Kôna (1)

Eu sei que a piada é pueril, mas não consigo evitar fazê-la. Desde que marcámos uma antevisão de Kôna: Day One na Gamescom para o Isaque que o número de piadas sobre ele ir ver Kôna e mais umas dezenas de boas e más piadas aproximaram o número de graçolas infantis, como diria o senhor do meme “too damn high!”.

jimmy-mcmillan

Mas meses depois, e ainda com um sorriso na nossa cara sempre que falamos deste jogo, e já aqui anda Kôna: Day One, um jogo de aventura e sobrevivência que nos leva para o cenário inóspito de Kôna, na tundra canadiana.

Um pequeno grande louvor que tenho de fazer (e aqui tenho o olhar crítico da minha formação académica) ao GUI deste Kôna. O interface do jogo tem uma elegância, uma subtileza, uma apurada noção ergonómica, que seria injusto em não comentar. Não sei se é defeito profissional esta atenção ao design dos interfaces, mas diversas vezes encontrei jogos que não estão “um patamar à frente” pelo descurado tratamento que dão ao seu design. Kôna é uma delícia*, e dei por mim a perder tempo a observar as pequenas subtilezas nas soluções que o seu GUI designer criou para torná-lo um dos interfaces estetica e funcionalmente mais surpreendentes que já vi.

Kôna (2)

Há uma vibe de aventura clássica na primeira pessoa em Kôna*. Há muito de Myst e de Amerzone neste jogo do estúdio canadiano Parabole (leia-se, em francês, Párrabóle). O ambiente é cinematográfico, enquanto ouvimos uma voz grave a narrar cada um dos nosso passos, a aquecer os poucos momentos de proximidade e humanidade na paisagem desértica invernal da tundra canadiana. E é o frio uma das adições ao jogo (e ao género) que ao bom estilo dos jogos de sobrevivência temos de observar o risco de hipotermia para o nosso protagonista (quase) silencioso, o detective Carl Faubert. O calor é a nossa fonte de conforto e também a forma que temos para salvar o jogo.

Kôna

Como bom thriller policial que é, Kôna: Day One coloca-nos a investigar um crime em locais inóspitos, e o primeiro local que temos para investigar (e para resolver uma série de puzzles) é uma bomba de gasolina abandonada. É aqui que percebemos as fortes ligações de crossover que a Parabole fez entre aventura e survival game, já que temos de combinar itens ao belo estilo de crafting que se tornou quase regra obrigatória desde Minecraft.

Kôna (3)

Kôna: Day One ainda não está terminado, mas a tremenda cinematografia que apresenta coloca-o como um promissor jogo narrativo. A envolvência musical e de ambiente ajudam a criar o tom certo para um jogo que vive desta imersão nos rigores do Inverno e de que forma é que conseguiremos resolver o mistério que assombra este canto esquecido da terra.

Quase que é possível sentir o frio gélido da tundra que nos arrepia a espinha.

* Estas frases ficaram a soar bastante mal, e não era intencional torná-las em chalaças.