Super Smash Bros. é para todos os efeitos um jogo de nicho. E ainda que esse nicho represente muitos milhões de jogadores em todo o mundo, a procura que esta série e que o género tem acaba mesmo por ser contra-corrente a um mundo cada vez mais impessoal e distante. Super Smash, e todos os seus “filhos”, são jogos que querem fazer os grupos de amigos regressar ao sofá, lado-a-lado, num espírito de festa e diversão conjunta.

ABRACA – Imagic Games, do estúdio Ankama Games vem sorver desta influência, avisando com letras garrafais que o jogo só funciona com a componente multijogador local e que cada um precisa do seu próprio comando para jogar. E este aviso é um gigantesco lembrete e um “manter-se fora” para todos aqueles que se habituaram a jogar sozinhos com outros, com a evolução do mercado dos videojogos e da tecnologia a facilitar cada vez mais este afastamento físico entre amigos.

azfot0pb11omabewxdfb

Um arena brawler simpático, mecanicamente construído para potenciar um frenetismo que mais cedo ou mais tarde transformar-se-á em salutares picardias entre amigos, encontrões no sofá e alguns palavrões carinhosamente disparados para o ar. Em suma, a essência de qualquer sessão de jogatana de Super Smash Bros. o patriarca do género que há anos mistura gargalhadas e ofensas, numa combinação divertida que nos regressa aos tempos de infância e de jogar jogos com os amigos.
abraca-imagic-games-pc-review-6

Mas a grande diferenciação deste ABRACA – Imagic Games é a linguagem artística fortíssima que o estúdio Ankama Games nos tem habituado desde os seus anteriores lançamentos. Linhas fortes a demarcar personagens e cenários, cores vibrantes que exaltam um ambiente quase pueril e de diversão ingénua, em linha contínua com outras obras do mesmo estúdio, que ainda que tenha direcções artísticas ligeiramente distintas manteve sempre um aprimorado valor visual dos seus jogos. Falamos obviamente do genial Fly’N, de Dofus, de WAKFU e de Krosmaster Arena. Mas falamos especialmente de KWAAN, um jogo lançado apenas há alguns meses.

Este presente ano de 2016 está a ser um tremendo ano para as criações dos franceses da Ankama. No início do ano lançaram também KWAAN, um mundo persistente multijogador com elementos de cooperação, que necessita de todos os jogadores presentes nesse servidor para manter viva a árvore que é o núcleo de todo o mundo. Falhada a manutenção de Kwaan (a árvore), o servidor reverterá para o seu estado inicial e todo o progresso feito pelo conjunto de jogadores é eliminado.

Kwaan-2

Um conceito curioso, que coloca a tónica da entreajuda virtual e persistente por um bem comum, e onde a cooperação extirpa por completo qualquer abordagem competitiva. E mais uma vez com o visual fortíssimo que o grupo Ankama nos habituou, que apesar do estilo retro o mundo estético de KWAAN é artisticamente dos mais interessantes que temos visto.

kwaan-cd-key-3199-2

O estúdio Ankama Games representa na perfeição este espírito quase missionário que sentimos aqui pelo Rubber em relação ao mercado indie. Um estúdio artística e conceptualmente tão forte e que é tão menosprezado por grande parte da crítica. E sem dúvida que é um estúdio cujos lançamentos merecem toda a atenção, e que de lançamento para lançamento vão surpreendendo pelo sua solidez. Há muito que os grandes estúdios teriam a aprender com indies como estes.