Ou vá, sejamos mais rigorosos: dose dupla. Depois do artigo de há pouco sobre Battlefleet Gothic: Armada, é tempo de nos debruçarmos sobre dois jogos que ainda estão em Alpha mas que brevemente verão a luz do dia na sua forma final (e de repente o Cell do DBZ apareceu-me na cabeça). E o que é que estes dois jogos têm em comum? Não é difícil, são ambos jogos pertencentes ao universo multimilionário que pertence à Games Workshop: Warhammer 40K.
Não só de jogos vive a franquia Warhammer. Com o crescimento dos seus aficionados, também o seu lore se expandiu para além das barreiras dos jogos e das miniaturas, e uma série de livros de sucesso ajudaram a enriquecer um mundo tão vasto. É claro que a trilogia Eisenhorn do escritor Dan Abnet acabou por tornar-se uma das mais aclamadas, roubando a ribalta do universo literário para o ex-Inquisidor George Eisenhorn.
Ao contrário do que estamos habituados, Eisenhorn: XENOS não é um jogo de estratégia mas sim um jogo de acção na terceira pessoa, onde os combos (simples) são a tónica geral de todo o jogo. Os fãs do universo podem regozijar-se pelo facto de que neste jogo tão notoriamente cinematográfico, as falas do protagonista (quase todas retiradas dos livros de Abnet) são vocalizadas por Mark Strong, o actor que anteriormente deu a voz ao personagem Titus em Space Marines.
O combate, como referi, é bastante simples, em que os combos baseiam-se no timing com que clicamos no rato. Ao bom estilo de Devil May Cry e outros percursores do género, Eisenhorn está munido de armas corpo-a-corpo assim como armas à distância, que podemos ir trocando à medida das nossas necessidades.
O ambiente narrativo e cinematográfico são muito presentes no ritmo do próprio jogo, à medida que vamos desvendando o passado de Eisenhorn enquanto Inquisidor da Ordo Xenos, responsável por caças alienígenas.
Apesar de estar já muito perto do lançamento (e isso percebe-se no nível de afinação que o jogo já possui), continuo a estranhar em demasia a proximidade (não alterável) da câmara perante as costas do protagonista. É possível que esteja a ser picuinhas, mas foi o único ponto que senti desfavorável neste momento de edição Alpha. E deixou-me com uma tremenda vontade de ler os livros sobre o qual o jogo está baseado, tal é a sua capacidade de imersão narrativa.
Warhammer 40,000: Eternal Crusade
Surpresa número dois do dia: também Warhammer 40,000: Eternal Crusade, que se encontra hoje em Early Access no Steam pela mão da Bandai Namco não é um jogo de estratégia, mas um MMO shooter na terceira pessoa.
Temos em quase todos os jogos uma “mania de grandeza” que apenas nos sentimos bem se estivermos no controlo de um personagem primordial do enredo. Em Eternal Crusade o enredo e o protagonismo são inexistentes, e dão lugar apenas à não-individualidade de sermos meros soldados das quatro facções planeadas.
Neste momento é perfeitamente perceptível que o jogo ainda se encontra em Alpha. Ultrapassando os bugs, glitches e demais problemas de conexão, Eternal Crusade é um desafiante arena shooter onde vestimos a armadura de um Marine (neste momento apenas 2 facções estão disponíveis, aos quais os Orks e os Eldar juntar-se-ão em breve) e vamos tentar conquistar pontos-chave através da aniquilação dos soldados inimigos.
Imaginem uma espécie de CS num setting de Warhammer 40K, mas onde os ataques melee não são apenas ataques de oportunidade, mas sim parte integrante e viável de toda a acção. Cedo sentimos que por enveredarmos por um caminho/build de ranged attack que isso não nos torna automaticamente divinos perante os nossos opositores que decidiram enveredar pelo caminho do corpo-a-corpo. É no equilíbrio de ambas que reside o segredo do bom balanceamento de Eternal Crusade. In media res já dizia Horácio.
Eternal Crusade ainda está tão inacabado que nem um tutorial possui. A única maneira de percebermos como funciona é entrar directamente num lobby e ir para a frente de batalha. O que no meu caso (e no de muitos jogadores, creio) é sinónimo de “fazer figura de urso”, mas um urso armado até aos dentes e com um ar ainda mais ameaçador.
Depois de ver que existem jogadores com largas centenas de horas de jogo percebi rapidamente que existe uma comunidade forte que vai ajudando os devs a melhorarem de dia para a dia o que virá a ser Eternal Crusade. Afinal, é para isso que servem os Early Access não é?