Perdidos e Machados #6 

Esta aula é sobre aquele fantástico dia festivo que aconteceu esta semana, que foi o Dia dos Namorados. Também conhecido com dia de São Valentin. Porque nada diz amor eterno do que festejá-lo no nome de um santo que foi apedrejado e decapitado porque se recusava a fazer sacrifícios em nome dos Deuses Romanos. Bom… adiante com a nossa aula.

Como estava dizendo, o amor, os casais, o funaná pelado, mesmo nos videojogos é algo muitas vezes representado de muitas formas e feitios, mesmo das maneiras menos óbvias, como vamos ver pelo pedido do R.A.C.

Professor Machado, mestre da arqueologia dos videojogos, eu ando à procura de algo que jogava na minha Family Game, com a minha família, era um jogo de NES, uma espécie de puzzle game em que controlava dois protagonistas ao mesmo tempo. Um ele e uma ela. Que se movem de forma simétrica.

Obrigado

R.A.C.

Portanto, jogos de amor, meus queridos alunos, jogos de amor. Não há nada mais bonito que o amor. E que melhor maneira de expressar o amor do que com jogos, de casais?

Encontrar este pedido não foi fácil, não fosse o grande Doutor Serra, a quem eu desde já agradeço, um colega e amigo, com um conhecimento empírico e académico de videojogos gigantesco talvez nunca o tivesse encontrado.

Sabendo que este jogo estava em campos da NES, a minha mente foi imediatamente puxada para Ice Climber. Ora era obvio, que as aventuras de Popo e Nana que datam de 1985, e foram produzidas pela Nintendo Research & Development 1, não seria o que R.A.C. procurava.

Ice Climbers

Primeiro, por ser um jogo tão conhecido, era claro que já teria batido nos olhos de R.A.C. e ele conheceria, nem que fosse das últimas edições de Smash Brothers. A outra coisa que permite eliminar Ice Climber da corrida é que, podia ser jogado em modo singular, ou a dois (co-op ou vs.) mas os personagens não se moviam de modo simétrico.

Popo e Nana, são muitas vezes representados com uma corda entre os dois, e está perfeito, porque não é isso que é o amor? Estar ligado a alguém que quando está em baixo nós puxamos para cima, e vice-versa enquanto damos marretadas em placas e animais à procura de vegetais?

Mas a minha busca levou-me a outro campo, ao de The Adventures of Lolo III. Saido em 1990 pela HAL Laboratory, é o último da série, protagonizado por Lolo e Lala. Um dia vamos fazer uma aula sobre originalidade de nomes nos videojogos…

The Adventures of Lolo III

Contudo este não era o jogo do R.C. também. Apesar de ser um puzzle game para a NES, o jogador apenas podia controlar um dos personagens, e não os dois em simultâneo. E aí é que estava o meu problema. Mas olhando bem para The Adventures of Lolo III, não é isso que é o amor? Um casal que resolve puzzles para derrotar um rei que lançou uma poção sobre todos os seus amigos transformando-os em pedra?

Caros alunos, eu estava a chegar ao desespero, era cada vez mais difícil encontrar jogos dentro destas características, até que o Doutor Serra salvou este Perdidos e Machados, quando numa das nossas conversas académicas falámos de Binary Land.

A Hudson Soft lançou este jogo em 1985 para a Famicon, onde o jogador tem que unir Gurin e Malon, os pinguins apaixonados através de labirintos. Os movimentos dos dois era simultâneos, e espelhados (mais ou menos como puderam ver pelo vídeo) e o jogador tinha que os fazer atingir o objectivo comum no topo. Porque não é isso que é o amor? Seguir caminhos paralelos e enfrentar adversidades lado a lado para atingir a mesma meta, como dois pinguins que só querem cair nos braços um do outro?

Se não é, não sei o que será…

A aula fica por aqui caríssimos. Vão dar valor às vossas caras metades, não só porque foi dia dos namorados, mas porque é dia, todos os dias.

Para a semana, voltamos ao registo normal de ensino.