Dos tabuleiros para o ecrã II
O que esperar de alguém que de forma genial conseguiu adaptar Age of Empires III e Age of Mythology a jogo de tabuleiro? E que desenvolveu um jogo totalmente novo a partir do zero e que agora vê esse jogo traduzido de forma fiel a videojogo? E de quem é que falamos? Do histórico game designer Glenn Drover que se uniu à Slitherine para trazer o seu próximo boardgame para o mundo dos videojogos e do PC.
Eu sei que à partida isto parece uma boardvideogameception, em que Drover ficou conhecido por adaptar a boardgame séries de videojogos, e que agora os seus próprios boardgames estão a ser adaptados a videojogo. Uma pescadinha de rabo na boca dos videojogos e que demonstra que todo este universo em que nos movimentamos é na realidade um só, e em que as barreiras são de alguma forma auto-impostas.
Ontem falava de Last day of Old Earth e do facto de que em tudo o jogo parecia ter sido planeado para tabuleiro. Victory & Glory: Napoleon foi criado para ser um lançamento duplo, e para preencher o nicho de mercado dos jogos de estratégia por turnos ao estilo de Risk em videojogo e jogo de tabuleiro.
Ao contrário do que alguns jogadores possam esperar (e que de alguma forma é um pequeno turn off) as nossas opções são limitados no que concerne à escolha da nossa Nação. Nesta interpretação livre das Guerras Napoleónicas jogamos sempre com a França com o objectivo de conquistar toda a Europa (e arredores). Falo em interpretação porque Victory & Glory: Napoleon não quer de todo ser um simulador fidedigno das muitas batalhas que devastaram o território europeu no Séc. XIX, mas a História serve como ponto de partida onde quase todos os caminhos são possíveis, como se esta bifurcasse e se multiplicasse para quase infinitas possibilidades com um ponto constante em todas: a Inglaterra está em Guerra permanente connosco.
A diplomacia é um dos caminhos possíveis nas nossas intenções expansionistas pela Europa. É-nos possível forjar alianças com outros Impérios Europeus, e fazer uso dessas alianças para conseguir extender o nosso próprio Império. Utilizar o Império Otomano para desgastar a Rússia e depois desferir o coup-de-grâce, ou irromper pela Espanha em direcção a Portugal (como aconteceu verdadeiramente) são apenas algumas das hipóteses deste jogo que tem o mapa da Europa e o Norte de África como cenário.
À semelhança com a forma como a Guerra se desenvolveu no Séc. XIX, temos diversas unidades diferentes para o combate terrestre, como infantaria, cavalaria e artilharia, em paralelo com o combate naval que é outras das forças possíveis deste Victory & Glory: Napoleon.
Ainda que o jogo de tabuleiro tenha saído recentemente de uma campanha de sucesso de Kickstarter e que ainda demorará alguns meses a ser produzido e a chegar às lojas, Victory & Glory: Napoleon (a versão em videojogo presente no PC no Steam através da Slitherine) apresenta-se como um dos grandes jogos de estratégia militar e política deste ano. Mecanicamente excelente, ora não fosse uma obra de Drover, Victory & Glory tem-me mantido agarrado às Guerras Napoleónicas com um estranho apreço. As muitas cartas de evento que necessitam de algumas condições cumpridas ajudam-nos a aproximar a nossa estratégia de alguns acontecimentos reais, mas não nos limita e dá-nos muitas opções tácticas viáveis, fazendo da História apenas um ponto fixo nas muitas probabilidades de desfecho.
