Ontem tive esta frase por duas vezes a ser proferida em chat por um amigo. O trocadilho com a banda urgia, e aproveitei que mais uma Caçada Semanal se avizinhava para o fazer.

Acho que nunca cheguei a ouvir dEUS no final dos anos 1990, quando a banda belga tinha sucesso e era frequentemente cabeça de cartaz de festivais de rock. Nessa altura ouvia essencialmente power, heavy e black metal, o que deixava pouca vontade para ouvir indie rock. Pensando bem, a procura de um vídeo para ilustrar o trocadilho pode ser a primeira vez que os ouvi. Quem diria?

Acho que é melhor enterrar a piada com uma música que eu conheça e faça sentido aqui.

Usualmente tentamos encontrar um fio-condutor entre os diversos jogos indie que trazemos para a Caçada Semanal, mas desta vez, a par de mais uma ou duas vezes em que isto aconteceu, não existe nada em comum com estes jogos. Mergulhemos então em detalhe nos três indies que trazemos.

N.E.R.O. Nothing Ever Remains Obscure

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Um jogo narrativo, um quase walking simulator como muitos gostam de apelidar, que aposta quase todas as suas fichas no storytelling e que vai aos poucos compondo mecânicas e interactividade para justificar a sua existência.

N.E.R.O. é sem dúvida um jogo mediano, mas as linhas de narração e a narração em si são possivelmente os melhores momentos do jogo. Há algo nas frases proferidas (e como o são) que ajudam a criar o ambiente de mistério e obscuridade poética que é o tom que os autores quiseram imprimir ao jogo.

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O que acaba por aborrecer um pouco são os puzzles fracos e que estão notoriamente cá colocados para tentar alargar ligeiramente o espectro de público do jogo, e que pouco ou nada contribuem para o pendor narrativo que quer passar. Aliás, parece-me até que a decisão de nos forçarem a passar por puzzles tão elementares que são quase intelectualmente ofensivos, prejudicam mais a história que N.E.R.O. quis contar do que os autores previram.

The Detail

O mercado das visual novels é erroneamente assumido como um quase exclusivo nipónico. Mas a realidade é que o crescente número de localizações na Europa e nos EUA, mais a abordagem curiosa e próxima ao género dos jogos da Telltale trouxe uma nova visão e uma nova vontade sobre o género.

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The Detail é uma visual novel episódico que acabou de lançar o terceiro e último episódio da sua primeira temporada, à medida que o clima noir e adulto do enredo se vai adensando.

Ao longo dos três episódios vamos seguindo as pisadas de Reggie, um polícia amargo e esgotado numa cidade moderna norte-americana, e que pelo meio da investigação sobre uma série de assassinatos relacionados com uma gangue, acaba por tropeçar numa série de dilemas éticos e morais e arcar com as consequências das suas escolhas.

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Mas o melhor? Apesar do jogo ser silencioso, é a alta carga de graphic novel que compõe na perfeição a jogabilidade de The Detail, como se fossemos lendo uma banda-desenhada noir e fossemos decidindo para onde deverá o protagonista deslocar-se.

Com um preço convidativo, The Detail encerra agora a primeira Temporada com um preço convidativo e tornar o tom do enredo cada vez mais negro e mais direccionado para um público mais adulto, neste episódio curiosamente intitulado Devil is in the Details.

CTU: Counter Terrorism Unit

Continuando na temática policial, chegou-nos esta semana mais uma tentativa do mercado indie de reproduzir o sucesso do magnânimo SWAT 4, como aconteceu com Takedown: Red Sabre e outros FPS tácticos.

No presente momento CTU: Counter Terrorism Unit contém uma série de bugs e crashes que nos impedem de usufruir do jogo no seu máximo potencial, o que é uma tremenda oportunidade perdida.

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A abordagem não poderia ser mais distinta da grande maioria dos FPS que têm enchido o mercado, e que apresentam o nosso protagonista como um super-soldado capaz de tomar de assalto exércitos inteiros sozinho, numa grande inspiração no espírito cheio de testosterona do Rambo.

Cada acção e cada decisão em CTU precisa de ser brutalmente pensada, entre decidir se alvejamos os terroristas ou se tentamos que eles se rendam um a um, são tudo decisões que poderão trazer consequências para o resto da missão.

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Com a ansiedade por um quinto jogo da série SWAT, é natural que as expectativas de que CTU seja um grande jogo sejam demasiado pesados. Porque CTU ainda não é a esperada sequela, e muito graças aos óbvios problemas técnicos que possui.