A melhor maneira de descrever o que se passou com Blood Alloy: Reborn é: eu não ficaria muito feliz se tivesse apoiado esta campanha de Kickstarter.
Para mim é muito simples a forma como as coisas deveriam funcionar na indústria dos jogos tanto da parte de grandes empresas como da parte de índie-developers , o que no fundo nem deveria ser uma questão a debater, devia ser como é na maioria das industrias, se não está pronto não se pode distribuir, porque ninguém compra uma faca sem lâmina nem um carro sem rodas. O objectivo é conquistar a confiança de novos clientes ao mesmo tempo que garante a qualidade do serviço e promove a confiança dos seus actuais clientes, isto feito à custa de estratégias de marketing adequadas como por exemplo ter um produto final útil para o fim a que se destina, bem desenvolvido e com um preço adequado. Isto falando obviamente de empresas e instituições fidedignas. Mas incrivelmente (e já sem qualquer surpresa) na indústria de jogos de video isto não é o standard, esta nossa querida indústria que nos proporciona tão bons momentos tanto de reflexão como de diversão com amigos, o standard é fazer qualquer coisa que sirva. Não importa se “crasha” de cinco em cinco minutos, não importa se o jogo está acabado, não importa se há 4h de gameplay por 60€, o que importa mesmo é fazer qualquer coisa e pôr à venda o mais rápido possível pelo preço mais esticado que se conseguir.
Acabando com a aula de gestão empresarial e com a minha fúria anti-corp, o que não importou em Blood Alloy: Reborn foi fazer algo mais para além da gameplay, porque tirando isso… Bem tirando isso não há rigorosamente mais nada. Este jogo tentou fugir à responsabilidade de ser efectivamente um jogo, mas não à receita económica que daí advém. Como tantos outros já o fizeram.
Estamos a falar de um sidescroller cujo único método de jogo e objectivo é sobreviver a ondas infinitas de inimigos. Onda após onda após onda após onda… Existem 3 níveis que basicamente são arenas fechadas onde o jogador faz spawn e quando morrer é só começar de novo, empolgante! Ainda assim abonando a seu favor, Blood Alloy: Reborn dispõe de uma banda sonora bastante interessante, completamente adequada ao estilo de jogo, que nos deixa a pensar que não era mau de todo poder ouvi-la até ao fim de vez em quando porque neste jogo morrer é mais comum que ter lag no FarCry 4, e isso é preocupante porque se me querem matar 42 vezes por hora de jogo façam-no de forma adequada, justa e diversificada.
Ao contrário do que seria de esperar de uma campanha tão despreocupada como a de Blood Alloy: Reborn, a jogabilidade é bastante divertida e a opção de comando existe mas eu fiquei-me pelo rato e teclado. A movimentação da personagem é fluída com opção de atacar com espada ou com uma pistola, que em slide no chão ou nas paredes altera as suas propriedades. E há parkour! Ela voa, ela plana, ela sobe paredes verticais, ela faz mortais no ar, ela é um “chimpanzé-lagarto biónico mutante”, ok se calhar excedi-me neste último ponto. Mas apesar de todos estes saltos e cambalhotas, não há nada para fazer, não há um ponto de chegada, não há um objectivo a cumprir, é só entediante. Esta jogabilidade aliada a uma boa história e a um sistema contínuo de níveis fariam provavelmente deste jogo um bom sidescroller. Agora, estando como está, deixem-no ficar na Steam.
https://www.youtube.com/watch?v=cb4kHx0RXu4