Carros… Aquele objecto que me separa a opinião, cria uma clivagem no meu ser. Enquanto por um lado detesto conduzir (na maior parte das situações) por outro tenho uma admiração pelo objecto em si, tanto a nível mecânico como a nível estético o carro muitas vezes é uma obra de arte, nem sempre pelas mesmas razões mas há carros que simplesmente adoro.

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Dito isto, já há muito tempo que me deixei de jogos de carros. Numa fase gostei mais dos arcade, noutra os mais realistas, nunca deixei de gostar de Mario Kart. E talvez seja por isso que fiquei muito surpreendido com Table Top Racing: World Tour (TTR).

Praticamente todos nós brincámos com carrinhos, os meus sobrinhos brincam com eles, e os nossos pais possivelmente também, em ferro, borracha, alumínio, PVC ou outro material, de várias marcas desde “caixa de fósforos” a “micro máquinas”, e é certinho como uma Ivete Sangalo num Rock in Rio que em alguma altura da nossa vida fizemos em algum local da nossa casa uma pista para os nossos carros, com canetas, réguas e tudo o que apanhávamos à mão. É precisamente isso que é a Playrise Digital Ltd. tenta recriar em TTR. Aqueles dias e tardes em que aos nossos olhos aqueles carrinhos não estavam a percorrer a carpete da sala, estavam na secção mais dura do Paris-Dakar ou Les Mans.

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Table Top Racing: World Tour não consegue ser totalmente bem-sucedido na sua demanda. É um jogo mais que aceitável, mas tem os seus pontos negativos que o impedem de ser bem melhor que é.

No campo negativo está a falta de física, mesmo das leis da física. Tudo bem que nestes jogos não podemos exigir um nível de realismo extremo, mas muitas vezes a física é inconstante, uma rampa pode lançar-nos a uma distância gigantesca quando passamos lá a meia velocidade, e na volta seguinte a todo o gás saltamos metade disso. O controlo do carro às vezes é inconstante também mas nunca deixa de ser dirigível. Acima de tudo acho que tem um número de pistas muito limitado. 5 cenários com 4 pistas cada um, que são nada mais do que variações da primeira, podem tornar o jogo aborrecido ao fim de um tempo.

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Contudo, os tipos de corrida diferentes conseguem ser superiores a isso. Além de ter modos Multiplayer online, tem um modo de campeonato com várias corridas e níveis de dificuldade. E corridas missão que variam com o tempo. Os modos de corrida vão de time trial a elimination, de corrida de combate (à lá Mario Kart) ao meu favorito de corrida clássica sem power ups, não há ajudas, ganha o melhor piloto.

Um ponto forte e fraco de TTR são os carros. Podiam ser mais do que os 12 apenas, (há um DLC pago para mais 4 e provavelmente haverá mais no futuro) mas a maneira como foram adaptados de carros reais é fantástica como podem ver. Contudo, gostava de ver mais opções de customização nas pinturas.

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É simples, é básico, é cómico. Qualquer jogador, mais ou menos experiente consegue aprender em duas a três corridas e divertir-se a partir daí. Curiosamente apesar das suas falhas, consegue algo (assim como Mario Kart) que mais nenhum Gran Turismo ou Forza são capazes: forçar-me a andar às voltas em busca daquela volta perfeita, aquela sem falhas em que todas as curvas são negociadas de forma exímia. Quando isso acontecer, largo o comando.

Dito isto, Table Top Racing: World Tour vale os 19.99€? Talvez, para quem gosta deste estilo de racer, se tivesse mais carros e mais pistas sem dúvida, mas assim, e por mais que goste de jogar, é-me difícil dizer que sim.