Todos nós já deixámos uma moeda cair ao chão. Umas vezes calha cara, outras vezes calha coroa. Mas há sempre uma pequena probabilidade de ela cair de pé, fazendo-nos correr atrás dela. Em Dub Dash nada disto acontece, mas as semelhanças são grandes enquanto a moeda rola até um buraco no passeio cujo o propósito é dispensar águas para o esgoto: Além de nos ridicularizar, parece sempre andar a uma velocidade superior à que nós conseguimos acompanhar.

Dub Dash

Olééé!!!

Dub Dash é um endless runner rítmico para Steam, iOS e Android, em que no último caso é gratuito de adquirir estando vulnerável aos anúncios sempre que perdemos. Também presente nas últimas duas plataformas e certamente título inevitável quando entendemos o conceito de Dub Dash está Geometry Dash, que nem todos ouvimos falar, mas que se tornou bastante popular entre o meu grupo de amigos e aparentemente no Canadá, onde foi a aplicação mais vendida para iOS em Junho de 2014. Em Dub Dash controlamos um disco que rola verticalmente por entre obstáculos e estamos encarregues de o fazer desviar para a esquerda e para a direita com um movimento parabólico, à semelhança de um salto na presença de um campo gravítico. Em Geometry Dash o mesmo sucede, mas apenas existe uma direcção para saltar. É daqui que concluímos que Dub Dash itera sobre este, introduzindo novas mecânicas em cada um dos dez níveis disponíveis, níveis esse que dão imensa, imensa luta. Essas mecânicas que coexistem com a mecânica inicial que descrevi são suficientemente díspares para a jogabilidade se fazer sentir fresca à medida que a dificuldade aumenta, e por vezes capazes de desorientar até o jogador mais preparado, da primeira vez que joga um novo nível.

Dub Dash (2)

CTRL+C & CTRL+V de Geometry Dash. Mas esta representa apenas uma das muitas mecânicas do jogo.

Graficamente o jogo é bonito e hipnotizante, mas claramente foi desenvolvido para brilhar nos pequenos ecrãs em oposição aos ecrãs dos computadores. O feedback visual encontra-se nos locais correctos nos tempos correctos e é impossível dizer que foi montado ao critério do livre arbítrio. É bom e recomenda-se. O que este jogo não tem, no entanto, é avisos suficientes a pessoas com historial epilético, confesso que até eu me senti nauseado ao início (e tenho cadastro limpo).

A banda sonora claramente não foi feita com os mais instruídos a nível musical em mente. Foi desenhada da mesma forma que inúmeros jogos de ritmo de outros tempos, um compasso que toca em ciclo ao longo do nível e ao qual vão sendo adicionados instrumentos que tocam as mesmas coisas ou pequenas variações. Estas melodias, por vezes, não passam de simples arpeggios tocados com instrumentos digitais e batidas quadradas da tua suite de instrumentos digitais freeware, mas os últimos níveis conseguem ser ligeiramente mais interessantes a nível musical. E, apesar de pela banda sonora partilhar uniformemente dos mesmos erros, é responsabilidade de diversos artistas. No entanto, é fácil concordar que esta música está lá para um propósito e o alcança decentemente, mas não esperem nonas sinfonias. Não gostar de música eletrónica será certamente impeditivo e, apesar de dar a entender pelo nome, nem só de “Dub Step” vive Dub Dash.

Dub Dash (3)

Uma das poucas situações onde acho que a expressão double trouble faz sentido.

O jogo conta também com um modo Challenge (gerado “aleatoriamente”, para ganhar vidas para podermos usufruir de checkpoints nos modos de jogo) e modo multi-jogador até quatro jogadores que podem partilhar o mesmo teclado e/ou vários gamepads. Resume-se a ver qual dos jogadores aguenta mais tempo nos níveis da campanha em ecrã dividido, tem muito potencial mas sofre do comum problema de o dono do jogo ter uma enorme vantagem sobre os outros jogadores, já que é um jogo muito dependente da prática e treino de reflexos. Este último modo é exclusivo da versão Steam.

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Quem espreitar para o ecrã dos outros jogadores tem clara vantagem.

O que é realmente uma pena é que, no final, Dub Dash se faça sentir um jogo móvel portado para PC, já que existem inúmeros tweaks que poderiam ter sido executados para uma navegação mais natural, principalmente na utilização dos menus. Por exemplo, irrita-me solenemente que, depois de morrer, tenha sempre de recorrer ao rato para recomeçar o nível, já que a acção decorre exclusivamente no teclado. A nível gráfico e de desempenho não tenho rigorosamente nada a apontar, a apresentação do jogo (e o preço acessível) é sem dúvida o maior apelo deste belíssimo jogo, mas esta indecisão sobre se é cara ou coroa (se é um jogo mobile, ou para se jogar no computador) poderá colocar-vos a considerar onde adquirí-lo.

Dub Dash está disponível no Steam para PC e Mac (ainda que, até à data, a versão Mac não esteja a funcionar) por 4,99€, 1,99€ para iOS. Gratuito para Android. Bom proveito, não tem de quê.