Não é uma gralha no título, juro. Nem é um lapsus linguae desta notória obsessão que tenho e que temos pelos mercado independente. É antes um sinal de viragem muito positivo da Excalibur Publishing que está a reinvestir no mercado indie os diversos sucessos comerciais que tem tido.

Shoppe Keep (3)

Todos sabemos que apesar da crítica não valorizar (e muitas vezes com toda a razão) muitos dos jogos que levam o sufixo Simulator no título, que existe um tremendo público permeável ao género, especialmente na Europa (mais especificamente na Alemanha), e que o retorno financeiro tem sido bastante grande para as editoras que apostam neste nicho.

É curioso percebermos que a Excalibur, a mais famosa destas editoras, tem conduzido o seu catálogo noutra direcção, para jogos independentes que tem cativado o público, tal como Perfect Universe e Circuit Breakers. Mas do catálogo recente da editora britânica há mesmo 2 jogos que merecem o nosso destaque e que têm arrebatado a crítica e os jogadores, demonstrando que há mais lâmina nesta Excalibur do que aquela que se esconde na pedra. Um deles é o Jalopy do qual falámos anteriormente e o outro é este Shoppe Keep.

Shoppe Keep (2)

Shoppe Keep tem um conceito curioso que não é inovador. A ideia de gerirmos uma loja para aventureiros num setting de fantasia medieval já tinha sido explorado recentemente pelo genial Recettear. Mas o problema de Shoppe Keep para o meu descanso é que por ser um simulador sem capacidade de avançar no tempo, acabou por consumir-me quase uma noite de sono em que me perdi por completo a gerir a minha pequena loja medieval.

O arranque do jogo é lento, em que temos pouco dinheiro para adquirir mercadoria para por à venda. As pequenas margens de lucro obrigam-nos a passar os primeiros dias de jogo a contar trocos, com uma loja enorme com apenas 2 ou 3 itens à venda. A minha primeira solução foi aumentar as margens de lucro, na esperança que a venda de um artigo único me permitisse reinvestir nos próximos e assim sucessivamente. E foi isso que aconteceu, ainda que alguns clientes irados pelo preço acabassem por atirar-me os produtos ao chão como sinal de revolta.

Shoppe Keep (1)

Algo curioso que vamos sentindo é que estes aventureiros que vêm à nossa loja e que procuram itens específicos vão ficando equipados de dia-para-dia com o equipamento que nos compram. E tarda pouco até que eles próprios tragam itens para venda das aventuras que têm feito, das quests terminadas e das dungeons visitadas.

Shoppe Keep gira em torno de reinvestir constantemente o nosso lucro como forma de aumentarmos o nosso negócio para termos a maior diversidade de produtos possível, o que inclui ir tendo disponível alguns itens de qualidade superior.

Como em qualquer loja, os ladrões são um problema. Mas a lex talionis silenciosa que circunda o jogo permite-nos caçar e matar qualquer larápio, ficando o seu cadáver ou as suas cinzas no chão para o próximo malandro que tenha o arrojo de vir assaltar a nossa loja.

Shoppe Keep (4)

Shoppe Keep está em Early Access e é um dos maiores sifões de tempo em que caí nos últimos tempos. Apesar de estar a adorar o jogo há dois problemas graves que sinto. O primeiro é a notória falta de direcção artística, em que todo o jogo parece estar a ser feito com placeholders gratuitos do Unity (o que provavelmente é verdade). O outro problema reside na impossibilidade (até agora) de acelerar o tempo, fazendo com que passemos largos minutos a olhar para o nada em alturas em que o fluxo de clientes é mais baixo.

Ainda assim, Shoppe Keep dentro da sua premissa é dos simuladores mais interessantes que tenho jogado e uma brava aposta da Excalibur que se dirige cada vez mais para publicar indie devs desconhecidos. E que lançarão o meu jogo mais esperado de há vários anos: Riot.