Nunca foi tão fácil reformar a sua casa. Com Ricardo e Leonel o trabalho será garantido ou o seu dinheiro e XP de volta. Contacta!
À partida parece que começamos este texto como aqueles flyers não-endereçados que nos enchem as caixas de correio de lixo. Aqueles panfletos feitos em Word a promover os mais diversos serviços, como por exemplo “Mario Mario, o canalizador, desentupimos canos e limpamos o ralo a Princesas”, ou “Senhora asseada faz todo o tipo de serviços domésticos, contacta já, gatão”. Mas não, este título é apenas representativo de algumas horas de completa imersão que eu e o Leonel tivemos há umas noites atrás.
Se há um jogo que nos fez pensar a sério em mergulhar de vez o Rubber Chicken no Youtube foi este Construction Simulator 2015. Já quando falámos do Cityconomy, da mesma empresa, falámos do quão apelativos são estes jogos no mercado europeu, e o sucesso comercial brutal que representam mesmo sem fazerem muito alarido mediático.
Construction Simulator 2015 é, e o título é realmente demonstrativo da realidade, um simulador de construção. Mas a par de Cityconomy, numa tendência que me parece ser a que vai demarcar os simuladores daqui para a frente, permite modos cooperativos nesta abordagem à simulação.
Construction Simulator 2015 passa-se numa pequena cidade alemã junto ao Reno, muito próximo da nossa bem conhecida Colónia, a casa da Gamescom. A nossa cargo estão uma série de trabalhos, que vão de construir as fundações para uma casa, passando por executar as diversas etapas da construção de edifícios. E como bom simulador que é, todos os passos têm que ser devidamente cumpridos. Numa abordagem mimética à vida real, o simulador vai ao ponto de requerer que cumpramos com todos os pequenos passos, desde fazer marcha-atrás para acoplar um atrelado à nossa carinha, a ter de prender todos os mecanismos de segurança (perdoem-me desconhecer as nomenclaturas de toda a aparelhagem de construção). Se necessitamos de x materiais, temos de ir até ao Aki lá do sítio e comprar, empilhar para a carrinha de caixa aberta e trazer até ao local da obra.
À semelhança com Cityconomy, também este Construction Simulator 2015 é um sifão de tempo. E ainda mais quando temos companhia.
Depois de fazer os diversos tutoriais (obrigatórios para se jogar em co-op) e que demonstram como conduzir diversos veículos, como manobrar máquinas (como escavadoras), como comprar materiais, como gerir a nossa empresa e comprar novos veículos e contratar funcionários (NPCs) para a empresa, lá abri um servidor para que o Leonel viesse jogar comigo.
Aceitámos a nossa primeira obra, simples, e que consistia em montar as fundações de uma causa a ser restaurada. Olhámos para a lista de tarefas e dividimo-la. Eu fiquei calmamente a escavar a área necessária da obra, enquanto o Leonel foi buscar o porta-contentores da empresa para transportar a gravilha. Terminada a escavação, o Leonel foi entregar a terra recolhida e a gravilha até à central de recepção, enquanto eu fui comprar tijolos e carregar com um empilhador as paletes para a carrinha. Quando terminei de empilhar, o Leonel apareceu na loja para conduzir a carrinha enquanto eu fui no lugar do pendura. Depois de mais uma série de tarefas lá terminámos a nossa primeira obra, e recebemos dinheiro e XP que fez evoluir a nossa companhia um nível.
Ainda assim, há uma série de mecânicas menos “realistas” que permitem agilizar a jogabilidade. Para além de nos podermos teleportar para dentro de qualquer veículo da empresa (mesmo que um jogador esteja nesse momento a conduzi-lo, levando-nos a sentar-nos no lugar do pendura), o que permite agilizar algumas tarefas, passando pela possibilidade de pagarmos um valor para que dado veículo ou máquina seja entregue num local específico. É que quem já seguiu, na vida real, uma escavadora pela estrada, sabe o tempo que demora a deslocar uma máquina daquelas de um ponto a outro.
Ao contrário de muitos simuladores que já jogámos, este parece-me bastante sólido na aproximação ao real que quer criar. É claro que eu e o Leonel, como bons portugueses que somos, andámos à procura de exploits que nos permitissem agilizar as quests/contractos. E atenção que nem eu nem o Leonel percebemos muito de obras ou de máquinas de construção, e é bem provável que esta tenha sido a nossa primeira experiência a conduzir e manobrar máquinas pesadas. Tirando a experiência laboral de férias de Verão que tive entre os 16 e os 18 anos num hipermercado e que tive de manobrar imensos empilhadores. Mas menos romantizado do que no Shenmue.
Mas voltando aos exploits que fizemos, foi curioso ver o Leonel a trazer paletes de tijolos para a obra, especialmente na forma como as descarregava para o terreno. Se os tutoriais aconselham a usar o gancho das escavadoras para descarregar cuidadosamente as paletes, o Leonel encontrou uma forma que no mundo real daria dezenas de vídeos virais na internet: abrir as protecções laterais da carrinha e levantar a caixa, fazendo as paletes escorregarem da carrinha para o chão. Simples, prático e eficaz, e nem o Bob, o construtor faria melhor.
Construction Simulator 2015 está repleto de acções mundanas, pouco fascinantes para muita gente, mas um jogo cooperativo que em parelha com qualquer sistema de voz (como o Skype) nos fez desaparecer três horas da nossa noite sem que tivéssemos tido consciência disso. É o problema/requisito deste tipo de jogos: todo o jogo é tão compassado, tão meticuloso, tão “realista” nos diversos passos que temos de cumprir que facilmente perdemos a noção da passagem do tempo.