Eu já lhe detecto o funcionamento. Em ano de novo lançamento de um jogo da série principal de Pokémon (invariavelmente a surgir no último terço do ano com os olhos postos nas prendas de Natal), o ano abre com um spinoff para servir de aperitivo, e por criançada toda ansiosa. E por criançada leia-se trintões como eu e afins que querem conhecer uma nova geração com tanta expectativa como um boy à espera do seu tacho na Tutela.
Em muitos aspectos este 2016 está a ser uma repetição de 2013. No início do ano anúncio de uma nova geração (há três anos foi o meu apr de jogos favoritos, X e Y, e agora Sun e Moon), mas a abrir-lhes caminho mais uma iteração do crossover das poderosas criaturas da Game Freak com a emblemática série nipónica Mystery Dungeon. E a cumprir-se esta repetição de 2013 acredito que vou adorar Sun e Moon, porque à semelhança de Gates to Infinity, este Pokémon Super Mystery Dungeon aborreceu-me para além de ver o actual Presidente a falar.
Mais uma vez personificamos no corpo de um Pokémon escolhido no início do jogo através de um teste de personalidade. Daí somos transportados para um mundo habitado exclusivamente por Pokémon (diferente do mundo da série principal) em que estas criaturas são todas inteligentes e têm uma estrutura social organizada entre si. Conhecemos um Pokémon que será o nosso melhor amigo, que irá connosco para a escola, que aventurar-se-á por algumas alhadas (leia-se dungeons) do qual só nós poderemos salvá-los, para além de todos os clichés que compõem o enredo de um anime mais infantil, em que a amizade tem muito valor e tem mais força do que a Imunidade Parlamentar no Brasil.
A série Mystery Dungeon dispensa apresentações. Já algumas vezes falámos desta famosa série cujo habito na última década e meia é adicionar as suas mecânicas e componentes base a outras franquias. Ainda recentemente falámos desse casamento de sucesso entre Etrian Odissey e Mystery Dungeon, que nos trouxeram um dos mais difíceis dungeon crawlers do ano passado. E se é o desafio a jóia de MD, mais uma vez neste casamento com Pokémon isso é algo que está ausente.
De alguma forma estava a ser injusto no início do texto: este Super Mystery Dungeon é melhor executado do que o seu antecessor. Mas continua-se a perceber o público-alvo do jogo através da facilidade de todas as dungeons e do enredo que ainda que seja interessante, é bastante infantil. O número de Pokémon disponíveis aumentou bastante quando comparado com o anterior, sendo possível encontrar os 720 que constituem o actual Pokédex. As formas de os recrutar para a party deixaram de ser através da pura e simples aleatoriedade de Gates to Infinity para o cumprimento de missões de recrutamento. O que nos permite direccionar a nossa atenção para as side quests e não apenas esperar que um dado Pokémon decida juntar-se a nós.
A fina linha entre monotonia e a diversão é fina, e acima de tudo, subjectiva. Mystery Dungeon vive da repetição inerente ao próprio dungeon crawling, e este PSMD não é excepção. Mas sinto que a notória sensação de enfado se deve ao fraco desafio que o jogo constitui quando comparado com Etrian Odyssey MD por exemplo.
Pokémon Super Mystery Dungeon é um bom gateway game para o género para crianças ou jogadores mais casuais, que poderão usufruir da sua abordagem mais simplificada e mais suave, ou para quem necessita desesperadamente de ter um jogo novo onde, de alguma forma, possa recrutar todos os Pokémon. Para todos os outros ficam 2 conselhos para a 3DS: se querem um dungeon crawler difícil e estimulante optem por Etrian Odyssey MD, e se anseiam por Pokémon aguardem por Sun e Moon. Como eu estou a fazer.