Mais difícil do que jogar algo que não tem nada a ver connosco, que é totalmente adverso ao nosso ser é escrever sobre esse algo. É um bocado como explicar um pormenor linguístico a alguém que não é um falante nativo.
“Porque se diz isto e não aquilo?”
“Ah… porque é assim, de outra maneira soa mal, não é natural.”
E escrever sobre alguns jogos para mim não é natural, começo logo de pé atrás, não parto da mesma linha que os outros, neste caso em específico, são jogos em que correr é o ponto base. E aqui corre-se mais que na maratona de Londres, Roma e Boston juntas*.
Portantos… a caçada semanal vai centrar-se em três jogos multiplayer em que velocidade e jogo de pés são chave. Às vezes literal outras figurativamente.
Move or Die da Those Awesome Guys é um party-game para quatro jogadores online ou local. Não há muito que se possa dizer sobre ele, não é excessivamente original ou inovador, não tem particularidades que o coloquem acima de outros do mesmo estilo. Mas também não é mau.
Numa arena em ecrã fixo, 4 jogadores (ou até 1 só contra a AI) combatem em vários minijogos que vão variando os parâmetros aproximadamente a cada 20 segundos. Jogos podem ir desde os clássicos capture the flag (em variantes infindáveis) a bomba relógio ou até a peças que colapsam, contudo há uma diferença. O nosso avatar não pode parar. Pode estar como um miúdo a aguentar para ir à casa de banho no mesmo lugar mas não se pode parar ou o avatar perde HP e consequentemente o jogo.
Tirando esse pormenor não há mais nada a apontar em Move or Die, apesar de ter um número quase infindável de níveis e jogos, Steam workshop e level editor, missões diárias e outros extras, não acredito que valha os €14.99 que pedem por ele. Para quem gosta do estilo talvez. Para um jogador a que não é apreciador eu diria que é um jogo de bundle.
Já Hover Cubes: Arena também tem corrida, e também se perde por ficar parado, mas é uma derrota diferente. É mais… porque caímos num abismo. Há locais em que é seguro estar parado, simplesmente corremos um grande risco de perder. Parafraseando o filhote de uma amiga: Não faz mal perder, umas vezes ganha-se outras perde-se. Ganharem a mim é que não!
Saído da Gametology e publicado pela Deck 13, Hover Cubes: Arena é uma coisa uma bocado complicada de rotular. Acho que lhe posso chamar um First-Person Runner Competitivo, ou FPR para abreviar. O objectivo dele é simples, correr até uma meta o mais rápido possível, e podemos fazê-lo a sós para treinar ou contra até 3 adversários ao mesmo tempo. É quase como se fosse um desporto, mas electrónico, espera lá, acho que acabei de inventar algo, vou chamar-lhe… Desporto Electrónico!
A funcionalidade de correr de A a B seria simples se pudéssemos ir pela lei da física e seguir em linha recta cobrindo assim a distância mais curta, mas aqui isso não acontece.
Respeitando ou não essas leis conseguimos um jogo mais completo, mais complexo dentro da sua simplicidade. O facto de podermos utilizar mais caminhos, tentar descobrir atalhos, ou até treinar até conhecer todos os cantos daqueles blocos flutuantes à exaustão, conseguem que eu ache Hover Cubes: Arena um jogo mais desejável que o seu companheiro neste texto. Pode não ter tantas opções ou até uma vertente “social” de jogos tão grande como o outro, mas muito mais facilmente comprava este pelos €14.99 que o outro.
E depois temos a combinação dos dois.
Mais ou menos… em Glitchrunners.
Puramente para jogar em multiplayer local, Glitchrunners é um party game onde o objectivo maior é ganhar. Não importa como, temos que correr e derrotar os nossos quatro adversários de qualquer maneira. Empurrando-os para baixo de pontes, contra postes ou até pegando em carros e atirando-os contra eles.
O ambiente 3D (apesar de ser em terceira pessoa por ser um multiplayer local) é semelhante a HoverCubes: Arena, mas mais caótico e confuso. Enquanto as missões, parametros alteráveis e a batalha corporal vai ser mais semelhante com Move or Die. Sem grandes aspectos que o destaquem a não ser a sua acção frenética, Glitchrunners consegue entregar alguma diversão pelos seus €12.99 mas apenas se tivermos os amigos e comandos suficientes para aproveitar ao máximo. A falha de multiplayer online neste caso é grande. Eu tenho os comandos, faltam-me é amigos… Portanto é uma opção para quem quiser um hibrido nessas condições.
E já que falei em leis da termodinâmica, deixo-vos com a segunda:
*(Pontos de respeito extra para quem calculou logo a distância 126.585 km)