma volta ao perímetro. Percebemos que é possível cultivar alimentos, construir uma cozinha, entre outros apetrechos tão essenciais na nossa vida. Vemos que logo depois do muro da nossa base há zombies (ou mutantes, ou lá o que são) a gemerem.

Grande parte do jogo centra-se na pesquisa dos mapas circundantes por loot que nos ajude a sobreviver aos rigorosos trinta dias. Mas cada um destes mapas, cuja dificuldade é enunciada no World Map, é enorme. Eu senti isso no meu primeiro playthrough, em que os meus dois sobreviventes já estavam esgotados de procurar e recolher materiais, e infelizmente, quando a exaustão despontou e eles já cambaleavam pelo mapa, cruzámo-nos com outro grupo de sobreviventes. Armados até aos dentes contra os meus dois jovens que apenas tinham os punhos para se defender, rapidamente descobri uma máxima destes jogos de sobrevivência: a morte está ao virar de cada esquina.

Forsaken Fortress Strategy apresenta uma óptima apresentação, e surpreendeu-me o nível de “acabamento” que já possui neste momento. O bichinho que This War of Mine me implantou está bem presente, ainda que saiba que muitos destes team surviving games como este Forsaken Fortress não têm sequer um milésimo da profundidade emocional da obra de 11 bit Games. Mas é um promissor jogo de sobrevivência onde a morte é uma constante, e onde os gemidos de zombies ou mutantes se mesclam com as linhas ominosas de piano.