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Uncharted: Golden Abyss  desenvolvido pela BendStudios, publicado pela SCE.
Apróx. 2,6 minutos de leitura (250 wpm c/taxa de compreensão de 60%). Tempo recomendado a despender: 4 minutos (tempo do autor durante a revisão).

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Ia escrever um enorme artigo sobre como Uncharted: Golden Abyss (de 2011, para a PS Vita) falha redondamente em determinados aspectos quando comparado aos seus predecessores na PlayStation 3, até que li a análise massiva que o Miguel Tomar Nogueira fez na altura. Assim, vou só escrever um artigo e não um enorme artigo.

O meu problema neste momento é o sentimento de culpa por materializar uma crítica gravíssima a um jogo que habita numa consola que sempre precisou de mais jogos, que representa o trabalho incrível da Bend Studios de domínio da consola (tanto a nível de performance como de utilização das features em benefício do gameplay), mas simplesmente não consigo viver sem dizer isto publicamente. Porque é um erro gravíssimo e, para mim, simplesmente inadmissível.

Uncharted Golden Abyss Vita

Uma enorme peça daquilo que torna Uncharted especial dentro da sua quadratura para público generalista foi inteiramente descartada. Se o Miguel, em Março de 2012, disse que Uncharted: Golden Abyss era mais linear (de forma compreensível e devidamente usado a favor do jogo no desenvolver da narrativa) a mim faz-me espécie por isso não ser suficientemente óbvio durante o jogo. Deixem-me explicar:

Uncharted sempre foi o meu go-to para ligar a consola, bootar o disco, pegar no comando, desligar o cérebro e apreciar uma boa história ao estilo de Indiana Jones. A parte de desligar o cérebro só é possível devido à mestria da Naughty Dog nos saber encaminhar para os sítios correctos com as dicas adequadas: posicionamentos de câmara, geração de espaço negativo, coloração e textura, configuração de locais, são tudo tácticas utilizadas com frequência nestes jogos para informar o jogador para onde ir e o que fazer. Golden Abyss faz-me sentir como um asno numa repartição de finanças sem saber qual a senha retirar para comprar um jesuíta.

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Jesuíta: um pedaço de pastelaria que nunca vou compreender.

Nenhuma das técnicas que descrevi é computacionalmente dispendiosa, é simplesmente desleixo e falta de atenção ao detalhe. A quantidade de vezes que já me vi a saltar junto a paredes para ver se alguma coisa dá para subir foi enorme, enorme como o meu distanciamento da imersão daquele universo depois de me aperceber da figura de idiota que estou a fazer, a saltar contra paredes de pedra. E não é que o esteja a fazer de forma injustificada, em uma ou duas ocasiões do jogo acabei a escalar paredes que a nível de texturas eram mais lisas que a Mila Kunis (odeio este tipo de piadas, fiz pois foi o melhor que arranjei após 15 minutos a não querer desperdiçar o que me pareceu uma boa oportunidade).

Uncharted Golden Abyss

Onde eu quero chegar é: Uncharted: Golden Abyss tinha obrigação de ser perfeito, considerando a consola onde está (e o quanto ela precisava desse jogo perfeito, na altura) e o trabalho colossal por detrás da integração dos input da PlayStation Vita. E não o é por muito, muito pouco: juntamente com Tearaway, são os únicos jogos que conseguem tirar partido das funcionalidades da Vita e utiliza-las em benefício da jogabilidade, e a questão fulcral aqui é que funciona pois foi implementado com o requinte e classe necessários! Recalco a espetacularidade do sistema de mira apontado pelo Miguel no seu artigo, tal como as excelentes secções de rubbing (eu simplesmente não consigo dizê-lo sem sorrir levemente) ao longo da aventura. A nível de jogabilidade e controlo não há rigorosamente nada de errado, representa na perfeição as capacidades do sistema e a forma como os dois ecrãs tácteis conseguem ampliar a experiência de um jogo deste tipo, tipo de jogo nunca antes visto na Vita e tenho as minhas dúvidas se alguma vez sequer existiu na PSPDS ou 3DS. Falha depois em algumas pequenas coisas. O que é pena.

Ainda assim é um jogo incrível e recomenda-se, mesmo fazendo cinco aninhos desde o seu dia de lançamento no final deste ano. Perfeitamente actual e em nada envelhecido.