É como se Optimus Prime tivesse feito sweet, sweet love com um Terminator T1000 sem a cobertura em chicha do Schwarzenegger. O filho, ainda bebé, seria este R.A.T. Pro S que é, embora não pareça, um rato. Não um rato do género do Ratatouille, mas um rato gaming. Bem sei, acham que estou a gozar. “Como é que aquilo pode ser um rato?!” Mas é. E um bom rato, diga-se! Vem bem embrulhado numa caixa de dimensões reduzidas mas robusta, mostrando apenas o rato e escondendo um pequeno livro de instruções e autocolantes (não são selos. a cola é amarga, com um travo de flores e frutos vermelhos).

Duplo clique no olho esquerdo

A Mad Catz colocou neste Pro S um bom sensor de 5000 dpi, pincelou-o com muitas opções de customização e montou a estrutura com peças de Meccano. O design futurista é pouco convencional e parece desconfortável ou pouco adequado ao formato da mão. Desenganem-se. E, embora salvaguarde desde já que um rato é um dos interfaces mais pessoais, a verdade é que estamos perante um rato bastante ergonómico, não obstante destinar-se exclusivamente a destros. O formato do rato encaixa de forma quase perfeita na mão, com pormenores brilhantes que, por aqui, não se viram noutros ratos. Falo especificamente do apoio para o polegar e de uma barra para manter o indicador no botão esquerdo do rato. E se a barra para o indicador é jeitosinha, acomodando o dedo para que não saia do botão nem com movimentos mais vigorosos, o apoio para o polegar (que até nem é coisa que fique particularmente bonita, de um ponto de vista estético) é a característica mais marcante dos muitos ratos que me foram passando pelas mãos (literalmente) ao longo dos anos. E é tão simples! É apenas uma plataforma horizontal, que serve de apoio ao dedo sem o forçar numa posição e que o impede de roçar no tapete quando movimentamos o rato. Simples. E é uma das coisas que sinto falta quando pego noutros ratos, depois de usar este Pro S.

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O design pouco ortodoxo também permite uma base de apoio ampla para os “pés” em teflon do rato e isto, aliado ao facto de se tratar de um rato extremamente leve (77 g… really?!), faz com que ele deslize extraordinariamente bem nas superfícies testadas. O apoio palmar é ajustável, sendo possível tornar o rato um pouco maior e, inclusivamente, ajustar a inclinação da palma da mão. Continua a ser, no entanto, um rato pequeno o que, para um gajo graúdo como eu exige alguma adaptação nem sempre agradável. Fica um apontamento negativo para a colocação do botão “Back” que obriga a uma flexão grande do polegar, pelo menos para uma mão do tamanho da minha, e é aqui que a crítica entra no campo da subjectividade. Costumo dizer que um rato tem que se sentir na mão. Não se compra por ser bonito, ou porque leram uma crítica fabulosa no espampanante site do Rubber Chicken. Peguem nele, pousem lá a mão, dêem umas clicadelas, uns deslizanços, sintam o rato. E, no meu caso, aquele botão teria que estar quase 1 cm à frente para o movimento do dedo para lá clicar ser “natural”.

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Claro que podemos sempre contornar a questão. Afinal, há três botões na zona do polegar (Forward, Back e um “fine aim”, utilizado para reduzir drasticamente a sensibilidade, quando queremos sacar aquele tiro de precisão com uma sniper) mas são, todos eles, parametrizáveis. No total são oito, os botões que podemos configurar livremente, sendo que ainda podemos escolher e personalizar três perfis distintos. Creio que algures vem com um café também. E um clip, e um canivete suíço.

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Em termos de materiais, embora seja leve e de  aparência frágil, o rato mostrou-se resistente a alguns testes mais violentos que lhe fiz. O plástico tem um revestimento a fazer lembrar a borracha, que lhe confere boa aderência e proporciona um conforto que, só de olhar para o rato, seria difícil adivinhar. O cabo com revestimento em tecido é resistente e longo quanto baste. A cor, amarelo fluorescente é que seria dispensável, mas combina bem com o estilo estético do equipamento em tons de preto e amarelo.

Quanto ao que interessa, verdadeiramente, o rato não falha. Não claudica. Não treme. Não ginga. Excelente sensor, excelente estabilidade e velocidade de resposta. Há, como disse, inúmeras capacidades de personalização, mas ligá-lo, escolher um dos presets de DPI e começar a jogar é perfeitamente viável. Ao fim de meia dúzia de cliques adaptamo-nos ao rato e os testes foram mais do que satisfatórios em RTS, MOBA e FPS… Não tirei particular partido do botão predefinido como fine-aim, porque, como sniper, sou uma excelente publicidade à Multiópticas. Mais tarde, troquei as definições desse botão para uma outra funcionalidade, neste caso, para usar as voice coms em alguns jogos. Há o detalhe de essas configurações serem armazenadas no rato e não localmente no computador, por isso, posso ligar o aparelho a qualquer outro PC e continuo a ter o “meu” rato e o “meu” ambiente. E, claro, há extra Style Points para se levar um rato com este aspecto para uma LAN, pelo que isto é conveniente. Não é inédito, claro, mas é inegavelmente bom.

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Em suma, é um rato que não será para todos os gostos ou bolsos, certamente. Mas com uma qualidade irrepreensível e com um design que, gostos à parte, anda perto disso!

Este periférico foi disponibilizado a título de empréstimo para análise pela FraggerZstuff.