Olá, amigas e amigos bestiais. Como estão hoje? Queria desde já desejar um Feliz Dia dos Namorados – essa efeméride particularmente inútil (se pensarmos bem, podemos dizer todas as efemérides são inúteis) – a todos vós. Que tenham felizes engasgamentos em sangria e vinho tinto emborcados nos vossos jantares românticos forçados, que a comida venha alegremente mal passada e que terminem plenos de contentamento com uma conta exacerbadamente choruda e manchas de azeite na camisa.
Eu? Eu estou bem. Porque é que havia de estar mal? Não estou a perceber a pergunta.
Decidi apelidar este dia de St. Ballantine’s Day em honra da garrafa de whisky que estou a beber enquanto escrevo este artigo – e gostaria de deixar aqui bem claro que eu sou um homem adulto e posso chamar a este dia o que bem quiser. Depois disto vou voltar para os meus amigos pombos em Hatoful Boyfriend. Esses sim dão-me atenção e ficam felizes com alpista. Eles não me pedem para gastar rios de dinheiro em jantares gourmet ou roupas caras. Andam sempre todos ao léu, coitados.
Estive a jogar Hatoful Boyfriend: Holiday Star nestes últimos dias e devo dizer que ele me soube mais a um omake ou a uma expansão do que a uma sequela propriamente dita. A história não tem o mesmo impacto dramático do primeiro jogo, que me trouxe inesperadas lágrimas aos olhos quando consegui completar o “true ending”, que só é possível de obter depois de termos alcançado todos os outros finais. O primeiro jogo foi uma inesperada quasi-obra-prima do ponto de vista das visual novels nakige/otome. HB:HS é mais uma celebração da pombalice do primeiro: está dividido em 4 episódios principais e 6 episódios curtos, sendo todos bastante auto-referenciais e cheios de paródias a outras tropes culturais, principalmente japonesas. Apanhamos referências a Phoenix Wright e a Heartcatch Pretty Cure, entre outras. Ele também traz uns extras em forma de programa de rádio que nos dão a conhecer mais sobre as personagens e que responde a perguntas que nos interessam a todos como: “Os pombos usam calças?”
O pombal do jogo anterior está de volta: Ryouta, o amigo de infância; Sakuya, o rico arrogante; Yuuya, o mulherengo; Anghel, o chuunibyou; Nageki, o tímido; San, o atleta; Kazuaki, o professor narcoléptico; Shuu, o doutor diabólico. Somos introduzidos também a novos personagens como Tohri, o artista; e Miru e Kaku, dois pombos inseparáveis que não fazem mais nada que não causar ou envolver-se em sarilhos (já diz o provérbio: “Um pombolema nunca vem só”) – infelizmente não vamos poder cortejar e mostrar a penugem a estes personagens novos. HB:HS é constituido por episódios relativamente lineares e não tem o conceito de “dating sim” do jogo anterior. É lamentável, mas não é algo necessariamente mau – Holiday Star é um título particularmente direcionado a quem já jogou o anterior e conhece ou é fã da série. Se nunca jogaram o primeiro Hatoful Boyfriend, então não é aconselhável começarem por este. Também é desaconselhável para quem tem alergia a pombos ou é republicano. Só tenho pena de não ter arranjado um parceiro neste jogo ao meu personagem, ao qual dei o nome de Currupaco Bandeira – nome que foi cortado forçosamente para Currupac devido ao aparente limite de oito caracteres que os nomes de pombos têm (e ainda resisti em chamar-lhe de Currupac Shakur).
Bem, agora que acabei a garrafa de whisky, está na hora de ir jantar. Até logo e Feliz St. Ballantine’s Day!