Nunca ouvi falar no primeiro. Na realidade, nem nunca tinha ouvido falar em nada disto até os meus pais me arranjarem este jogo assim que me compraram a PlayStation 2. E confesso, para um miúdo que até aquela atura só tinha tido consolas da SEGA, poucos foram os platformers de duas dimensões que conseguiram chegar ao nível de Klonoa 2: Lunatea’s Veil.

Há algo de muito espectacular em Klonoa 2: Lunatea’s Veil. Enquanto jogos de plataformas de gerações anteriores se focavam em migrar para a terceira dimensão ou em mostrar o elevado poder de processamento da sua consola, este jogo toma um passo muito epicurista e menos radical face ao seu antecessor. É um jogo de 2001 e a verdade é que poucos foram os que envelheceram tão bem como este, a meu ver, devido àquilo que tentava alcançar.

Klonoa (3)

Como já disse, é um platformer de duas dimensões, algo que na Playstation 2 poderia parecer antiquado. A questão é que ser um platformer de duas dimensões em nada o impede de tirar partido de gráficos em três dimensões e de colocar o seu plano de duas dimensões a deformar-se pelo novo eixo que a tecnologia desbloqueou. Isto torna o jogo fresco e tira uma dificuldade (que ainda existe nos dias de hoje) do drawing board, que se chama posicionamento de câmara em espaço tridimensional.

E até a direcção artística joga pelo seguro: Se olharmos para Klonoa 2 reparamos o quão pouco dependente de texturas está e o quão benéfico isso se torna de um ponto de vista de desempenho de hardware, como de um ponto de vista estético. Jogos como estes chamam-me à atenção do quão importante é um ecossistema de development saudável, algo que nos dias de hoje simplesmente não existe.

Klonoa (5)

Quanto à história deste jogo, é simples e eficaz, com uma plot twist aqui e ali. Mas o que torna Klonoa 2: Lunatea’s Veil tão especial é ter ousado iterar em terreno seguro, melhorando o que já estava implementado, e não tentar reinventar a roda. O gameplay é suficientemente variado para conseguir ser jogado apenas numa sessão de jogo de sensivelmente 8 horas sem se fazer sentir chato, e a introdução de mecânicas é feita de forma suave e de acordo com o que foi aprendido com os anos dourados do game-design. À excepção de pequenas nuances de metroidvania aqui ou ali o jogo é bastante linear, mas adequa-se bem ao género em questão e ao seu rating de ERSB – E for Everyone.

Klonoa 2 é o último grande platformer que me lembro de jogar e isto porque está constantemente ciente do hardware para que foi concebido e também daquilo que pretende alcançar, usando como exemplo todos os jogos que haveriam encantado os nossos lares em gerações anteriores. E hoje, mais deveriam ser os jogos que tomam este como exemplo.

Os meus melhores cumprimentos,

Bernardo

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PS#2: Klonoa 2