A Valve costumava fazer jogos. Podem não se lembrar, mas é verdade. E fez alguns jeitositos! Alguns que, de uma maneira ou de outra, entraram para a história como marcos incontornáveis no mundo dos videojogos.  Mas a Valve fez mais, muito mais do que apenas criar videojogos. Não estou a falar só do Steam, o gigante na área de distribuição de jogos e conteúdo digital. A Valve criou alguns dos seus jogos como um miúdo a brincar com Lego que quer mostrar o seu serviço. Uma espécie de “olha só o que isto dá para fazer”, a trincar a língua com um sorriso de desafio. Essa é, aliás, uma das críticas mais recorrentes ao universo Half-Life: os jogos estão construídos como uma espécie de showcase do motor de jogo. Lançada a ideia do isco, a Valve desata a despejar baldes cheios de isco suculento para as águas dos videojogos. Tomem o motor de jogo. Tomem as ferramentas de desenvolvimento. Façam. Criem. Mostrem! Brinquem! Joguem!

half life

Depois, senta-se, qual Leão à sombra de uma Acácia, observando a sua prole a brincar. Atento. Alerta. Quando surge alguma criação interessante, ergue-se e caminha, felina, sem ruído mas com propósito. Aborda os criadores e puxa para si a “presa”, tornando-a sua. Foi assim com Half-Life, com a Valve mais tarde a pegar e a distribuir jogos como Day of Defeat e Counter-Strike. Depois a Valve encarregou-se de os migrar para o motor Source. E, embora o Counter-Strike: Source tenha ficado um pouco aquém das expectativas, o mais recente Counter-Strike: Global Offensive – que também teve um começo pouco auspicioso – reergueu-se com base em mais uma fisgada do leão: com a ideia incubada em Dota 2 e Team Fortress 2, desenvolveu itens cosméticos para o jogo, criando toda uma infraestrutura para microtransferências e trocas que esteve na base do crescimento do jogo.

Pelo meio, as brincadeiras com o Workshop do Dota 2 deram frutos – os content creators criavam itens como armas, armaduras, wards, couriers, loading screens ou HUDs, a Valve lia o mercado, escolhia alguns e lançava-os no seu jogo. Quem ganha com isso? Todos. A Valve ganha conteúdo extra para os seus jogos, os jogadores ganham-no também, e os criadores de conteúdos vão buscar a sua fatia em dinheiro também. Os números actuais não são conhecidos, mas, a julgar pelo volume crescente de items nas workshops de diversos jogos, a actividade continua apelativa.

Counter Strike Source

Pois bem, esta rubrica irá debruçar-se sobre um novo “isco” que a Valve lançou. Com o desvendar do novo motor Source 2 no Dota 2, a Valve disponibilizou todas as ferramentas necessárias para a criação de jogos que tirem partido da nova tecnologia. Desde então, a lista de novos jogos continua a crescer e conta com quase 1000 entradas. Todos gratuitos, todos facilmente acessíveis dentro do jogo de Dota 2, bastando um clique para instalar e outro para começar a jogar. Uns não se assumem sequer como um jogo, como o Neutral Camp Spawn Boxes que é apenas o mapa de Dota 2 com a indicação das spawn boxes dos neutral creeps que jogadores e equipas profissionais usam para treinar. Outros são apenas versões diferentes do Dota 2, com o espectro a ir desde lutas de skillshots até batalhas campais com 20 jogadores com personagens completamente alteradas. Mas outros… ahhhhh outros… outros são jogos completamente diferentes. Desde jogos de corridas, a tower defense, passando por RPGs ou futebol, há um verdadeiro mar de escolhas. E é aí que vamos mergulhar. Talvez passemos um pouco pelos nomes grandes, que a própria Valve desenvolveu ou que resolveu apoiar com o acesso a servidores dedicados, mas em princípio vamos mergulhar noutros que não o Overthrow (uma espécie de Deathmatch onde ganha a equipa – de 1, 2, 3, 4 ou 5 elementos – que atingir primeiro determinado número de mortes) ou o Colosseum (um mapa de captura de pontos com armadilhas activáveis pelos jogadores, a fazer lembrar um Team Fortress 2 versão MOBA/ARTS).

Overthrow DOTA
O nome? aDOTA-me. Porque é bem provável que a Valve continue a manter a sua postura e queira adoptar alguns destes jogos e torná-lo a sua next big thing. Porque o adopta-me.org é um site fantástico que incentiva a adoptar animais em vez de os comprar. E porque me apetece.