Perdidos e Machados #13
Bons dias alunos, bem-vindos a mais uma aula de Perdidos e Machados.
Hoje vamos falar de um jogo acerca de uma das coisas que eu mais odeio na vida real, evito-a ao máximo como qualquer pessoa que me conhece sabe bem, mas às vezes temos que ceder a estes males para a educação e cultura geral.
Caro Professor Machado
Venho fazer-lhe um pedido muito importante. Eu tenho um filho na tenra idade dos 11 anos que adora jogos de corridas de carros, e carros no geral. Ele é fanático por Need For Speed, Gran Turismo e Mario Kart entre outros. Se tiver 4 rodas e motor os olhos dele brilham e ele vai logo lá.
Acho que ele herdou isto de mim para grande desagrado da mãe dele, mas que diz sempre que é melhor que motas. Quando o vejo jogar Need for Speed lembro-me de algo que jogava no inicio dos anos 90 em PC que era muito semelhante. Comprava um carro, peças, fazia apostas, tinha um aspecto rockabilly e os carros eram aqueles americanos tipo Corvettes e Mustangs.
Pode ajudar-me?
JMF de Lisboa
Carros…
Estranhamente já gostei de jogos de carros, mas isso era antes de eu conduzir a sério. Acho que era aquele fascínio de miúdo por algo que não estava ao meu alcance e era um símbolo de maioridade e independência. Mas agora já não, dos mais realistas aos mais arcade é raro um jogo de carros que me agrada, e conduzir a sério então…
Assim como outras aulas passadas, vou atacar já o assunto em questão pois estes foram dos meus favoritos quando eu estava a dar os meus primeiros passos no mundo dos videojogos. Digo jogos porque podes estar a referir-te ao Street Rod ou à sua sequela.
Street Rod era um jogo de corridas criado pela P.Z.Karen Co. Development Group e a Logical Design Works, distribuido pela California Dreams para DOS, Amiga e C64 em 1989.
O jogo passava-se em 1963, onde comprávamos um carro em segunda mão, e depois de o arranjar e afinar levávamos para um parque onde outros jovens organizavam corridas. De início só fazíamos as chamadas Drag Races, por quantias menores nas apostas, e depois fazíamos corridas de estrada para quantias maiores ou até para os carros dos derrotados.
Enquanto o jogo pode parecer básico e pouco emocionante nos dias de hoje para a maior parte dos jogadores, e não falando em termos gráficos, existiam vários factores que ainda hoje o tornam superior aos seus descendentes como Need For Speed. Pelo menos até ao Carbon que foi o último que joguei.
É inegável que em termos gráficos e de jogabilidade, os mais recentes são superiores, mas no que diz respeito à parte de corridas de carros e o seu tunning em geral, Street Rod permitia que o jogador ao comprar peças para o carro, fizesse a instalação das mesmas. Para colocar uma transmissão no motor, éramos obrigados a desaparafusar a antiga, e instalar a nova, que se tivéssemos feito um erro na compra podia não caber assim como outras peças. Até para colocar aqueles pneus de parede branca tínhamos que levantar o carro com um macaco ou chegar com uma chave de fendas ao motor para afinar o ralenti. Pormenor de classe era que precisávamos de meter gasolina no carro. É curioso como um jogo tão antigo consegue ser em vários aspectos mais realista que os actuais.
Olhando para trás, há várias coisas de mecânica que aprendi neste jogo…
Outro factor é que podíamos perder. Não só o carro mas também o jogo. Ao contrário de jogos mais recentes em que bater a 200km/h numa parede nem sequer risca a pintura, em Street Rod um acidente podia ser o final do jogo. Ou um recomeço. Dependendo da gravidade do mesmo podíamos ter que vender o carro para sucata ou só arranjar a chapa e peças. Mas se não tivéssemos dinheiro suficiente ou outros carros para o fazer… Game Over.
Em 1991 foi lançado a sequela que se passava uns anos mais à frente no verão de 1969.
O jogo era idêntico em quase tudo apenas tinha carros mais recentes, mais opções para peças e afinações e uma pista semelhante à do aqueduto no filme “Grease”. Street Rod 2 tinha também o modo de jogo de corridas mais original que já vi. Quarta-feira era “Grudge Night” nessa noite podíamos pagar para fazer um record na pista de drag race com o intuito de bater os nossos adversários mas nunca bater esse record. Ou seja fazíamos a pista em 32.6 segundos, todas as outras nesse dia éramos obrigados a ganhar num tempo máximo de 32.5 segundos. É contra-intuitivo e genialmente diabólico.
O objectivo de Street Rod e Street Rod 2 era sempre o mesmo. Ir subindo a qualidade e velocidade dos nossos carros e ganhar estatuto até poder enfrentar o Rei. Ganhando ficávamos com o Titulo, Carro e Namorada dele, porque as mulheres nesta altura aparentemente eram um extra como estofos em pele.
Caro JMF, espero que tenha sido útil, e se quiseres mostrar esta pérola ao teu miúdo, vai aqui. É grátis.
Até para a semana.