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As três pessoas que lêem os meus artigos (mais especificamente as duas que lêem os artigos sobre o mercado indie) sabem que sou um fã de 2D fighting games, paixão esta que é fruto de ter passado algum tempo em cafés e salas de arcada de Lisboa com o meu primo mais velho que me passou este gosto como uma herança trans-geracional que se entrega como um legado a cumprir.

Depois de um grande período de verdadeiro marasmo para o género, consequência da péssima direcção que este sub-mercado dos videojogos tomou com o apogeu do 3D, os fighting games acabaram por ficar circunscritos a algumas séries que permaneceram estóicas perante as alterações do mercado dos videojogos. Falamos é claro de séries de renome como Street Fighter, Mortal Kombat, Tekken e também BlazBlue e Guilty Gear. Mas está a acontecer uma tendência que tem transbordado do Japão (local onde os fighting games nunca perderam fulgor) para o Ocidente.

Nos últimos meses temos tentado escrever sobre quase todos os jogos que respondem a este nicho, e é com alegria que vemos os fighting games (especialmente os nipónicos que chegam ao território europeu) a manterem a tradição dos jogos 2D com animações em sprite.

Mas a grande particularidade dos três jogos dos quais falamos hoje é que são todos fighting games com elencos quase exclusivamente… femininos. Demonstrando um nicho dentro do nicho que são os 2D fighting games com animações tradicionais.

Nitroplus Blasterz: Heroines Infinite Duel

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Lançado para PS4, após alguma investigação lá percebi de onde provinham as lutadoras de Nitroplus Blasterz. Todas elas são protagonistas (ou apenas personagens) de visual novels da editora Nitro+, e que tentou fazer a ponte entre o estilo narrativo interactivo e os fighting games. Não é inovador, mas parece ser uma tremenda tendência no mercado japonês.

Nitroplus Blasterz (para abreviar) é um típico jogo de arcadas, e senti muito rapidamente que a rapidez com que mergulhei no jogo era quase imediata. As animações estão espantosas e entre a versão de PS3 e PS4 que foram lançadas em simultâneo, é óbvio que o poderio técnico da nova consola da Sony consegue entregar a melhor experiência visual a todos os sprites brilhantemente animados.

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Fiquei apenas com um pequeno problema: acho que o jogo é excessivamente destinado a quem conhece os jogos pertencentes à Nitro+. Não posso dizer que as personagens sejam assim tão distinguíveis que consiga diferenciá-las de qualquer outro jogo dos quais vou falar hoje. O que faz deste Nitroplus Blasterz um nicho dentro do nicho de um nicho.

Koihime Enbu

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Koihime Enbu é, desta lista, o jogo que possui o conceito mais interessante. O que quer dizer pouco, é mais ou menos o equivalente a ver filmes para adultos pela qualidade narrativa. Quem diz que joga 2D fighting games pela história está a mentir, e também dirá que nunca frequentou sites que terminam em “nhub.com”.

Mas como dizia, Koihime Enbu propõe-se a recontar a história clássica chinesa dos Três Reinos como um fighting game, em que cada personagem é a representação (transgénero quase sempre) de uma figura histórica, e possui um elenco inteiramente feminino.

Visualmente excelente ao nível das animações (como é apanágio de todos os jogos deste artigo), Koihime Enbu poderá ser aquele que esteticamente se demarca dos restantes pelas decisões de traço que tomaram no desenho das personagens.

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Apesar de ter um tom perfeitamente familiar e arcade, Koihime Enbu define as suas mecânicas em torno de contra-ataques e de ataques/combos mais simplificados do que muitos dos seus congéneres.

É curioso que à semelhança de muitos outros jogos dos quais temos falado (como o próximo de que vamos falar), o mercado PC e o Steam parecem estar permeáveis a localizações de doujin fighting games (jogos auto-publicados, usualmente com referências a material de manga ou anime das mesmas editoras).

Melty Blood Actress Again Current Code

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Melty Blood Actress Again Current Code (daqui para a frente apenas Melty Blood, para facilitar) é um 2D fighting game de 1998 lançado em 2016, ou pelo menos parece-o. E dizer que é um fighting game de 1998 é um tremendo elogio, porque ao primeiro impacto senti que estava a jogar King of Fighters 98 em toda a sua glória pixelizada.

Melty Blood é, e será sempre intemporal dentro do micro-nicho onde surge, com a sua pixel art a remeter para a nostalgia do género, os tempos áureos das arcadas pré-massificação do 3D em que as sprites animadas pixelizadas eram verdadeiros festivais visuais de animação.

Melty Blood dá finalmente o salto das arcadas para o PC, depois de alguns anos a fazer uma ponte entre as visual novels e os fighting games (facto que é notório nos avatares dos personagens fora do combate).

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À semelhança com todos os restantes jogos deste artigo, é mais um caso em que é extremamente simples e familiar começar a jogar. Mas dominar todas as nuances dos seus combos, os seus modos e ataques especiais é coisa que requer muito tempo.