Ou The Legend of Zelda pela lente de Christopher Nolan
Ou… The Legend of Zelda: Twilight Princess.
Ao olhar para esta introdução até parece que estou a criticar o jogo, mas não é o caso.
Já vão quase 10 anos, desde que joguei Twilight Princess pela primeira vez. Mais perto dos 9 do que dos 10 sendo que ele foi lançado para GameCube no final de 2006, mas isso são pormenores. O importante é que eu andava à espera de um novo Zelda há anos, depois de Wind Waker, tendo visto imagens, lido reportagens e antevisões, aturado os atrasos eu só queria ter nas mãos o novo jogo. Ainda um bocado irritado pelo facto que alguns dos atrasos eram para conciliar o lançamento do jogo em simultâneo para a GC e a Wii, comprei-o para a mais subvalorizada das consolas da Nintendo. Aquele que eu esperava ser a sua Opus Maxima, o seu canto de cisne, a obra que viria colocar todos a dizer “A GameCube é uma consola do *******!”
Assim como a Nintendo já fez o ano do Luigi, do Mario e andou a festejar os 20 anos de Pokémon, devia fazer deste ano o Ano de Zelda, porque é o que me parece ser. Twilight Princess HD, Hyrule Warriors 3DS, Zelda HD, e quem sabe o que mais vai ser lançado até final do ano. A questão é que a data é apropriada para os festejos, tendo em conta que o franchise faz 30 anos, e não falta material para o RRR. (Rambóia, Regabofe e Rapioca)
Mas voltando ao assunto principal…
O Ricardo pediu-me um artigo sobre o TP, e apesar de andar atolado em ****** para fazer no emprego, esgotado, dorido e a funcionar com os restinhos de pitróil que ainda tenho no tanque, eu não podia deixar de fazer algo sobre o que para mim é o mais negligenciado dos The Legend of Zelda.
Podem ler o artigo do Ricardo aqui.
“Tired?”
Decidi não jogar todo outra vez, mas como tenho o meu save original, optei por voltar a subir para a sela da Epona e passear pelos campos de Hyrule para ver como envelheceram.
Eu não estou a brincar quando digo que Twilight Princess é uma espécie de Zelda pela lente de Christopher Nolan, porque assim como quando este pegou nos filmes do Cavaleiro das Trevas, após o desastre carregado de néon que o mitológico Batman and Robin supostamente foi (eu recuso aceitar que esse filme existiu *mete os dedos nos ouvidos e fecha os olhos e canta lalalala lala lalala lalala lalala*) o realizador deu-lhe um aspecto mais negro, mais crú, e na medida dos possíveis mais realista. Foi precisamente esse tratamento que deram a TP, após o altamente criticado mas também aclamado Wind Waker, a Nintendo viu-se obrigada a afastar do aspecto infantil e tornar o jogo mais adulto, mais escuro, e mais próximo ao seu maior, e provavelmente mais rentável, sucesso dos últimos anos: The Ocarina of Time.
Isso foi mau?
Nem por isso, porque feito como deve ser. Maioritariamente é importante ver que por mais próximo que esteja de OoT, TP é um jogo que se aguenta bem nas próprias pernas, e vamos ser sinceros: Que jogo de Zelda não é próximo de algum dos outros de uma maneira ou outra? É isso que faz o sucesso da série, a sua continuidade e acima de tudo a sua capacidade a agarrar o melhor dos seus antecessores e melhorar esses aspectos enquanto testa alguns novos.
Eu adoro o OoT, é o meu favorito dos Zeldas, logo seguido de A Link to the Past, e TP vem em terceiro lugar no meu top, mesmo acima Majora’s Mask. Apesar de muita gente dizer que é o melhor de todos e ignorando o facto que 83% dos que o dizem nunca lhe terem tocado. Esta última afirmação é um facto histórico, cientifico, matemático, mitológico, ansiolítico, e inegável por razões que eu nunca irei confirmar.
