Post Scriptum #8

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Odin Sphere  desenvolvido pela VanillaWare, publicado pela ATLUS.
Apróx. 3,48 minutos de leitura calculados a 250 wpm com taxa de compreensão de 60%. Tempo recomendado de leitura: 6 minutos (tempo do autor durante a revisão).

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Se da última vez o meu post foi dedicado a um jogo que recebi juntamente com a minha consola quando a minha mente ainda habitava a cidade da inocência e ingenuidade, hoje escrevo sobre um jogo que adquiri há sensivelmente um ano, quando me apercebi a quantidade de jogos que me tinham passado ao lado na geração dourada. Comprei então uma nova consola slim como forma de desculpar o meu desleixo da altura, que na altura era inconsciente. E com ele, aconselhado por criaturas fantásticas que conheci a navegar na world wide web, o seguinte:

odinsph

A minha cópia de Odin Sphere

Muitos já estão familiarizados com o trabalho da VanillaWare, conhecido pela polémica que Dragon’s Crown gerou junto da comunidade feminista com o seu estilo artístico excêntrico e exuberante, ou pelo magnífico jogo de Wii que acabou portado para a PS Vita: Muramasa Rebirth. VanillaWare construiu, ao longo de muitos poucos anos um portefólio magnífico repleto de jogos com sistemas extremamente inovadores (talvez o melhor exemplo disso seja GrimGrimoire, um RTS sidescroller), e a sua execução exímia transparece pelo magnífico artstyle e caracterização das personagens. Em todos os jogos, rigorosamente todas as personagens têm igual nível de atenção ao detalhe. Talvez daí venha a origem do nome da equipa, adjectivando assim esta atenção e qualidade no seu trabalho como Vanilla.

Mas hoje o artigo é de Odin Sphere, jogo este que vai ser ‘relançado’ para a PlayStation 4 e PlayStation Vita na Europa algures durante o mês de Junho com o subtítulo de Lifthrasir (que tem sido promovido até à exaustão). Nós, cidadãos europeus, temos poucos motivos em adquirir Odin Sphere Lifthrasir além da acessibilidade a este belíssimo jogo: acessibilidade para o adquirir ou acessibilidade para o jogarjá que irá pela primeira vez para uma plataforma móvel. Já os outros continentes (JP e NA) não foram tão sortudos, já que o lançamento 10 meses mais cedo que na Europa forçaram o jogo a ocupar o seu lugar nas prateleiras com extensos tempos de loading e problemas de slowdown quando o ecrã está demasiado populado com inimigos.

Odin Sphere decorre no imaginário de uma criança chamada Alice, desencadeado por cinco livros no sótão de sua casa, lidos de forma sequencial na sua ordem bem fundada. Cada livro segue o percurso de uma personagem diferente (tornada principal para a narrativa do respectivo livro) dentro de uma mesma história. Todas as personagens estão munidas de um tipo de combate específico: cada uma tem um estilo diferente e controlam-se de formas diferentes. Obviamente que esta não é a única coisa que distingue cada personagem, já que a campanha de cada uma ajuda a compreender a história do jogo. Dizer que jogar o primeiro livro é esclarecedor dos eventos que tomaram lugar em Erion é completamente despropositado, porém, é inegável que o ritmo artificial imposto pelo início e fim de cada livro poderá levar à desmotivação do jogador com um backlog interessante.

odin sphere (3)

Alice in books

Mecanicamente trata-se de um Action RPG em arenas cilíndricas (ou seja, se continuarmos a andar para a direita, surgimos eventualmente do lado esquerdo) ligadas entre sí, onde cada uma delas representa um conjunto de inimigos específico com recompensa no final, recompensa essa determinada pelo nosso rank no final da combate. Esta topologia das arenas é compreensível, já que tanto o leveling system como a gestão dos nossos pontos de saúde está emaranhado num pequeno sistema de gestão de recursos: experiência adquire-se através dos consumíveis; Esses, por sua vez, têm de ser colhidos de plantas que são alimentadas automaticamente por drops de inimigos, mas essas plantas surgiram das sementes que também habitam o nosso inventário e foram por nós plantadas. Este processo que de forma invertida descrevi terá de ser utilizado a nosso favor em cada combate, já que sempre que mudamos de arena todos os arbustos se vão.

odins sphere (1)

mash-mash-mash-mash-mash-mash!!!!!!

Podemos também combinar itens para conceber poderosas poções, antídotos e até feitiços para, respectivamente, para recuperar a nossa saúde, condição e, no caso dos feitiços, atacar com fogo ou envenenar uma zona específica da arena de combate. Os mesmos drops que fazem as nossas árvores crescer podem também ser consumidos para utilizar poderosas skills específicas por cada personagem.

Talvez o facto de, mecanicamente, os inimigos não se distinguirem o suficiente torne o jogo repetitivo e extremamente button mashing, mas a sua elevada dependência do sistema anteriormente descrito faz com que se passe mais tempo no inventário a estudar qual a estratégia mais inteligente a executar do que propriamente a combater inimigos.

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A bruxa Velvet e o príncipe Cornelius.

Os ambientes são variados e os tipos de inimigos também. A banda sonora é incrível, se há coisas que me fazem ter um fraquinho pelo Japão esta é uma delas: nunca desiludem na banda sonora. Todo e cada cenário está extremamente bem caracterizado pelos elementos anteriores.

Odin Sphere é um jogo lindíssimo que vai fazer um grandioso retorno às consolas da presente geração no início deste verão. Certamente um dos jogos que mais gostei na PlayStation 2 e certamente um precursor de um género que há muito espero novos títulos. Se há jogo na PS2 que as pessoas ainda não falam suficiente e merece muito mais valor do que lhe é reconhecido é este, mas esperemos que isso esteja para mudar.