aDOTA-me #5

Fresco, fresquinho, em plena hype (ou talvez não, porque este artigo deveria ter saído na semana passada, mas entretanto ficou de reserva porque o anúncio da Valve para apoiar Modders era mais digno de relevo), este custom game coloca frente a frente, e de forma muito surpreendente, que o seu título não deixaria prever, personagens de Bleach e One Piece. Com mais de 470 mil pessoas a efectuar o download e a experimentar o jogo, Bleach vs One Piece Reborn saltou para a lista de mods mais jogados da semana, com a promessa de uma arena sangrenta onde personagens de ambos os conhecidos Anime pintem as paredes com o sangue uns dos outros.

E terão sido os fãs desses Anime os primeiros a experimentar e a divulgar o modo, desenvolvido para Source 2, colocando-o no topo das preferências. O jogo conta com 29 personagens das séries que eu vou passar a enumerar. Só para que não pensem que estou a falar Aramaico e que encarnei um qualquer espírito, o que se segue são os nomes das personagens jogáveis: Shinobu, Ichigo, Enel, Ace, Mihawk, Orihime, Ishida, Yamamoto, Zaraki, Luffy, Zoro,Crocodile, Soifon, Bifcombatatafrita, Byakuya, Toshiro, Rukia, Bacalhaukeralhu, Hollow Ichigo, Lucci, Moria, Sanji, Usopp, Nami, Aokiji, Yoruichi, Kuma, Brook, Robin, Ikkaku e Tousen. É isto. Sou capaz de ter adicionado ali dois nomes vagamente relacionados. Os modelos usam uma base dos modelos e habilidades de Dota 2, com a modelação da personagem de Anime a ser como que “colada” por cima. E aqui notam-se ainda bastantes arestas a limar, sendo que, por vezes a nossa personagem aparece como o modelo da personagem no Dota 2 desprovido de qualquer skin ou arma.

Pikachu, escolho-te a ti!

Cada uma das personagens tem um punhado de habilidades que são adquiridas com o passar do tempo e a aquisição de níveis. Como num típico RPG, começamos relativamente fracos e vamos, com o decorrer do tempo, adquirindo habilidades mais poderosas e refazendo as já existentes em versões mais fortes das mesmas.

Mas o jogo encontra aqui algumas barreiras. Para começar, se não se está familiarizado com as mecânicas do Dota, não se consegue aproveitar o potencial dos personagens, uma vez que convém “farmar” algum dinheiro e experiência nos “creeps” NPC que se encontram espalhados pelo mapa. Ou seja, temos uma arena para andar aos pontapés nos outros morcões, mas no início temos que andar a bater em animaizinhos inocentes. Era evitável. Para complicar, eles vão nascendo e diferem entre si em força e resistência, pelo que é bem provável que da primeira vez que vocês forem meter o bedelho num ninho deles, saiam de lá com uma bofetada na cara, a bochecha a arder, a lágrima no olho e corram para a base. Mas, bem, esse dinheiro servirá para comprar itens de uma forma em tudo igual ao Dota 2. Botas, armadura, armas… tudo o que permita melhorar a nossa velocidade, ataque, resistência e regeneração. Percebe-se. Mas, para quem não está familiarizado com a gigantesca loja e capacidade de itemização no Dota 2, isto é um rochedo difícil de escalar. E não vai ser durante o jogo que a malta vai começar a ler as descrições de 200 itens diferentes, ?

Ocasionalmente, são disputados duelos, entre um número de jogadores das duas equipas, ficando os restantes apenas a observar. Francamente, não percebi o critério utilizado para seleccionar os jogadores que irão disputar o duelo ou o que se ganha com uma vitória neste. Depois do duelo, volta-se à arena, retoma-se o farm, as lutas e a compra de itens em preparação para novo duelo, e o ciclo recomeça. Com cada morte ganhamos medalhas que podemos utilizar para comprar livros que melhoram a nossa personagem, o que fará, naturalmente, que o jogador com mais farm e mortes seja o mais forte, o que vai originando um efeito snowball que depois se torna difícil de contrariar e que, por norma, segue até ao fim do jogo, quando são atingidas as mortes definidas como limite.

Raios te partam!

Bleach vs One Piece Reborn é um mod divertido. Tem potencial, sobretudo para quem gostar das séries de anime e conhecer bem o que dá para fazer com as suas personagens. Mas tem também algumas decisões questionáveis na sua concepção e vai ao Dota 2 buscar conceitos que poderiam ser contornados em prol de um jogo mais user-friendly, menos complexo para quem o vai jogar pela primeira vez. Alguns dos modelos estão muito pouco polidos, o que também não ajuda a quem acha que se come com os olhos. Vale a pena experimentar? Sim, mas não se perde nada em aguardar por novos desenvolvimentos que venham limar algumas das arestas existentes, sob pena de se sentenciar já como negativo um mod que até tem pernas para andar. Um conselho? Aguardem!