Charles Cecil aprovou. John Passfield aprovou. Bernardo Lopo aprovou.

Sebastian Frank Viena 1908

 

Sebastian Frank: The Beer Hall Putsch é um jogo português, ainda em fase de demonstração, que procura financiamento como tantos outros através de crowdfunding. É a procura do prémio da lotaria, mas não é um prémio que cai do céu ou se ganha apenas por sorte, ganha-se com muito trabalho e planificação, honestidade na apresentação e honestidade no valor monetário que se pede. A campanha no indiegogo de Sebastian Frank para angariar (e cativar) investimento tem isso tudo, coisa que Hush, por exemplo e mencionando outro jogo português, não tinha.

Porém, há algo que não está a atrair backers porque em 13 dias de campanha só apresenta 7% do valor total pretendido. Pela média irá terminar com 20% até ao final da campanha. Poderemos chamar de fracasso? Sim, é uma campanha fracassada. Haverá factores que podem reverter esta inevitabilidade? Sim, mas é de uma probabilidade enorme. Não entendam no entanto o uso do termo “fracassado” como um término de alguma coisa, mas sim um marco de aprendizagem para qualquer uma ou um que se aventura nisto de conseguir o apoio (e o dinheiro) de centenas ou de milhares. Ou de uma editora. Não é fácil, é arriscado, pode desmotivar qualquer boa pessoa no momento que o valor conseguido não chega para pagar todo o tempo que já foi investido até chegar àquele ponto. É que para uma grande massa não basta ser bom, é preciso entrar a matar.

Mas não desanimem, o universo do financiamento (e do crowdfunding) de videojogos é mesmo assim. É do mesmo universo onde uma salada de batata foi notícia na TV. O mesmo universo do Peter Molyneux em “era uma vez um deus”. E o mesmo universo, muito nosso português, onde tudo tem sido desviado não se sabe bem para onde ou para quem (referindo-me aos fundos europeus). E num universo paralelo poderia ser pior: Donald Trump protagonista de Last of Us 2 com uma campanha Kickstarter anunciada durante E3 na conferência da Sony.

 

train_Sebastian Frank

Portugal está cheio de bons artistas gráficos e visuais, e com Sebastian Frank é mais uma prova disso. A mão que ilustra Sebastian Frank dá um ar cartoonesco maravilhoso ao setting alemão num período que sucede a primeira guerra mundial e onde Sebastian deverá impedir a ascensão de Adolf Hitler ao poder. Só não consegui ainda confirmar se algumas personagens são entidades vampíricas.

A demo de apresentação “Vienna Prologue” foi disponibilizada na mesma campanha presente no indiegogo. Joguei uma, joguei duas, joguei três vezes. Agarrou-me à primeira. A música apropriada não cansa, com raízes populares da nossa capital antiga ainda que num contexto alemão nos divide entre duas culturas distintas. O humor flui entre boas e não tão boas piadas por actores que irão ter muito trabalho pela frente, desde a captação à expressão das personagens e que deverá ter uma especial atenção da direcção de actores. Mas é também para isso que o financiamento deverá servir, melhorar cada aresta até ficar naquele ponto bem cozido como um judeu, diria Hitler.

Sebastian Frank Vienna Prologue

 

Já os puzzles e a interacção com as restantes personagens, algo carismáticas, apela para o que virá a seguir. É um jogo com grande potencial, mas o potencial deveria também estar todo concentrado numa campanha sem a necessidade de o experimentar. Neste pequeno excerto do que se espera ser uma larga aventura point-and-click mostra que esta pequena equipa é honesta quando afirmam que estão motivados com uma forte paixão por este projecto. E isso deveria bastar para apoiar esta equipa de Coimbra que desenvolve Sebastian Frank.

Nós já o fizemos. E não interessa se o dinheiro nos será devolvido. Faremos o mesmo na próxima.

contribution_Sebastian Frank

Podem fazer o download da demo aqui.

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