Parece-me que esta é a semana dos crossovers de género. Depois de falar de Enter the Gungeon e dos múltiplos géneros que incorpora (ainda que sejam géneros contíguos) hoje falamos do projecto de sucesso do estúdio Free Range Games que chegou recentemente a Early Acess no Steam.
Labyrinth, como descrito de forma sucinta no título, é um RPG com cartas jogáveis. Imaginem o filho legítimo de uma noite tórrida de amor entre Magic the Gathering e o seu padrinho conceptual Dungeons & Dragons e esta é a melhor forma de o descrever. Ok, para os mais novos/menos instruídos substituam Magic the Gathering por Hearthstone e Dungeons & Dragons, com, sei lá, Heroes of Might and Magic (ao nível do combate) e conseguem facilmente imaginar do que se trata.
Labyrinth é um jogo por turnos em que todas as nossas acções dependem do baralho de cartas que possuímos. Cada carta é uma acção e temos um custo associado a cada uma delas, para além de um número limite de cartas que podemos ter na nossa mão. Ao contrário do que estamos habituados em jogos com um forte tom de Collectible Card Game, em Labyrinth controlamos uma party de 3 personagens, cada um com o seu baralho próprio com os seus poderes e habilidades. Aqui, dos 16 personagens planeados, cada disciplina é o equivalente às cores dos baralhos de cartas de Magic, com os seus benefícios, especificidades e fraquezas.
Este jogo exclusivamente multiplayer que funciona por assincronia, bebe inspiração em como muitos RPGs e RTSs competitivos no mercado mobile abordam a temática do confronto entre jogadores. Na prática é-nos permitido desenvolver um baralho defensivo contra o qual qualquer outro jogador poderá combater na tentativa de derrotar a nossa “dungeon”, ou seja, a forma como o conjunto de cartas que escolhemos conseguem (ou não) rebater a sua ofensiva. Se perdermos descemos no rank geral competitivo do jogo, e se ganharmos vamos subindo, o que nos dará acesso a recompensas cada vez mais interessantes.
Contrariando as economias presentes em Magic e Hearthstone, em que a Mana define como e quando podemos jogar determinada carta, em Labyrinth o método escolhido foi o de utilizar tempo para medir a utilização das nossas cartas. Temos uma série de fracções de tempo disponíveis, ticks, e é dentro dessa pool que são utilizadas as cartas.
A minha maior curiosidade para com Labyrinth é se ele será apelativo para fãs hardcore de CCGs. É que depois de algumas partidas deste jogo, sinto que apesar das cartas serem uma gigantesca componente do jogo, durante o combate sentimos que elas estão tão imersas nas mecânicas de estratégia por turnos que rapidamente nos esquecemos da prevalência delas. E também que dentro deste grande nicho que a Blizzard soube alargar (acredito eu) para além do da Wizards of the Coast existe uma grande diferença do tabuleiro quadriculado deste Labyrinth.
Um jogo que ficará em free to play no final do ano e que tenciona captar a atenção de jogadores de Hearthstone. Cá estaremos para perceber se o conseguirá.