Há 3 razões principais pelas quais eu considero este jogo superior e gostava que muitos o vissem pelos meus olhos, mas não podemos fazer gregos e romanos concordar em tudo.
Um ambiente e herói adulto
Logo no tutorial do jogo, naquele parte em que andamos na nossa aldeia a aprender a tratar dos animais, a pescar e outras coisas, vemos que Link não é um miúdo, já está na parte mais avançada da adolescência, quase a tornar-se adulto. Pode não parecer importante, mas se olharmos para dois factores muito importantes é de uma pertinência enorme porque não só conseguiu afastar “este” Link, do Link anterior em WW, mas tem uma certa lógica de aproximação do jogador.
TLoZ teria nesta altura 20 anos, o que queria dizer que quem comprou este jogo na maioria teriam jogado pelo menos A Link to the Past, senão o TLoZ original quando saiu como eu teriam acima dos 25 ou pelo menos 16 anos de idade, e seria mais fácil ao jogador identificar-se com um personagem mais adulto do que com uma criança.
O próprio ambiente da aldeia, onde os adultos confiam em Link para as tarefas aliado às crianças que andam atrás dele admirando-o ajudam a criar esta ideia de chegar a uma idade adulta. Todos nós podemos relacionar isso à nossa experiência de vida, é algo que por mais subtil que pareça é de uma importância enorme numa criação de ambiente.
O mundo da penumbra é brilhante
Foi neste jogo que o tamanho das masmorras de LoZ duplicou, por assim dizer. O facto de nós sermos obrigados a passar várias vezes pelo mesmo nível tomou outras proporções. Admito que já tinha sido feito antes, em que teríamos que voltar ao mesmo local com um objecto diferente para ser possível alcançar aquela porta, aquele caminho impossível até então, mas desta vez era diferente. Fazer uma zona como um Lobo e depois como Link “normal” dava um nível adicional ao jogo, apesar de repetitivo não o parecia pois jogar com os dois era completamente diferente.
O Lobo-Link é algo que ainda não tinha sido tentado, e até hoje nunca mais foi reproduzido mas sempre foi das minhas partes favoritas, o facto de ser obrigado a pensar numa outra maneira, de ter quase outro jogo era perfeito, era algo que me metia a pensar e imaginar hipóteses. E há ainda o outro factor. Eu já viajei por Hyrule de várias maneiras, mas poucas dão tanto prazer como correr pelos campos do reino em quatro patas.
O ponto chave
Quando olhamos para os jogos TLoZ sabemos que são relativamente iguais, mas quando olhamos para TP, há um pequeno pormenor que faz toda a diferença, e esse aspecto chama-se Midna. Depois de Navi, a irritante fada de OoT, Midna é não só a companheira que queremos, mas a que merecemos. É carismática, interessante, misteriosa, engraçada… Já parece que estou apaixonado mas não, ela é mesmo uma personagem fascinante.
Não vou falar mais de Midna sem correr o risco de estragar o jogo para quem nunca lhe tocou, mas posso dar a minha palavra que é das melhores personagens alguma vez criadas pela Nintendo nesta saga.
Existem várias outras coisas que podia enumerar aqui sobre TP como o vilão, a cinematografia, a história, tudo é bom, tudo foi esquecido e deixado para trás no rasto de outros títulos mais famosos. The Legend of Zelda: Twilight Princess é uma pérola enorme do catálogo da Nintendo. É pena é que pouca gente tentou abrir a ostra para a apanhar, foi a grande joia na coroa da GameCube, fez a consola sair em grande, mesmo que pela porta pequena.
Para quem dúvida da minha paixão sobre Twilight Princess, a imagem seguinte é da minha perna. E isto é como quem vai treinar tiro no meio do mato às 9 da manhã de um sábado com uma temperatura de 2 graus. Ou é amor, ou é loucura. Só ainda não percebi qual.