A máxima popular já dizia “Não há duas sem três” e a mestria musical-literária do Carlos Paião acabou por criar uma genial música com o seu habitual toque de humor inocente. Depois de um mês sem Caçadas Semanais, três numa só semana é obra. Depois de um artigo dedicado aos últimos lançamentos da Plug In Digital, e de um artigo dedicado a jogos com mecânicas simples e divertidas, fechamos esta semana com um segundo artigo sobre a AGM Playism, que tem feito um grande esforço para promover e disseminar o indie game development no Japão. Um mercado notoriamente profícuo o que nos leva a desenvolver o segundo artigo sobre esta pequena editora. O primeiro podem consultar aqui, para quem interessar.
Momodora Reverie Under the Moonlight
O quarto jogo da famosa série Momodora que apesar de ser publicada pela japonesa Playism foi feita originalmente por criadores lusófonos. O developer brasileiro conhecido como rdein continua por trás da criação de mais uma iteração da série. Podem fazer download gratuito dos primeiros dois jogos aqui, e o terceiro está disponível para compra também no Steam.
Este quarto Momodora, agora assinado pelo estúdio Bombservice e não apenas por rdein a nome individual é sem dúvida o jogo mais aprimorado dos quarto. As animações dos sprites em 16 bits estão num excelente patamar, demonstrando o que de melhor se faz no mercado indie em action platformers inspirados nos clássicos de Mega Drive e SNES.
Cenários detalhados e diversificados, Momodora Reverie Under the Moonlight apresenta uma dificuldade coincidente com os jogos da quarta geração de consolas, o que me levou a passar cada segmento com muito cuidado. E a morrer muitas vezes por erros parvos.
Momodora Reverie Under the Moonlight é um dos melhores action platformers retro a chegar ao PC nestes últimos meses, que não sendo um metroidvania per se, é um excelente exemplo de como um jogo clássico pode ter uma roupagem contemporânea e suceder.
Magic Potion Explorer
Ia dizer que era o pior jogo dos três, mas depois fiquei duas horas à frente do computador e essa ideia mudou…mais ou menos. Pelo nome assumi que estaria a preparar-me para uma espécie de Receteer ou um Adventure Bar Story mas não. Magic Potion Explorer nem é um clicker, é mais um time manager.
O enredo é simples: numa pequena loja de poções no meio da floresta vive uma jovem chamada Pastel. A necessidade de recolher poções levou-a a percorrer uma masmorra subterrânea de cem níveis, em que cada nível é (obviamente) mais difícil que o anterior.
O combate e o movimento são completamente automatizados. O único controlo que temos é a possibilidade de fazer level up às diversas poções com o dinheiro recolhido. As poções aumentam o HP de Pastel, o seu ataque, entre muitos outros upgrades que a vão tornando cada vez mais forte, no sistema habitual dos clickers com uma ligeira diferença: se os inimigos levarem o HP de Pastel até zero a run termina e temos de começar do início, mas com os upgrades já começados. A partir daí, e até ao nível da masmorra onde morremos a descida é acelerada para que não percamos muito tempo.
Magic Potion Explorer é isto, um quase não-jogo, que pega em sistemas de clickers sem precisarmos de clicar. E de alguma forma a sua acção foi quase hipnótica e dei por mim completamente imóvel à frente do ecrã, a agitar-me pelo música dançável chiptune enquanto ia fazendo upgrade a poções.
Só tem um ligeiro problema, no coopto geral: 9,99€ parece-me um valor exagerado para este quase-não-jogo.
Helen’s Mysterious Castle
Jogos feitos em RPG Maker e lançados no Steam têm sido uma quase torrente. Mas quantos destes é que soam verdadeiramente distintos de meros pastiches de jogos da SNES? Poucos. E quantos é que tentam criar uma boa oferta ao nível do preço de custo para os jogadores? Ainda menos. E é aí que entra este Helen’s Mysterious Castle, lançado no Steam há dias por 1,99€.
O enredo é cliché e previsível e tem (espantem-se) uma protagonista amnésica que não sabe o porquê de estar perdida num castelo flutuante. O seu irmão é a sua única companhia, mas a exploração dos labirintos que compõem o castelo são algo para Helen fazer sozinha.
A grande diferença deste Helen’s Mysterious Castle e outros jogos é o foco dado ao combate 1×1. Helen está sempre sozinha em cada combate contra os monstros que povoam o misterioso labirinto.
Um sistema de “tempo” define numericamente quando é que cada um dos personagens atacam, o que significa que grande parte da estratégia decorre entre medirmos quantas unidades de tempo cada um dos nossos ataques consome, mas que possamos atacar o maior número de vezes antes que os nossos adversários o façam.
O outro foco principal do jogo são as armas à nossa dispoisção, e cujo ataque tem consumos diferentes dessas mesmas unidades de tempo. As armas são tão importante em Helen’s Mysterious Castle que é nelas que distribuímos o nosso XP, e o level up é-lhes feito e não á protagonista.
Este é sem dúvida um dos JRPGs mais surpreendentes na qualidade/preço, e apresenta-se como uma das melhores ofertas de baixo custo que o Steam tem à disposição.