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Playstation VR – SCE
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Qual é coisa qual é ela que: É resultado do avanço da tecnologia, tem luzes, permite-nos ver novos mundos, o uso hardcore poderá gerar enjoos e custa 400€?

corsa

Para os interessados no anúncio, carreguem na imagem.

Breaking news: O PlayStation VR já tem data de lançamento e pvp: custará cerca de 400€ e sairá em Outubro deste ano.

psvr

Luzes!

Comparativamente ao HTC Vive e Oculus Rift, que irão ficar disponíveis num futuro próximo, o Playstation VR consegue um preço mais competitivo, mas estas notícias não deverão ser surpresa para ninguém, para mim (e outros membros do Rubber) não certamente. A Sony, para além de ter mais cinquenta anos de experiência a construir produtos de electrónica para o consumidor, consegue monetizar sobre os jogos vendidos para o PSVR. Mesmo que essa monetização não seja concretizada (que acredito seriamente que seja) são produtos que motivam transacções na plataforma PlayStation.

PlayStation VR, neste momento, continua a não ser mais que uma promessa. Quatrocentos euros são trocos quando comparados ao investimento da empresa em investigação e desenvolvimento e principalmente quando comparados ao marketing exigido para o sucesso que o produto aspira atingir. Ninguém vai largar quatrocentos euros por um produto que não conhece nem experimentou e apesar de, tanto quanto parece, a Sony ir levar o PSVR até às pessoas em eventos pontuais (na página de subscrição do newsletter relativamente ao PSVR é dito que este vai andar “em tour“), na minha opinião, o tipo de marketing exigido por um produto destes requer uma booth durante uma quantidade considerável de tempo nos locais de venda mais significativos do país onde as pessoas se poderão informar correctamente e ter a oportunidade de o experimentar. Eu não vejo isso acontecer por não haver conta bancária que aguente esse tipo de investimento no mundo inteiro, principalmente considerando o retorno em questão.

Yoshida vr

Qu’é ito? Qu’é ito?

Mas há mais questões relativamente ao lançamento deste periférico que me fazem duvidar da forma como ele vai ou não ter sucesso. Eu, tal como outros elementos da redacção do Rubber Chicken (até noutras ocasiões com outros jogos), tive oportunidade de experimentar o London Heist na Lisboa Games Week em Novembro, e o que fez que a experiência se destacasse de tudo o que experimentei até ao momento, não está relacionado com ter um ecrã esbarrado na minha vista, mas sim a integração dos controlos de movimento na equação: o facto de beneficiarmos de uma noção espacial faz com que a localização de determinados objectos no espaço se faça sentir perfeitamente natural e intuitiva. Na demo que experimentei encontrava-se um saco com munições à direita do banco onde estava sentado e a capacidade de conseguir utilizar essa informação a meu favor sem que tivesse de olhar directamente para o saco, foi o que fez a experiência subir mais um degrau. A experiência era fluída ao ponto de eu conseguir recarregar a arma sem desviar o olhar daquilo para que estava a disparar: bastou que, com a mão que não estava a utilizar, alcançasse o saco e depois levasse a munição até à arma. Mas este é o tipo de experiência que é inalcançável com o Dualshock 4. Restam-me dúvidas quanto às diversas formas que o PSVR poderá vir para retalho, mas se houverem jogos onde o Playstation Move seja verdadeiramente necessário para existir esse salto na experiência, são mais 30€ por cada comando (que, na altura da demo, enverguei dois) mais 60€ pela câmara da PlayStation 4, levando o price-tag da experiência para 520€. O Opel Corsa é 400€.

Errata: PlayStation VR necessita da câmara PlayStation 4 para poder funcionar, elevando o preço do headset para 460€ para quem não adquiriu a câmara.

move vr

Pew pew pew!!! Headshot on my wallet!

Mas outro dos pontos de relevância da realidade virtual, e aquilo que todos os VR headsets conseguem alcançar out of the box, é o espetáculo visual e as outras sensações que a visão consegue desbloquear em nós, seres humanos. Muitos de vocês, depois desta frase, já não conseguem tirar a palavra pornografia da cabeça. Bem, apesar de ser consensual que a pornografia vende, tenho quase toda a certeza do mundo (não deixa de ser uma opinião, obviamente falível) que esta não vai representar uma fatia significativa da justificação por trás da grande maioria das compras dos headsets VR. Nem deveria ser um ponto de discussão: o muito dinheiro que a pornografia gera está em pouco relacionado com o dinheiro que as pessoas atiram para ela, mas sim o dinheiro que é gerado pelos cliques. A pornografia é excelente para atrair e persuadir compra de produtos, mas conheço poucos dispostos a pagar uma subscrição de um euro por mês por conteúdo (mandei à toa para o ar, não tenho menor noção do preço destas subscrições), quanto mais justificar uma compra de um aparelho de várias centenas de euros só com essa justificação. E não vejo que persuasão poderá ser utilizada para vender esta tecnologia, nem para empresas que se estão tentar estabelecer no mercado (como a Oculus VR), quanto mais empresas já estabelecidas com anos de reputação.

Ainda assim a Sony estará ausente deste não-mercado enquanto não houver confirmação do funcionamento do PSVR em computadores de casa ou não houver software específico (para o fim aqui discutido) na PS4. Na decisão entre qual headset comprar on a budget, pornografia poderá ser um ponto significativo para algumas pessoas. Mas se estão on a budget é um ponto para não considerar, já que os únicos que à partida poderão reproduzir este tipo de conteúdo têm um preço mais elevado e exigem computadores caros. Como tudo isto é excessivamente caro, é de nicho.

vr ecchi

one day

O espetáculo visual a que me refiro tem sido o motivo para ter gerado cerca de 20 garrafões de 6 litros com baba. Neste momento há cerca de 230 contratos assinados para criação de conteúdo para o PSVR e pouco a pouco novos jogos são anunciados para o sistema, mas nem todos conseguiram agarrar a minha atenção. O anúncio de Rez ∞ no PlayStation Experience em 2015 fez-me querer voltar a jogar o original (e gerar este artigo) e muito experimentar esta nova versão. Este e Thumper (recentemente anunciado para o PSVR) são o tipo de jogos que morro de antecipação e o único motivo para a Realidade Virtual existir. Porém, não justifica uma compra de quatrocentos euros. Na realidade, para mim pouco o poderá justificar. Seria necessário o tipo de interesse que tenho em catálogos de consolas, ou seja, ter mesmo muitos jogos que me interessam e justifiquem o preço individual com o preço do PSVR abatido nos mesmos.

O Playstation VR (tal como o Oculus ou o Vive) era e continuará a ser só uma promessa. Mesmo depois de ser lançado não creio que haja nem a tecnologia necessária nem o dinheiro necessário para educar o consumidor que os jogos mudaram, porque a verdade não é essa. A questão aqui não é o preço nem os jogos, é a prematuridade da tecnologia envolvida, e no que toca a tecnologia, em pouco se equipara ao Opel Corsa do início do artigo: pode ser velho, estar num estado inadmissível, mas está lá para as curvas e para nos levar a sítios que sempre conhecemos ou até onde a gasolina nos levar, com o maior do conforto e rapidez. Na melhor das hipóteses o PSVR leva-nos ao chão da nossa sala de estar.

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O Frederico Lira a ser Frederico Lira na E3 de 2015